sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quem vai ganhar o Oscar 2012?

Por José Farid Zaine

farid.cultura@uol.com.br

Twitter: @faridzaine

Facebook: Farid Zaine



Chegamos enfim à semana mais aguardada pelo mundo inteiro, quando se fala em cinema. O maior, mais influente e fascinante prêmio do universo da sétima arte será entregue, em sua edição de número 84, neste domingo, em Los Angeles, no agora chamado “ex- Teatro Kodak”, pois o espaço não terá mais o nome Kodak por conta de uma pendenga judicial, que não vale discutir neste espaço.


Para Farid, o melhor filme será O ARTISTA.


Vi muita, muita coisa nas últimas semanas, ente pre-estreias, estreias e DVDs. Há excelentes filmes na safra deste ano, grandes nomes consagrados, gente que está despontando agora, coisas que não podiam ser indicadas, atores e atrizes esnobados pela Academia...enfim, tudo o que marca a entrega do Oscar todos os anos.


Vamos agora aos meus palpites:


MELHOR FILME

A categoria principal traz ótimos filmes como “O Artista”, “A Invenção de Hugo Cabret”, “Os Descendentes”, “A Árvore da Vida” e “Meia-Noite em Paris”. A lista poderia parar por aí, se ainda valesse a regra de dois anos atrás, quando eram 5 os finalistas. A Academia mudou o número para dez, e agora impôs novas regras, o que fez com que este ano fossem 9 os indicados. Agora o número pode variar de 5 a 10, pois somente os filmes que atingirem 5% dos votos dos membros da Academia para o primeiro colocado de cada lista, estarão entre os indicados...


Meu favorito: O ARTISTA, a bela homenagem de Michel Hazanavicius ao cinema americano, através de um filme sem diálogos e em preto e branco.


Segunda opção: o drama familiar americano “Os Descendentes”, de Alexander Payne.


MELHOR DIRETOR

Os 5 são magníficos e são os diretores dos meus filmes favoritos. Martin Scorsese é sempre garantia de um grande filme, e “A Invenção de Hugo Cabret” não foge à regra. Optando pelo 3D, Scorsese fez também sua declaração de amor ao cinema, homenageando os primórdios dessa arte, com as obras de Georges Mèliés como nunca foram vistas antes. Contudo, a originalidade, a criatividade e a emoção colocadas em “O Artista”, revelam ao mundo um talentoso diretor de grande futuro.


Meu favorito: Michel Hazanavivius, por “O Artista”.


Segunda opção: Martin Scorsese, “A Invenção de Hugo Cabret”


MELHOR ATOR

Entre o sorriso encantador de Jean Dujardin, a marca de “O Artista”, fico com a melhor interpretação da carreira de George Clooney, como o pai de família que precisa enfrentar uma reviravolta nas relações familiares, em “Os Descendentes”.


Meu favorito: George Clooney, em “Os Descendentes”


Segunda opção: Jean Dujardin, em “O Artista”


MELHOR ATRIZ

Um ano de grandes interpretações femininas, sobretudo pela criação espantosa de Meryl Streep como Margaret Thatcher. Na lista final falta Tilda Swinton, fantástica em “Precisamos falar sobre o Kevin”. É a grande ausente do Oscar 2012.


Minha favorita: Meryl Streep, por “A Dama de Ferro”


Segunda opção: Viola Davis, por “Histórias Cruzadas”.


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Uma das grandes “barbadas” do ano ! A comovente e delicada interpretação de Christopher Plummer, como o viúvo que, depois dos 70 anos se declara gay e passa a curtir uma nova vida, ainda que marcada por um drama, é uma unanimidade!


Meu favorito: Christopher Plummer, por “Toda Forma de Amor” (Beginners).


Sem segunda opção...


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Briga boa nesta categoria. Em “Histórias Cruzadas” (The Help), Octavia Spencer dá um show como a empregada negra num tempo de brutais discriminações raciais nos EUA. Sua patroa, interpretada pela ótima Jessica Chastain também concorre com força. Berenice Bejo está maravilhosa em “O Artista”, assim como Janet Mcteer em “Albert Nobbs”, em que faz uma mulher que se faz passar por homem, do mesmo modo que a personagem de Glenn Close, nesse belo drama inglês.


Minha favorita: Octavia Spencer, por “Histórias Cruzadas”


Segunda opção: Janet Mcteer, por “Albert Nobbs”.


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Meu favorito: “Meia-Noite em Paris”, de Woody Allen


Segunda opção: “A Separação”, drama iraniano indicado a melhor filme estrangeiro.


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Meu favorito: “Os Descendentes”


Segunda Opção: “A Invenção de Hugo Cabret”


MELHOR EDIÇÃO (montagem)

Meu favorito: “A Invenção de Hugo Cabret”


Segunda Opção: “Millenium – Os Homens que não amavam as Mulheres”


MELHOR FIGURINO

Meu favorito: O ARTISTA


Segunda opção: “Anonymous”


MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Meu favorito: O ARTISTA


Segunda Opção: “A Invenção de Hugo Cabret”


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Aqui não dá pra ser diferente: fica apenas minha grande torcida para “Real in Rio”, de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, do filme “Rio”, de Carlos Saldanha. Infelizmente acho que vai dar “Man or Muppet”, do filme “Os Muppets”, bem melosa e mais ao gosto da Academia. Minha favorita, sem dúvida, é a nossa música brasileira.


DIREÇÃO DE ARTE

Meu favorito: “A Invenção de Hugo Cabret”

Segunda opção: “O Artista”


MAQUIAGEM

Tanto “Albert Nobbs” (com uma Glenn Close irreconhecível como homem, assim como Janet McTeer) quanto “Harry Potter” e “A Dama de Ferro” tem maquiagens dignas de prêmios. Fico com a caracterização impressionante de Meryl Streep em “A Dama de Ferro”.


FOTOGRAFIA: Todos os finalistas aqui merecem ganhar. São esplêndidos todos os trabalhos indicados.

Meu favorito: “A Árvore da Vida”


Segunda opção: “A Invenção de Hugo Cabret”


DOCUMENTÁRIO DE LONGA METRAGEM

Vi apenas um dos concorrentes, mas duvido que haja outro à sua altura: trata-se do excelente documentário dirigido pelo alemão Wim Wenders sobre a coreógrafa e dançarina Pina Bausch. “PINA” é sensacional, assim como a obra da artista retratada nele.


MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Aqui temos outra possível “barbada”: celebrado em todo o mundo, o drama iraniano “A Separação” vem arrebatando críticos, jurados de festivais e público. Não podia ser diferente, pois o filme é absolutamente sensacional e é o meu favorito. Aliás, um dos melhores que vi nos últimos anos.


MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Meu favorito: “A Invenção de Hugo Cabret”


Segunda opção: “Cavalo de Guerra”


MELHOR MIXAGEM DE SOM

Meu favorito: “A Invenção de Hugo Cabret”


Segunda opção: “Cavalo de Guerra”


MELHORES EFEITOS VISUAIS

Meu favorito: “O Planeta dos Macacos – a origem”


Segunda opção: “A Invenção de Hugo Cabret”.


MELHOR ANIMAÇÃO

Aqui deveria estar, com certeza, o lindo “Rio”, de Carlos Saldanha. Como não está, meu favorito entre os que ficaram é o engraçadinho “RANGO”. Sem segunda opção.


Aí estão os meus palpites, resultado de uma deliciosa maratona pelos cinemas...e desejo que meus leitores e leitoras vejam todos esses filmes, usando horas de seu tempo para usufruir dessa arte tão completa, que nos dá tanta emoção e tanto prazer. Nós todos merecemos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A GRANDE DAMA DO CINEMA


Por José Farid Zaine

farid.cultura@uol.com.br

Twitter: @faridzaine

Facebook: Farid Zaine


Meryl Streep não deveria mais ser indicada ao Oscar ou a outros prêmios: deveria ficar determinado que ela já é vencedora por todos os papeis que vier a interpretar, e ser Hors-concours em todos os festivais e premiações. Claro, é um exagero, mas a carreira e os trabalhos dessa atriz espetacular atestam a sua indiscutível condição de maior atriz do seu tempo, e uma das maiores de todos os tempos na história do cinema. Não há um único filme dela em que sua performance não tenha sido perfeita. Nem sempre os filmes são bons, mas Meryl está lá, completa, compondo a personagem que lhe foi conferida com entrega absoluta. Não é para menos que tenha sido indicada 17 vezes ao Oscar (venceu em duas oportunidades, como coadjuvante em “Kramer vs Kramer” e como atriz principal em “A Escolha de Sofia”), 26 ao Globo de Ouro (venceu oito vezes) e uma penca de indicações e prêmios de sindicatos, associações, festivais.


Meryl Streep é novamente a grande favorita ao Oscar, nesta edição de 2012. Mais uma vez sua interpretação é considerada absolutamente perfeita. Concorre com magníficas atrizes, mas não há como dizer que haja alguém melhor que ela. Tudo pode acontecer no Oscar. Viola Davis é uma grande atriz e tem também um excepcional desempenho em “Histórias Cruzadas” (The Help), e já ganhou vários prêmios. Não se pode dizer que será injustiça uma vitória dela. Mas Meryl é única, daí eu ter dito no começo deste artigo que ela nem deveria concorrer mais...Viola Davis ganhar não será injustiça, mas Meryl perder será...


Em “A Dama de Ferro” (The Iron Lady), que estreia hoje em todo o Brasil, ela interpreta Margaret Thatcher, a poderosíssima Primeira-Ministra britânica, primeira mulher a ocupar esse cargo e que conduziu, com firmeza absoluta (até combatida e criticada), a Inglaterra a um período de prosperidade e de mudanças que projetaram nova imagem do País para todo o mundo. A “mão de ferro” de Thatcher guiou até uma guerra aparentemente improvável contra a Argentina pelas ilhas Falklands, as Malvinas, de desfecho favorável aos ingleses e com marcas terríveis para nossos vizinhos sul-americanos.


A composição feita por Meryl para recriar Thatcher no cinema é espantosa. A diretora Phyllida Lloyd , com quem a atriz fez o musical “Mamma Mia”,conta a história da Primeira-Ministra a partir do presente, mostrando-a já debilitada e com a memória confusa, nos seus 86 anos. A caracterização de Meryl é perfeita, e sua interpretação é comovente, sem jamais ser piegas. Eu gosto bastante de como a história é contada, em flash-backs, mostrando as várias etapas da vida dessa grande personalidade de nossos tempos. Muitos críticos torceram o nariz para o fato de não haver um aprofundamento na biografia de Thatcher, o que realmente não acontece, mas a proposta do filme não é exatamente um painel histórico, cronológico e analítico da vida dela...o que vemos é a mulher, cujo poder foi imenso, mergulhada em lembranças, alucinações, memórias, como se nos momentos de maior lucidez assistisse ao filme da própria vida.


Recomendo “A Dama de Ferro”, assim como recomendo todos os filmes dessa magnífica atriz que é Meryl Streep. Para quem quer fazer uma revisão de sua obra, indico meus favoritos, todos facilmente encontrados nas locadoras;


1. “A MULHER DO TENENTE FRANCÊS” , de 1981, dirigido por Karel Reisz...é o meu favorito.

2. “AS PONTES DE MADISON”, de 1995, dirigido por Clint Eastwood. Um emocionante drama romântico de enorme sucesso.

3. “A ESCOLHA DE SOFIA”, de 1982, dirigido por Alan Pakula. Fortíssimo drama de guerra que deu a ela seu Oscar de Melhor atriz.

4. “IRONWEED”, de 1987, de Hector Babenco, o diretor argentino naturalizado brasileiro. A dupla Meryl Streep e Jack Nicholson numa explosão de talento. Filme belíssimo pouco conhecido do grande público, para ser visto com urgência.

5. “ENTRE DOIS AMORES”, de 1985, dirigido por Sydney Pollack. O filme ganhou 7 Oscars, incluindo “melhor filme”, e tem fotografia e trilha sonora antológicas.


Enfim, basta ver o nome de Meryl Streep no elenco para se ter certeza de que, no mínimo, valerá a pena ver o filme pelo trabalho dela.


No caso de “A Dama de Ferro”, o filme tem muitas qualidades, mas Meryl, a grande dama do cinema, é o maior motivo para não perdê-lo de jeito nenhum.