Por José Farid Zaine
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Como prometi, por ocasião da morte de Liz Taylor, vou indicar alguns dos filmes de que mais gostei dessa que foi uma das maiores estrelas de Hollywood e um dos maiores símbolos do cinema em todos os tempos. A decantada beleza de Liz, sobretudo pelos olhos cor de violeta, únicos, será mantida para sempre, eternizada nos filmes que viraram DVDs e Blu–rays, e que estarão preservados em novas mídias que, certamente, surgirão. Elizabeth Taylor brilhou nas telas e ocupou, durante toda a sua vida, os noticiários do mundo inteiro. Sua vida amorosa rendeu matérias que acenderam a curiosidade dos fãs, e alimentaram, sempre, o fascínio do público pela atriz. Suas amizades mais íntimas também foram alvo de enorme publicidade. Manteve uma ligação afetiva com Rock Hudson desde que formaram par em um dos maiores filmes dela, “Giant”, no Brasil batizado como “Assim Caminha a Humanidade”. Rock era homossexual e escondeu sua condição para preservar a imagem de galã que os estúdios não permitiam que fosse arranhada. Quando ele morreu, vítima de AIDS, já havia tornado pública sua história, sempre com o apoio da amiga. Ela passou a ser uma guerreira na luta contra a AIDS, e nunca temeu o envolvimento total nas campanhas de prevenção e arrecadação de fundos. Outro amigo foi Michael Jackson, que nutria por ela uma espécie de veneração.
Liz Taylor era tão bela que seu rosto iluminava as telas, e seu talento ficava em segundo plano. Uma revisão de sua filmografia mostra a grande atriz que sempre foi, duas vezes premiada com o Oscar, a primeira delas com “Disque Buterfield 8”, de 1960, dirigido por Daniel Mann, em que representava uma garota de programa. O seu par nesse filme, Eddie Fischer, viria a ser o motivo de um dos mais rumorosos casos da atriz, que provocou o rompimento do casamento do ator com Debbie Reynolds, a mesma que esteve com Liz nos seus últimos momentos.
Um drama épico sobre a Guerra de Secessão nos Estados Unidos colocou Liz juntamente com seu parceiro Montgomery Clift. O filme foi “A Árvore da Vida” (Raintree County), superprodução de 1957, dirigida por Edward Dmytryk, em que ela aparece com suntuosos figurinos que realçavam ainda mais sua beleza. Com Clift fez a obra-prima “Um Lugar Ao Sol”, contundente drama em preto e branco baseado no Best-seller “An American Tragedy”, de 1951, dirigido por George Stevens. A parceria com o ator viria em outro filme magnífico, também em preto e branco, baseado numa peça de Tennessee Williams, “De Repente no Último Verão”, de 1959, dirigido por Joseph L. Mankiewicz, com a marcante presença de Katherine Hepburn. Esse é um dos meus favoritos absolutos, que eu recomendo enfaticamente. Ainda mencionando obras-primas em preto e branco, relembro “Quem Tem Medo de Virgínia Woolf”, de 1966, dirigido por Mike Nichols, pelo qual ela ganhou seu segundo Oscar de melhor atriz. O filme é estonteante, e a interpretação da atriz, gorda e com os cabelos desgrenhados, arrebatou a crítica do mundo inteiro, além de promover o autor da peça em que se baseou o filme, Edward Albee. Aqui ela faz parceria com seu grande amor, o também extraordinário ator Richard Burton. Com ele ela faria um de seus filmes mais famosos, tanto pela grandiosidade da produção, quando pelas histórias que envolveram as filmagens. Trata-se de “Cleópatra”, pelo qual ela teve o maior salário pago a uma atriz até então, um milhão de dólares. Liz colou seu rosto à imagem de Cleópatra de tal forma, que quando se fala da rainha do Egito é impossível não fazer a ligação com ela, pelo menos por parte da geração que viu o filme nos cinemas. Burton, par de Liz em “Virgínia Woolf” e “Cleópatra”, fez também com ela o belíssimo “Adeus às Ilusões” (The Sandpiper), de 1965, dirigido por Vincente Minnelli, filme que celebrizou a música “The Shadow of your Smile”, vencedora do Oscar de Melhor Canção.
Outra peça de Tennessee Williams levou para as telas Elizabeth Taylor num dos momentos em que sua beleza e sensualidade atingiram o mais alto grau. Trata-se de “Gata em Teto de Zinco Quente”, de 1958, dirigido por Richard Brooks, um drama poderoso e corajoso sobre uma mulher bela e cobiçada, mas que era rejeitada pelo marido, vivido por Paul Newman, ele também no auge da beleza. A insinuação do homossexualismo da personagem de Newman, num tempo em que o cinema, principalmente o americano, tratava o tema de uma forma bastante discreta (os anos 1950), o filme incendiou as telas com seu tom provocativo e as espetaculares interpretações de Liz e Paul Newman.
Há ainda muitos outros filmes de Elizabeth Taylor para vermos e revermos sempre. Sugiro aos caros leitores e leitoras que escolham um desses mencionados para o domingo de Páscoa. Será mais do que delicioso repartir o tempo dos chocolates com o puro deleite que é ver o rosto de Liz nos filmes que fez, marcas eternas de uma beleza inigualável e de um talento que merece reverência e que será sempre um modelo a ser seguido por quem ama a arte de interpretar.