sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A GRANDE DAMA DO CINEMA


Por José Farid Zaine

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Meryl Streep não deveria mais ser indicada ao Oscar ou a outros prêmios: deveria ficar determinado que ela já é vencedora por todos os papeis que vier a interpretar, e ser Hors-concours em todos os festivais e premiações. Claro, é um exagero, mas a carreira e os trabalhos dessa atriz espetacular atestam a sua indiscutível condição de maior atriz do seu tempo, e uma das maiores de todos os tempos na história do cinema. Não há um único filme dela em que sua performance não tenha sido perfeita. Nem sempre os filmes são bons, mas Meryl está lá, completa, compondo a personagem que lhe foi conferida com entrega absoluta. Não é para menos que tenha sido indicada 17 vezes ao Oscar (venceu em duas oportunidades, como coadjuvante em “Kramer vs Kramer” e como atriz principal em “A Escolha de Sofia”), 26 ao Globo de Ouro (venceu oito vezes) e uma penca de indicações e prêmios de sindicatos, associações, festivais.


Meryl Streep é novamente a grande favorita ao Oscar, nesta edição de 2012. Mais uma vez sua interpretação é considerada absolutamente perfeita. Concorre com magníficas atrizes, mas não há como dizer que haja alguém melhor que ela. Tudo pode acontecer no Oscar. Viola Davis é uma grande atriz e tem também um excepcional desempenho em “Histórias Cruzadas” (The Help), e já ganhou vários prêmios. Não se pode dizer que será injustiça uma vitória dela. Mas Meryl é única, daí eu ter dito no começo deste artigo que ela nem deveria concorrer mais...Viola Davis ganhar não será injustiça, mas Meryl perder será...


Em “A Dama de Ferro” (The Iron Lady), que estreia hoje em todo o Brasil, ela interpreta Margaret Thatcher, a poderosíssima Primeira-Ministra britânica, primeira mulher a ocupar esse cargo e que conduziu, com firmeza absoluta (até combatida e criticada), a Inglaterra a um período de prosperidade e de mudanças que projetaram nova imagem do País para todo o mundo. A “mão de ferro” de Thatcher guiou até uma guerra aparentemente improvável contra a Argentina pelas ilhas Falklands, as Malvinas, de desfecho favorável aos ingleses e com marcas terríveis para nossos vizinhos sul-americanos.


A composição feita por Meryl para recriar Thatcher no cinema é espantosa. A diretora Phyllida Lloyd , com quem a atriz fez o musical “Mamma Mia”,conta a história da Primeira-Ministra a partir do presente, mostrando-a já debilitada e com a memória confusa, nos seus 86 anos. A caracterização de Meryl é perfeita, e sua interpretação é comovente, sem jamais ser piegas. Eu gosto bastante de como a história é contada, em flash-backs, mostrando as várias etapas da vida dessa grande personalidade de nossos tempos. Muitos críticos torceram o nariz para o fato de não haver um aprofundamento na biografia de Thatcher, o que realmente não acontece, mas a proposta do filme não é exatamente um painel histórico, cronológico e analítico da vida dela...o que vemos é a mulher, cujo poder foi imenso, mergulhada em lembranças, alucinações, memórias, como se nos momentos de maior lucidez assistisse ao filme da própria vida.


Recomendo “A Dama de Ferro”, assim como recomendo todos os filmes dessa magnífica atriz que é Meryl Streep. Para quem quer fazer uma revisão de sua obra, indico meus favoritos, todos facilmente encontrados nas locadoras;


1. “A MULHER DO TENENTE FRANCÊS” , de 1981, dirigido por Karel Reisz...é o meu favorito.

2. “AS PONTES DE MADISON”, de 1995, dirigido por Clint Eastwood. Um emocionante drama romântico de enorme sucesso.

3. “A ESCOLHA DE SOFIA”, de 1982, dirigido por Alan Pakula. Fortíssimo drama de guerra que deu a ela seu Oscar de Melhor atriz.

4. “IRONWEED”, de 1987, de Hector Babenco, o diretor argentino naturalizado brasileiro. A dupla Meryl Streep e Jack Nicholson numa explosão de talento. Filme belíssimo pouco conhecido do grande público, para ser visto com urgência.

5. “ENTRE DOIS AMORES”, de 1985, dirigido por Sydney Pollack. O filme ganhou 7 Oscars, incluindo “melhor filme”, e tem fotografia e trilha sonora antológicas.


Enfim, basta ver o nome de Meryl Streep no elenco para se ter certeza de que, no mínimo, valerá a pena ver o filme pelo trabalho dela.


No caso de “A Dama de Ferro”, o filme tem muitas qualidades, mas Meryl, a grande dama do cinema, é o maior motivo para não perdê-lo de jeito nenhum.

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