segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vejam, abaixo, as duas últimas colunas “CineArt” publicadas na Gazeta de Limeira, de autoria do vereador professor José Farid Zaine (PDT):


QUAIS SERÃO OS INDICADOS AO OSCAR 2011?

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter: @faridzaine

Na próxima terça-feira o mundo do cinema terá os olhos voltados ao anúncio das indicações aos prêmios da Academia de 2011, relativos aos filmes lançados em 2010. O Globo de Ouro, premiação feita pela imprensa estrangeira de Hollywood, já foi entregue, e deu “A Rede Social” nas principais categorias: Melhor Filme (drama, já que o Globo de Ouro separa as categorias), Melhor Diretor (David Fincher), Melhor Roteiro e melhor trilha sonora. Dois entre os filmes mais comentados do ano, Cisne Negro e O Discurso do Rei, ficaram com os prêmios para seus protagonistas, Natalie Portman (Cisne Negro) e Colin Firth (O Discurso do Rei). Muita coisa se repete no Oscar que, embora seja a premiação mais glamurosa, importante e mais esperada, acaba sendo entregue depois de quase todas as outras premiações, inclusive o BAFTA, considerado o Oscar da Inglaterra.
Agora, na categoria Melhor Filme, são dez os indicados. Tenho, portanto, grandes chances de acertos ao afirmar que eles serão:

O Discurso do Rei (The King´s Speech), direção de Tom Hooper, estreia no Brasil no dia 11 de fevereiro;
A Rede Social (The Social Network), direção de David Fincher, já estreou no Brasil;
Cisne Negro (Black Swan), direção de Daren Aronofsky, estréia no dia 4 de fevereiro;
Minhas Mães e Meu Pai (The Kids are All right), direção de Lisa Cholodenko, já estreou;
A Origem (Inception), direção de Christopher Nolan), já estreou;
O Vencedor (The Fighter), direção de David O. Russel, estréia no dia 4 de fevereiro;
Bravura Indômita (True Grit), direção dos Irmãos Cohen, estréia em 11 de fevereiro;
Toy Story 3 (idem), direção de Lee Unkrich , já estreou;
127 horas (127 hours), direção de Danny Boyle, estréia em 18 de fevereiro;
Inverno da Alma (Winter´s Bone), direção de Debra Granik, estréia em 28 de janeiro.

E os indicados para as outras categorias poderão ser:

Direção: Tom Hooper (O Discurso do Rei), David Fincher (A Rede Social), Daren Aronofsky (Cisne Negro), Christopher Nolan (A Origem) e Danny Boyle (127 horas)
Ator: Colin Firth (O Discurso do Rei), Jesse Eisenberg (A Rede Social), James Franco (127 Horas), Javier Barden (Biutiful) e Leonardo Di Caprio (A Origem)
Atriz: Natalie Portman (Cisne Negro), Annette Bening ( Minhas Mães e Meu Pai), Jennifer Lawrence (Winter´s Bone – Inverno da Alma), Anne Hataway (Love and other drugs) e Tilda Swinton (I Am Love).
Ator Coadjuvante: Christian Bale ( O Vencedor), Geoffrey Rusch (O Discurso do Rei),
Justin Timberlake (A Rede Social), Mark Ruffalo (Minhas Mães e Meu Pai) e Matt Damon (Bravura Indômita)
Atriz Coadjuvante: Melissa Leo (O Vencedor), Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei), Hailee Steinfeld (Bravura Indômita), Amy Adams ( O Vencedor) e Mila Kunis (Cisne Negro)
Roteiro Original: O Discurso do Rei, A Origem, Minhas Mães e Meu Pai, Cisne Negro e O Vencedor.
Roteiro Adaptado: A Rede Social, Bravura Indômita, Inverno da Alma, Toy Story 3 e 127 Horas.
Montagem (Edição): A Rede Social, A Origem, O Vencedor, Cisne Negro e 127 Horas.
Fotografia: Bravura Indômita, A Origem, Cisne Negro, O Discurso do Rei e 127 Horas.
Direção de Arte: A Origem, Cisne negro, O Discurso do Rei, Alice No País das Maravilhas e Bravura Indômita.
Som: A Origem, A Rede Social, A Ilha do Medo, Bravura Indômita, 127 horas, Harry Potter e as Relíquias da Morte
Edição de Som: A Origem, A Rede Social, Bravura Indômita, 127 Horas e Harry Potter.
Trilha Sonora: A Rede Social, Cisne Negro, A Origem, Toy Story 3 e O Discurso do Rei.
Animação: Toy Story 3, Como Treinar seu Dragão, Megamente, Enrolados.
Efeitos Visuais: A Origem, Harry Potter, Tron – O Legado, Iron Man 2 e Alice No País das Maravilhas.
Maquiagem: Alice No País das Maravilhas, O Vencedor, Bravura Indômita, O Lobisomem.
Filme estrangeiro: Infelizmente,mas como já era de se esperar, “Lula, O Filho do Brasil”, ficou de fora, permanecendo na disputa os filmes da Dinamarca, México, Canadá , Espanha, Suécia, Argélia, África do Sul, Japão e Grécia.
Agora é esperar o anúncio, na terça-feira, 25 de janeiro, quando as apostas começarão de verdade, e os cinéfilos de todo o mundo completarão sua maratona que é assistir a todos os filmes concorrentes.Uma tarefa, aliás, deliciosa.


INTELIGÊNCIA ALÉM DA VIDA

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter: @faridzaine


Clint Eastwood, aos 80 anos, é um exemplo de energia e vitalidade. Mal acaba um trabalho e logo está envolvido em outro. Sua capacidade de dirigir parece inesgotável. Sorte dos amantes do bom cinema, porque o “selo” Eastwood é garantia de qualidade. Ele nunca decepciona. Sua nova empreitada, o filme “Além da Vida”(Hereafter), entra num terreno perigoso, o da discussão da existência de vida após a morte. Como era de se esperar, Clint trata o assunto de forma delicada, fazendo com que o filme nunca seja panfletário ou defensor de uma tese espiritualista. Aliás, não se toca em religião, mas no fato de que existem experiências de quase morte estudadas por pesquisadores de várias partes do mundo. Pessoas que passam por essa experiência tem relatos muito semelhantes, o que tem provocado, além das análises das correntes religiosas, pesquisas científicas que fazem o estudo dos fatos para a busca de explicações do que acontece fisiologicamente no cérebro das pessoas, não para desqualificar qualquer esclarecimento feito à luz de preceitos religiosos. Isso torna “Além da Vida” ainda mais fascinante, porque fica ao espectador, diante das próprias convicções e crenças, a tarefa de tirar suas conclusões. Mas existe muito mais neste filme do que o tratamento discreto dado a um tema tão delicado. O roteiro, bem construído, conduz a vida de três pessoas a um encontro inevitável, que o espectador sabe que acontecerá em algum momento. Tecnicamente o filme é excelente. A primeira experiência de quase morte apresentada mostra uma jornalista francesa, também escritora e apresentadora de TV, surpreendida pelo tsunami na Tailândia. A cena é muito bem produzida, e, embora tenha exigido sofisticados efeitos especiais, levando o filme a uma indicação ao Oscar nessa categoria, transcorre mostrando a simplicidade cruel dos desastres naturais, sem que isso se transforme numa exibição da catástrofe como um espetáculo de tecnologia. Em outros momentos a mesma competência técnica aparece, como na cena do atropelamento de um menino e na do atentado ao metrô de Londres. Aliás, além das cenas iniciais do tsunami, as ações acontecem em Nova York, Londres e Paris, em belas locações. Matt Damon, que atuou com Eastwood no recente “Invictus”, sobre a vida de Nelson Mandella, mostra que a parceria vem dando certo. Cècile de France, a bela atriz de origem belga de “Um Lugar na Plateia”, tem ótima presença.
“Além da Vida” não foi recebido pela crítica americana com o mesmo entusiasmo conferido aos filmes anteriores de Clint Eastwood, mas é um excelente trabalho do veterano diretor, que vem ganhando adeptos em todo o mundo. O filme está sendo exibido em cinemas de todo o país, mas para quem quer conferir a qualidade da filmografia de Eastwood, vale ver ou rever alguns de seus sucessos lançados em DVD ou Blu-Ray. Um deles é “Gran Torino”, belo e comovente drama sobre a intolerância. Outro é o vencedor do Oscar, “Menina de Ouro” (Million Dollar Baby), de enorme carga dramática e excelente veículo para os talentos interpretativos de Hilary Swank, Morgan Freeman e o próprio Clint. Também é recente o sucesso inquestionável de uma obra magnífica do diretor, “Sobre Meninos e Lobos” (Mystic River), que deu o Oscar de melhor ator para Sean Penn por uma interpretação espetacular.
Se voltarmos mais no tempo, vamos também encontrar exemplos de grandes filmes dirigidos por Eastwood, prova de uma carreira marcada pela qualidade, pela coerência e pelo amor a um cinema de classe, nunca hermético como alguns que pretendem a marca “filme de arte”, mas também sem os apelos do cinema de fácil digestão. Entre os mais antigos, ou não tão recentes, vamos relembrar o maravilhoso “As Pontes de Madison”, em que ele, além de dirigir, fez um par inesquecível com a grande Meryl Streep. Oposto ao clima romântico e nostálgico desse belo filme, está o aterrorizante “Perversa Paixão” (Play Misty For Me), de 1971, sobre uma fã obcecada e os estragos que ela provoca na vida do objeto do seu desejo.
Seja qual for sua escolha, caros leitores e leitoras, tendo Clint Eastwood como diretor ela será acertada, de um western antológico como “Os Imperdoáveis”( Unforgiven), Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor em 1993, ao mais recente, “Além da Vida”, essa delicada incursão ao mundo enigmático que habita o imaginário de todo ser humano, de uma forma ou de outra. O assunto, como está provado na mais recente obra do mestre Eastwood, pode ser tratado com elegância e inteligência.

Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)
Oficinas teatrais gratuitas à população

Limeira, 31 de janeiro:
Pessoas interessadas em participar do universo do teatro podem iniciar através das oficinas que integram a descentralização da cultura, projeto supervisionado pelo vereador professor José Farid Zaine (PDT), que leva cultura às comunidades de Limeira. As oficinas ocorrem a partir do dia 19 de fevereiro, na Paróquia de Santa Rita de Cássia (Av. Fabrício Vampré, 405 - Jardim Piratininga).

No total, serão seis sábados de oficinas, das 14h às 16h. Para realizar a inscrição, um e-mail deve ser enviado ao responsável pelas aulas, Evandro Leite (evleitelog@hotmail.com), com nome e endereço completos, data de nascimento e telefones para contato. Certificados serão entregues aos participantes após a conclusão das oficinas.

Segundo Leite, esses projetos revelam grandes talentos que posteriormente acabam sendo usados em outros projetos ligados à área da cultura do município. “Há muita gente talentosa escondida pelos bairros de Limeira”.

Para Farid, a ideia das oficinas descentralizadas é eficaz para poder oferecer a um público que, muitas vezes, não tem acesso aos cursos desenvolvidos na região central da cidade. “Esses pólos de cultura, que temos em tantas comunidades, garantem que as pessoas tenham acesso a serviços de qualidade do ramo cultural”.

As inscrições são gratuitas e limitadas. Outras informações podem ser obtidas no celular, (19) 8808 6662.

Ronald Gonçales
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vejam, abaixo, coluna CineART publicada na Gazeta de Limeira do último sábado, 8 de janeiro de 2011:
TIZUKA NÃO FAZ MILAGRE

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine


No artigo da semana passada falei sobre as grandes bilheterias do ano, e entre elas estavam as de três filmes nacionais, sucessos incontestáveis e marcos de uma nova era para o cinema brasileiro que pretenda atingir grandes plateias. Pois o primeiro filme que eu vejo em 2011 no cinema é um filme brasileiro, de uma diretora que eu conheci há alguns anos, Tizuka Yamasaki. Das mãos dela, numa noite em Atibaia, na final do Festival Nacional de Música pela Paz, eu recebi o troféu dado a minha música, em parceria com Joaquim Prado, cantada pelo grupo Avena, “Nunca Mais”, que fala do período de terror das ditaduras militares no Brasil, Chile e Argentina. Foi uma emoção para ser lembrada para sempre.

Tizuka Yamasaki já nos deu Gaijin, o primeiro e o segundo. Gosto dos dois. Mas o currículo da diretora e roteirista é recheado de Xuxas e Trapalhões, daí a irregularidade de sua filmografia. Nada contra filmes infantis bem populares, claro, desde que tenham qualidade e respeitem a inteligência das crianças. O último de Xuxa, por exemplo, que Tizuka dirigiu, recebeu críticas avassaladoras. Inspirado em “O Mistério de Feiurinha”, de Pedro Bandeira, um ótimo ponto de partida, o filme foi massacrado e até provocou uma saia-justa, que resultou num pedido de desculpas do escritor, por ter dito que Sasha, a filha de Xuxa, não tinha talento.

“Aparecida – O Milagre”, apesar de ter consumido mais de R$5 milhões na produção, parece um filme tecnicamente mais pobre do que nossos atuais campeões, como se tivesse sido feito às pressas. No lançamento, 300 cópias, menos da metade que “Tropa de Elite 2”, e um público frustrante nos primeiros dias de exibição. Segundo notícias, o filme teria a intenção de atrair espectadores católicos, principalmente os devotos de Nossa Senhora Aparecida, que são milhões, no maior país católico do mundo, depois do extraordinário sucesso dos espíritas “Chico Xavier” e “Nosso Lar”, que vieram na esteira do tosco “Bezerra de Menezes”, que levou mais de meio milhão de pessoas às salas exibidoras. O filme de Tizuka tem bons momentos, alguns realmente comoventes, mas em geral esbarra num quase amadorismo, com exageros desnecessários, como na sequência final, até constrangedora.

O elenco de “Aparecida” é composto por estrelas como Murilo Rosa, Maria Fernanda Cândido, Jonatas Faro e Bete Mendes, todos em interpretações estereotipadas, que deixam a primeira parte do filme, com atores e atrizes na maioria desconhecidos, mais interessante. Mesmo Leona Cavalli, que é uma grande atriz, aqui rende pouco. A ideia de inclusão de um grupo de teatro de rua que conta a história de Nossa Senhora Aparecida é boa, mas mal aproveitada. Naquela região há ótimos grupos, alguns deles já tendo participado do Festival Nacional de Teatro de Limeira, um deles na Praça Toledo Barros, com os atores e atrizes em pernas de pau, e uma bela cena com Nossa Senhora Aparecida.

Gostaria de falar maravilhas desse filme, mas não é o caso. Apesar de tudo, acho que as pessoas devem ir vê-lo, mais como um exercício de análise da própria fé. Afinal, é sempre bom refletir sobre o que acreditamos e o que deixamos de acreditar, e o filme de Tizuka até nos fornece bom material para essa reflexão.

Filmes sobre milagres são recorrentes no cinema, e ao comentar este, lembro-me de coisas bonitas que marcaram minha infância, como os filmes de Pablito Calvo (Marcelino Pão e Vinho) e Joselito (Saeta) e suas ingênuas e comoventes histórias. Um outro, que leva o título simplesmente de “O Milagre” (The Miracle, produção de 1959, direção de Irving Rapper), foi mais marcante. Ali estava Carrol Baker, belíssima, fazendo uma noviça que fugia do convento e ia se entregar a aventuras amorosas, uma delas com o galã da época, que depois seria um dos 007, Roger Moore. Na ausência da noviça, desaparece a imagem de uma santa do convento, que tomava o lugar dela, assim ninguém notaria a falta da jovem. Romântico ao extremo, o filme fez enorme sucesso popular. Para quem gosta, então, de aventuras românticas e milagres, um desafio: quem consegue um DVD desse filme? Se alguém conseguir, estará fazendo quase um milagre. Tizuka Yamasaki, infelizmente, não fez.









Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Bandas voltam ao coreto da praça neste domingo

A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, retomará neste domingo, 9 de janeiro, o projeto de apresentações dominicais na praça Toledo Barros. A partir das 10h30, a corporação musical “Arthur Giambelli” apresentará seu repertório, sob a regência do maestro Leandro Pereira. A entrada é franca.

As retretas, como são conhecidas essas apresentações, foram paralisadas em razão das festas de final de ano. No próximo domingo, será a vez da corporação “Henrique Marques”, no mesmo local e horário.

Realizado sempre aos domingos, o projeto com as bandas de coreto terá novidades este ano. O secretário da Cultura, Adalberto Mansur, e o diretor da secretaria, Juraci Soares Requena, estão se reunindo com os responsáveis pelas duas corporações para discutirem as inovações, que serão anunciadas em breve.

As apresentações contam com o apoio da Secretaria Municipal da Educação.

Prefeitura de Limeira
Secretaria Municipal da Cultura
(19) 3451.0502
culturalimeira@yahoo.com.br

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SÓ DEU BRASIL!

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine



O ano de 2010 ficará marcado pela excepcional receptividade ao cinema brasileiro pelas bilheterias registradas, com três grandes sucessos nacionais entre os mais vistos do ano. Batendo um record atrás do outro, “Tropa de Elite 2” transformou-se no filme brasileiro mais visto de todos os tempos, ultrapassando a marca de 11 milhões de espectadores e superando o recordista absoluto desde 1976, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, dirigido por Bruno Barreto e com nossa eterna Gabriela, Sônia Braga, além de José Wilker e Mauro Mendonça. A vitória de “Tropa” revela também um novo olhar para a indústria cinematográfica brasileira, que entra em sintonia com as conquistas tecnológicas e dá tratamento de qualidade às produções, assim como cria um sistema de distribuição que garante visibilidade a blockbusters, com grande número de salas exibidoras e volumosas campanhas publicitárias. Quem imaginaria que um filme brasileiro superasse a bilheteria de “Avatar” e ficasse, nas últimas duas décadas, atrás apenas de “Titanic”?

Mas não só de “Tropa de Elite 2” viveu a bilheteria do cinema brasileiro: enormes contribuições deram os sucessos de temática espírita “Chico Xavier” e “Nosso Lar”. Quem pensa, entretanto, que nosso cinema viveu à sombra desses três sucessos populares está enganado: outros filmes brasileiros despontaram, conquistaram prêmios, apoio da crítica e a atenção de um público que já não discrimina nossas produções. Houve fracassos, claro, sendo o maior deles o de “Lula, o Filho do Brasil”, lançado numa época inoportuna e que, das promessas de se transformar em recordista, com previsão de público superior a 10 milhões, acabou sendo visto por cerca de l milhão de expectadores. Tem uma última chance se for indicado ao Oscar, já que é nosso representante, escolhido pela Comissão responsável, mas isso é muito pouco provável que aconteça.

“Chico Xavier” e “Nosso Lar” ultrapassaram os 3 milhões de espectadores, o primeiro já sucesso também nas locadoras, e o segundo para ser lançado em janeiro.

Está nas lojas também uma das boas surpresas do cinema brasileiro em 2010, “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, inspirado no livro “Mano”, de Gilberto Dimmenstein, sobre o universo da adolescência. O tratamento é leve, mesmo quando se trata de assuntos um tanto pesados, e o filme é divertido e comovente na medida certa. Faturou 8 prêmios no Festival de Cinema de Pernambuco, incluindo os de melhor filme, direção e roteiro.

O destaque de documentário, área em que o Brasil vem apresentando excepcional amadurecimento, para mim é “Uma Noite em 67”, já comentado aqui, e que trata da revolução na música popular brasileira causada pelo III Festival de MPB da Record, aquele vencido por “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam, mas que sacudiu o País com “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil e “Roda Viva”, de Chico Buarque.

Minha indicação desta semana, pra encerrar o ano, não poderia ser diferente: vamos homenagear este nosso cinema que fica cada vez mais visível, recomendando “5x Favela Agora por Nós Mesmos”, o filme produzido por Cacá Diegues que faturou os prêmios mais importantes do Festival de Paulínia de 2010, dirigido por jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro. Eles foram capacitados em oficinas pelo maior time de talentos do cinema brasileiro, incluindo as feras Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Walter Lima Jr, Daniel Filho, Walter Salles, Fernando Meirelles e João Moreira Salles. Alguém duvida de que, com professores dessa categoria, os alunos deixariam de produzir coisas boas? A base para tudo isso foi a produção de 1961, o filme “5x Favela”, que daria visibilidade internacional ao nosso “Cinema Novo” e revelaria diretores que fariam grande carreira no cinema, incluindo o próprio Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman.

Os 5 episódios de “5x Favela Agora por Nós Mesmos” são: Fonte de Renda, Arroz com Feijão, Concerto Para Violino, Deixa Voar e Acende a Luz. Há uma certa irregularidade, mas o conjunto funciona e o filme agrada. Foi exibido em Cannes, fora de concurso. Dentre seus jovens diretores e diretoras (Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos, Luciana Bezerra e Manaíra Carneiro), surgirão talentos duradouros, com certeza.

Que 2011 confirme as boas novas de 2010 para o cinema brasileiro, e que vejamos longas filas nos cinemas para valorizar as nossas produções. Foi-se o tempo em que apenas Xuxa e Os Trapalhões venciam os alienígenas!


SERVIÇO



5 x Favela Agora Por Nós Mesmos, Brasil, 2010, 103 min, Sony Pictures.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)