sexta-feira, 29 de julho de 2011

CHICO, ZORBA E AS PONTES DE MADISON


Por José Farid Zaine

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Chico Buarque está apaixonado! Sorte nossa: o momento dele faz nascer a costumeira poesia nas letras de suas músicas...seu novo CD traz provas incontestáveis disso. Ele confessa: “meu tempo é curto, o tempo dela sobra. Me cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”...a música é “Essa Pequena”, em que ele canta o amor de um homem mais velho por uma mulher bem mais nova. Diz que não sabe quanto vai durar “essa novela”, mas está pronto para curtir “cada segundo que se esvai”...É lindo! É Chico, mais uma vez, inundando a MPB com seus versos que celebram o amor, em qualquer momento da vida. Ele já foi responsável por tantas canções de amor antológicas que, para fazer justiça à sua obra, não dá para citar pouca coisa. Lembro-me então de uma das minhas favoritas, “As Vitrines”, a que tem uma das mais lindas letras já escritas em toda a história da música popular brasileira, e termina com o amante apaixonado, que pode apenas, de longe, ver passar o seu amor, sem ser notado: “passas em exposição, passas sem ver teu vigia, catando a poesia que entornas no chão”...bonito demais.

O que tem a ver as canções de amor de Chico Buarque com o CineArt desta semana? Explico: eu estava conferindo a programação da Secretaria da Cultura para os próximos dias, recheada de atrações de todos os tipos, com um destaque para o cinema brasileiro: nos dias 1º e 2 de agosto, segunda e terça próximas, ao lado do Gigantão, lá na Cecap, será apresentado ao público o projeto “Energia em Cena”, patrocinado pela Elektro, com filmes brasileiros de graça para o público, os grandes sucessos “Se eu Fosse Você 1 e 2”, e os infantis “Eu e Meu Guarda-Chuva” e “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes”... ouvia o CD do Chico, e me deparei com um grande espetáculo de teatro que receberemos no dia 4, próxima quinta-feira: “As Pontes de Madison”, um belíssimo drama romântico sobre o amor de duas pessoas adultas, num momento da vida em que viver tórridas paixões poderia parecer apenas coisa de ficção...a ligação com a música que estava ouvindo foi imediata, pois tanto ela como a peça tratam do assunto com igual delicadeza, com poesia e emoção. Aí meu cérebro fez o inevitável “link” com o filme de mesmo nome, estrelado por Meryl Streep e Clint Eastwood, dirigido por ele.

Eis aí a minha recomendação da semana: ver ou rever “As Pontes de Madison”, em DVD ou Blu-Ray, e depois ir conferir a peça no Teatro Vitória. Ninguém pense que ver o filme antes estraga o prazer de ver a peça. Eu mesmo havia visto pelo menos três vezes o filme, e assisti com enorme prazer à montagem teatral com Marcos Caruso e Jussara Freire. O casal que estará em Limeira é composto por Flávio Galvão e Mayara Magri, igualmente ótimo.

A história revela um caso de amor entre Francesca Johnson (Meryl Streep), uma dona de casa, e um fotógrafo da National Geografic (Clint Eastwood). A pacata vida de Francesca será sacudida por um amor profundo e por um intenso relacionamento de apenas alguns dias entre os dois, durante uma viagem da família. A revelação do affair virá apenas depois da morte dela, através de cartas deixadas aos filhos.

“The Bridges of Madison County” é o título original deste romântico filme de 1995, que deu outra indicação ao Oscar à sempre magnífica Meryl. O par com Eastwood resulta perfeito, e é impossível não se emocionar.

E Zorba? Bem, nesta semana que passou, marcada pela avalanche de notícias sobre a morte precoce de Amy Winehouse, o cinema perdeu também o diretor grego Michael Cacoyannis, criador de um dos mais belos filmes de todos os tempos, e que projetou o cinema da Grécia por todo o mundo. Trata-se de “Zorba, o Grego”, obra-prima de 1964 filmada em preto e branco, aliás com uma fotografia esplêndida, estrelada por Anthony Quinn no melhor momento de sua carreira. É sempre um grande prazer rever “Zorba”, com a antológica trilha sonora que também fez enorme sucesso. No elenco, Alan Bates brilha ao lado das excepcionais atrizes Irene Papas e Lila Kédrova, esta vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante. Cacoyannis morreu na segunda-feira, dia 25, em Atenas, aos 89 anos. Rever “Zorba, o Grego”, em sua homenagem, é também um excelente programa. Então, estamos combinados: fim de semana com sessões domésticas de “As Pontes de Madison” e “Zorba, o Grego”, segunda e terça cinema de graça com sucessos do cinema brasileiro no Gigantão, e dia 4, todos ao teatro Vitória, quando a adaptação de “As Pontes de Madison” chegará ao nosso palco principal...e enquanto tudo isso acontece, que a trilha sonora da semana seja o novo CD de Chico Buarque de Hollanda, com a prova de que a melhor receita para se viver bem , é nunca deixar de amar!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

HARRY POTTER ENVELHECE...DORIAN GRAY, NÃO!


Por José Farid Zaine

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Os cinemas estão abarrotados com o lançamento, na semana passada, de “Harry Potter e as Relíquias da Morte, Parte 2”. O longa, último da série,que vem batendo sucessivos recordes de bilheteria em todo o mundo, já se transformou na maior abertura de todos os tempos, e corre para ser uma das maiores rendas da história. As aventuras do bruxinho vivido por Daniel Hadcliff estão entre os dos maiores achados do cinema puramente destinado ao divertimento.


A cinessérie tem seguidores, não fãs, como foi o caso de “Star Wars”. O que levou multidões a desejarem ver tão rapidamente o desenrolar da trama que acompanham desde 2001, quando o pequeno mágico era um garotinho? Será que o público está sofrendo com uma sensação de perda, de abandono, agora que a série acabou? Ou havia um desejo oculto de preservação da imagem de Harry, como se assim a própria pessoa permanecesse jovem para sempre? Mas é inexorável: até Harry Potter envelhece, até Daniel Hadcliff . Só Dorian Gray é que não...Exatamente: enquanto as últimas peripécias e malabarismos acontecem em Hogwarts, e inundam a tela grande, chega às locadoras o filme de Oliver Parker, “O Retrato de Dorian Gray”, inspirado no célebre romance de Oscar Wilde. Aí sim a juventude é o dom a ser preservado, porque ela encerra a beleza. A obra de Wilde é profunda na discussão da arte, da moral, com seu texto belo e dramático em que a sugestão é muito mais sutil do que a ação escancarada. O filme de Parker é estrelado por Ben Barnes, ele mesmo, o Príncipe Caspian das “Crônicas de Narnia” e pelo vencedor do Oscar deste ano, Colin Firth, ator de primeiríssima classe, vindo de sucessivos sucessos de crítica por suas interpretações estudadas, todas produto do tempero equilibrado entre talento e técnica.


Barnes é Dorian Gray, que vende a alma ao diabo para permanecer eternamente jovem, enquanto o seu retrato, pintado por um artista fascinado por sua beleza (interpretado por Ben Chaplin), envelhece e vai assumindo as marcas da vida corrupta e devassa do modelo. O jovem ator Ben Barnes se esforça, mas nem sempre consegue dar a intensidade necessária a uma personagem tão conhecida como Dorian Gray. Sua imaturidade artística fica evidente.


A magnífica ideia, que no livro é tratada com a elegância do texto admirável de Wilde, no filme descamba para o terror explícito, algumas vezes grosseiro. Efeitos especiais atualíssimos remetem aos filmes dedicados a jovens que gostam de aventuras escandalosas, onde o sangue jorrando é elemento indispensável. Uma “climatização” à antiga, contudo, faz lembrar os velhos filmes de terror da Hammer, produtora inglesa que se notabilizou no mundo por seus filmes desse gênero. Aliás, a Hammer, que teve seu auge nos anos 1950 aos 1970, retorna agora com remakes de seus maiores sucessos.


O Retrato de Dorian Gray” tem a seu favor um tratamento plástico esmerado, com cenários e figurinos muito bons, além da ótima direção de arte. Esta também derrapa em alguns pontos, como o da criação de uma Londres lúgubre, escura e decadente, para combinar com as andanças, digamos, nada ortodoxas do jovem Dorian, quando mergulha num mundo onde o que vale é o prazer imediato, mesmo que esse custe a destruição de vidas. Para Dorian Gray qualquer horror será cometido em nome da manutenção do seu segredo, o da permanência da beleza e da juventude. Oliver Parker parece não querer nada com a sutileza do texto original, e carrega nas tintas de um sexo sempre associado à sujeira e à tragédia. Sabe-se o inferno que Oscar Wilde teve de viver, por conta de sua homossexualidade. No romance há insinuações do relacionamento de Dorian com o pintor, mas no filme o diretor quis torná-las explícitas.

Por basear-se numa história que se desenrola em torno de um quadro, o filme de Oliver é bastante pictórico. Muitas cenas são tão bonitas como uma bela tela.


O paralelo entre Harry Potter e Dorian Gray, pela coincidência dos lançamentos, vem dos sentimentos que tive em relação aos dois: num deles a sensação da perda, do fim de uma etapa da vida, da inexorabilidade que é aceita...no outro, a repulsa ao tempo e às transformações que ele provoca.


As dicas da semana então ficam para “Harry Potter e as Relíquias da Morte, Parte 2”, dirigido por David Yates, nos cinemas, e “O Retrato de Dorian Gray”, nas locadoras. “O Tempo não Para”, cantava Cazuza, e com essa verdade vamos nos deparar sempre, e tanto o bruxinho de J.K.Rowling quanto o eterno dândi de Oscar Wilde estão aí para reforçar essa lembrança.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O GRANDE DIRK BOGARDE

Por José Farid Zaine

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Boa notícia para os cinéfilos: em setembro deve chegar às locadoras o DVD do filme “Meu Passado Me Condena” (Victim), de 1961, com Dirk Bogarde. Ele foi exibido em junho no TCM, canal pago que exibe clássicos do cinema, numa semana dedicada à diversidade sexual, aliás o que o GNT também fez. No TCM, a programação especial foi colocada num programa chamado “Orgulho e Preconceito”. O espaço dado a um filme como “Meu Passado Me Condena” é louvável, pois além de ser uma obra forte, vigorosa, é também um exemplo de coragem: na Inglaterra do início dos anos 1960 o homossexualismo era considerado crime. Tratar, portanto, do tema, pela primeira vez explicitamente, indicava alto grau de ousadia, um tapa na cara da hipocrisia. Somente seis anos mais tarde, em 67, seria abolida a retrógrada lei britânica, num tempo em que começava a explodir a filosofia “paz, amor e música”, universalizada por Woodstock pouco depois, consagrada pela liberação dos costumes e pelo amor livre cantado pelos hippies, principalmente nos EUA.


Quem não viu ainda “Meu Passado Me Condena”, filmado em branco e preto, terá a chance de conferir um dos momentos mais importantes da carreira do grande ator inglês Dirk Bogarde, ele próprio muito corajoso na época, por conta de sua homossexualidade, não se importando de se expor num papel assim, nem de ameaçar uma carreira que poderia, confortavelmente, ser a de um belo galã hollywoodiano. Bogarde preferiu manter suas convicções, fortalecendo, com muitos de seus filmes, uma filmografia invejável, pelo alto grau de qualidade das obras que estrelou. Entre elas está um dos mais belos, profundos e apaixonantes filmes de todos os tempos, a obra-prima “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti, baseada em outra obra-prima da literatura universal, o romance homônimo de Thomas Mann. Impossível uma pessoa dizer que conhece cinema, se não viu “Morte em Veneza”. Aqui, Bogarde dá vida ao músico Gustav Von Aschenbach (no livro um escritor), numa Veneza assolada pela peste, atormentado por suas lembranças e pelos sentimentos despertados pela beleza de um adolescente. A interpretação de Dirk Bogarde é um marco no cinema. Mas há outros grandes momentos seus que merecem ser vistos e revistos. Que tal, da mesma forma que sugeri uma “Mostra Hitchcock” ou uma “Semana Woody Allen” em sua casa, montar agora uma “Mostra Dirk Bogarde”?


Podem começar, então, a prestar atenção à programação do TCM, e esperar a reprise de “Meu Passado Me Condena”, ou aguardar seu lançamento em breve nas locadoras e sites de vendas. “Victim”, como é chamado no original, tem Sylvia Syms no elenco e é dirigido por Basil Dearden.


Além de “Morte em Veneza”, outro ponto alto da filmografia de Visconti é “Os Deus Malditos”, também estrelado por Bogarde, com Ingrid Thulin e outro preferido do diretor, o ator Helmut Berger, astro de “Ludwig”, o terceiro da mais célebre trilogia do genial cineasta italiano.


Somente essas grandes obras-primas justificariam toda uma carreira. Mas Dirk Bogarde estrelaria ainda um magnífico suspense, “Todas as Noites às Nove” (Our Mother´s house”, de 1977), um dos meus favoritos do gênero, dirigido por Jack Clayton, que já havia dado ao mundo uma outra obra-prima inquestionável, “Os Inocentes”, com Deborah Kerr, em 1961, baseado no livro “A Outra Volta do Parafuso”, de Henry James.


Um filme que eu adoraria ver na TV aberta ou paga, em DVD ou qualquer mídia, é outro estrelado por Bogarde: “O Vento Não Sabe Ler” (The Wind Cannot Reed), melodrama de Ralph Thomas, em que ele vive um romance com Yoko Tani, a atriz japonesa que ficou famosa internacionalmente. Quem tiver notícia desse filme, avise-me, por favor...ele não pode faltar à minha “Mostra Dirk Bogarde”. Nessa mostra outro filme que deve estar presente é “Sonho de Amor” (Song without End), a biografia do grande pianista e compositor húngaro Franz Lizst, concentrada na sua tumultuada relação amorosa com duas mulheres, interpretadas por Genevieve Page e Capucine.


E há ainda “Darling – A Que Amou Demais”, “Uma Ponte Longe Demais” e “Na Glória, a Amargura” (I Could Go On Singing), de 1963, dirigido por Ronald Neame e em que ele contracena com Judy Garland! Este filme marcaria a história do cinema para sempre, por ser um reflexo da atormentada vida de Judy e seu último trabalho no cinema.


Dirk Bogarde nasceu em Londres em 1921 e aí morreu em 1999, deixando sua marca numa memorável filmografia, que hoje temos a feliz chance de ver e rever, a partir do lançamento de “Meu Passado Me Condena”, ótimo por si só, mas também por chamar a atenção para a carreira de um dos maiores atores do cinema inglês de todos os tempos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

JULHO COM GLAMOUR E AVENTURAS REQUENTADAS


Por José Farid Zaine
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O cinema continua sendo uma das melhores e mais baratas opções de lazer, cultura, entretenimento... Desde seus primórdios, qualquer novidade tecnológica que surja parece determinar o seu desaparecimento. A mais radical foi a popularização da TV nos anos 1950, quando o cinema vivia seu auge. “A TV vai matar o cinema”, diziam. Mas o que se viu foi o fortalecimento da indústria cinematográfica, que não apenas cresceu, como soube se utilizar das novas conquistas. Sempre, portanto, quando surgem períodos de férias escolares, as distribuidoras se armam para colocar seus principais lançamentos de apelo popular nessa época.
Na nossa região, não são apenas os “blockbusters” em cartaz que chamam a atenção. Ontem começou o Festival de Cinema de Paulínia, um megaevento que agora reúne, além dos filmes concorrentes e atividades paralelas correlatas, shows com grandes nomes da música brasileira. E como estamos muito próximos, a pouco mais de 30 minutos da nossa vizinha, melhor colocar esse importante e glamuroso festival na nossa agenda.

Ontem na abertura, foi exibido “Corações Sujos”, de Vicente Amorim. Na sequência virão, entre os selecionados:

Hoje: destaque para o documentário “Uma Longa Viagem”, de Lúcia Murat, e o longa de ficção “O Palhaço”, dirigido por Selton Mello.

Amanhã: atenção para “Rock Brasília – Era de Ouro”, de Vladimir Carvalho, e “Meu País”, de André Ristum.

Domingo: “A Cidade Imã”, de Ronaldo German”, documentário, e outro longa de ficção, “Onde Está a Felicidade”, de Carlos Alberto Riccelli.

Segunda, 11 : “Ibitipoca, dobra pra lá”, de Felipe Scaldini, e “Os 3”, de Nando Olival.

Terça, 12 : “Ela Sonhou Que eu Morri”, de Maíra Bühler e Matias Mariani, e “Trabalhar Ca nsa”, de Juliana Rojas e Marco Dutra.

Quarta, 13 – “A Margem do Xingu – Vozes Não Consideradas”, de Damiá Puig, e “Febre do Rato”, de Cláudio Assis.

Quinta, 14 – Encerramento com o longa de Marcos Paulo, “Assalto ao Banco Central”.

O primeiro dos indicados é sempre um documentário e o segundo, um longa de ficção. Há ainda os curtas regionais e nacionais, os debates e encontros, tudo no próprio Theatro Municipal de Paulínia, com entrada franca. Somente para a abertura e encerramento são necessários os convites distribuídos pela organização.

...E para quem não quer saber das novidades do cinema nacional em um dos mais concorridos festivais da atualidade, as salas exibidoras da região continuam com as atrações próprias das férias, a maioria delas continuações:

“X-Men: Primeira Classe”: Bem , quando uma história se esgota, nada como voltar ao seu princípio, no estilo “foi assim que tudo começou”. Mas aqui funciona muito bem, e o filme, onde se conhece a origem da guerra entre Magneto e os X-Men, os mutantes, é muito bom, com ótimos efeitos e uma dramática sequência inicial que já vale o filme todo.

“Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” : Aqui a franquia desandou. Saudado como uma das melhores e mais divertidas aventuras surgidas no cinema recente, o quarto filme da série é o pior de todos. É sempre bom ver Johnny Depp e seu já antológico Capitão Jack Sparrow, agora na companhia de Penélope Cruz, mas não dá pra engolir uma sucessão de chatices que torna o filme enfadonho, aborrecido e sem graça.

Outra continuação é “Carros 2”, animação que vem arrecadando milhões de dólares mundo afora, como era de se esperar, mas que não chega aos pés do extraordinário “Rio”, enorme sucesso que logo arrasará nas locadoras.

Na onda de sequências há ainda “Kung Fu Panda 2” e, para os adultos, “Se Beber Não Case! Parte 2”, para quem se atrever a suportar um festival de tolices e piadas grosseiras.

Como novidade temos a estreia esperada de “Transformers: O Lado Oculto da Lua”, cujo trailer vem sendo exibido há meses, estrelado por aquele chatíssimo Shia LaBeouf, o mesmo que fez “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, falou mal do filme e tem sido atacado pelo ícone Harrison Ford...

E por último, para completar, invadiram as telas seis pinguins, os parceiros de Jim Carrey em sua nova comédia, “Os Pinguins do Papai”. O ator esteve no Brasil nos últimos dias divulgando o filme. Quem viu suas entrevistas, já pode imaginar as caras e caretas que o comediante vai exibir no longa, mais um típico divertimento para as férias de inverno.

Portanto, julho recheado de opções, do glamour de um festival de cinema bem ao lado de nossa casa, às novidades infanto-juvenis e às indefectíveis aventuras requentadas! Haja pipoca...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

UMA CASA SEM LUZ E BRILHO NAS PRATELEIRAS



Por José Farid Zaine

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Muitos filmes que marcaram o Oscar 2011 já estão nas prateleiras das locadoras. Cada vez mais cedo, os filmes chegam ao DVD e Blu-Ray, satisfazendo aos que preferem a sala de estar de sua casa ao compartilhamento do escurinho nos cinemas...Aliás, as salas exibidoras estão mais sofisticadas, mais bem equipadas e buscando atrativos para “fisgar” o espectador. Salas com projeção e som ruins vão ficando, com muita justiça, condenadas ao esvaziamento. É o que merecem as empresas que não investem no melhoramento de suas salas, principalmente em cidades onde não há concorrência. Bom para quem pode viajar e escolher onde ver, com a qualidade que o cinema hoje oferece, os lançamentos mais recentes. Em Limeira, infelizmente nem o 3D, que já não é mais novidade, chegou ainda. Esperava-se que isso acontecesse no início do ano, mas o incidente no Shopping, com o desabamento do teto da Praça de Alimentação, com certeza atrapalhou o andamento da chegada dessa tecnologia que ganhou notoriedade, principalmente pelo já longínquo lançamento de “Avatar”. Mas vamos às indicações da semana.


Estreou no Brasil na sexta passada o filme uruguaio “A Casa” (La Casa Muda), terror de baixíssimo orçamento, que remete – em termos de produção - ao sucesso e à fama instantânea de “A Bruxa de Blair”. “A Casa”, dirigido por Gustavo Hernandez, tem seus méritos, mas é preciso conhecer sua história: o filme foi feito em uma só locação,num só plano-sequência, numa casa abandonada, e a iluminação foi inteiramente feita com a luz da lanterna carregada pela protagonista durante os quase 80 minutos de duração. Isso posto, compreende-se a escuridão em que se desenvolve a trama, toda passada no interior de uma casa deteriorada, com janelas trancadas e lacradas, onde não entra a luz do dia, e onde a noite, logicamente, é mais escura, já que não há eletricidade. O roteiro foi baseado num fato verídico acontecido no Uruguai, nos anos 1940, em que dois homens aparecem assassinados numa casa, com os corpos mutilados e com fotos de uma Polaroide ao lado deles. No filme, a personagem Laura e seu pai chegam com o proprietário a essa casa que deverão limpar e cujos arredores deverão ser capinados. A primeira noite no lugar, entretanto, trará momentos de terror e angústia. Há sequências com certa densidade, que carregam no suspense e na dramática situação da protagonista. As reviravoltas do enredo, contudo, não satisfazem, e sempre fica no ar a sensação de que algo não foi revelado ou, melhor dizendo, não foi suficientemente mostrado. O que era para ser o grande trunfo do filme, acaba também sendo seu maior problema. De qualquer maneira, não dá para ignorar um lançamento desses. Cinéfilos, confiram, principalmente para tentar compreender como um filme desses foi parar em Cannes, na seleção oficial.


E para quem perdeu os vencedores do Oscar, eles agora estão nas prateleiras das locadoras. Boa chance para conferir porque nosso quase totalmente brasileiro “Lixo Extraordinário” perdeu para “Trabalho Interno”( Inside Job) na categoria Documentário. Os dois foram lançados. “Trabalho Interno”, dirigido por Charles Ferguson e narrado por Matt Damon, é mais pesadão, mas vai fundo na questão da crise financeira mundial de 2008, no Brasil – ainda bem – chamada de “marolinha”. O verdadeiro tsunami financeiro arrasou economias mundo afora, colocando em risco o equilíbrio universal. Não é fácil compreender os intrincados mecanismos que colocaram no mesmo saco banqueiros, políticos e acadêmicos. Ferguson teve coragem para cutucar, sem medo, todos eles. Mas “Trabalho Interno” deixa a incômoda sensação de que tudo, a qualquer momento, possa fazer com que o cenário mude novamente, e para pior...Não estaríamos vendo na Grécia e Portugal, só para citar dois países europeus, novos protagonistas de algo parecido com “A Crise – O Retorno”? Tomara que não.


Bom, a comparação é inevitável, e como fanáticos torcedores pelo que é nosso – ou quase – vamos achar que “Lixo Extraordinário”, o documentário sobre o artista plástico brasileiro Vik Muniz e seu contato com os catadores de lixo do maior aterro sanitário da América do Sul, no Rio de Janeiro, é melhor e deveria ter ganho. É só alugar os dois, curtir e tirar conclusões.


Mas as prateleiras, em termos de Oscar 2011, estão bem generosas. Quem não viu nos cinemas, pode ir correndo alugar “Cisne Negro”, o filme de Darren Aronofsky que deu o Oscar de melhor atriz para Natalie Portman, com a atormentada e maravilhosa música de Tchaikovsky e sua sequência final operística. Não, “Cisne Negro” não ganhou a estatueta de melhor filme, mas dá para comparar vendo o vencedor. Opa, na verdade há “O Vencedor”, que também não foi escolhido melhor filme, mas levou os prêmios de ator e atriz coadjuvantes ( Christian Bale e Melissa Leo). Para não fazer confusão, recomendo então, “o ganhador”, que foi o belo e britânico (com as qualidades e os defeitos que esse adjetivo prevê) “O Discurso do Rei”, que deu ao seu protagonista, Colin Firth, talvez o Oscar mais merecido de 2011.


Bom, temos lançamentos para satisfazer a todos: tanto a quem busca o terror de uma casa sem nenhuma luz, indo ao cinema, quanto os que preferem o brilho dos astros e estrelas adormecidos nas caixinhas de DVDs e Blu-Rays, para acordá-los em sua casa, iluminando a tela da TV.