SÓ DEU BRASIL!
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine
O ano de 2010 ficará marcado pela excepcional receptividade ao cinema brasileiro pelas bilheterias registradas, com três grandes sucessos nacionais entre os mais vistos do ano. Batendo um record atrás do outro, “Tropa de Elite 2” transformou-se no filme brasileiro mais visto de todos os tempos, ultrapassando a marca de 11 milhões de espectadores e superando o recordista absoluto desde 1976, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, dirigido por Bruno Barreto e com nossa eterna Gabriela, Sônia Braga, além de José Wilker e Mauro Mendonça. A vitória de “Tropa” revela também um novo olhar para a indústria cinematográfica brasileira, que entra em sintonia com as conquistas tecnológicas e dá tratamento de qualidade às produções, assim como cria um sistema de distribuição que garante visibilidade a blockbusters, com grande número de salas exibidoras e volumosas campanhas publicitárias. Quem imaginaria que um filme brasileiro superasse a bilheteria de “Avatar” e ficasse, nas últimas duas décadas, atrás apenas de “Titanic”?
Mas não só de “Tropa de Elite 2” viveu a bilheteria do cinema brasileiro: enormes contribuições deram os sucessos de temática espírita “Chico Xavier” e “Nosso Lar”. Quem pensa, entretanto, que nosso cinema viveu à sombra desses três sucessos populares está enganado: outros filmes brasileiros despontaram, conquistaram prêmios, apoio da crítica e a atenção de um público que já não discrimina nossas produções. Houve fracassos, claro, sendo o maior deles o de “Lula, o Filho do Brasil”, lançado numa época inoportuna e que, das promessas de se transformar em recordista, com previsão de público superior a 10 milhões, acabou sendo visto por cerca de l milhão de expectadores. Tem uma última chance se for indicado ao Oscar, já que é nosso representante, escolhido pela Comissão responsável, mas isso é muito pouco provável que aconteça.
“Chico Xavier” e “Nosso Lar” ultrapassaram os 3 milhões de espectadores, o primeiro já sucesso também nas locadoras, e o segundo para ser lançado em janeiro.
Está nas lojas também uma das boas surpresas do cinema brasileiro em 2010, “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, inspirado no livro “Mano”, de Gilberto Dimmenstein, sobre o universo da adolescência. O tratamento é leve, mesmo quando se trata de assuntos um tanto pesados, e o filme é divertido e comovente na medida certa. Faturou 8 prêmios no Festival de Cinema de Pernambuco, incluindo os de melhor filme, direção e roteiro.
O destaque de documentário, área em que o Brasil vem apresentando excepcional amadurecimento, para mim é “Uma Noite em 67”, já comentado aqui, e que trata da revolução na música popular brasileira causada pelo III Festival de MPB da Record, aquele vencido por “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam, mas que sacudiu o País com “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil e “Roda Viva”, de Chico Buarque.
Minha indicação desta semana, pra encerrar o ano, não poderia ser diferente: vamos homenagear este nosso cinema que fica cada vez mais visível, recomendando “5x Favela Agora por Nós Mesmos”, o filme produzido por Cacá Diegues que faturou os prêmios mais importantes do Festival de Paulínia de 2010, dirigido por jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro. Eles foram capacitados em oficinas pelo maior time de talentos do cinema brasileiro, incluindo as feras Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Walter Lima Jr, Daniel Filho, Walter Salles, Fernando Meirelles e João Moreira Salles. Alguém duvida de que, com professores dessa categoria, os alunos deixariam de produzir coisas boas? A base para tudo isso foi a produção de 1961, o filme “5x Favela”, que daria visibilidade internacional ao nosso “Cinema Novo” e revelaria diretores que fariam grande carreira no cinema, incluindo o próprio Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman.
Os 5 episódios de “5x Favela Agora por Nós Mesmos” são: Fonte de Renda, Arroz com Feijão, Concerto Para Violino, Deixa Voar e Acende a Luz. Há uma certa irregularidade, mas o conjunto funciona e o filme agrada. Foi exibido em Cannes, fora de concurso. Dentre seus jovens diretores e diretoras (Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos, Luciana Bezerra e Manaíra Carneiro), surgirão talentos duradouros, com certeza.
Que 2011 confirme as boas novas de 2010 para o cinema brasileiro, e que vejamos longas filas nos cinemas para valorizar as nossas produções. Foi-se o tempo em que apenas Xuxa e Os Trapalhões venciam os alienígenas!
SERVIÇO
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine
O ano de 2010 ficará marcado pela excepcional receptividade ao cinema brasileiro pelas bilheterias registradas, com três grandes sucessos nacionais entre os mais vistos do ano. Batendo um record atrás do outro, “Tropa de Elite 2” transformou-se no filme brasileiro mais visto de todos os tempos, ultrapassando a marca de 11 milhões de espectadores e superando o recordista absoluto desde 1976, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, dirigido por Bruno Barreto e com nossa eterna Gabriela, Sônia Braga, além de José Wilker e Mauro Mendonça. A vitória de “Tropa” revela também um novo olhar para a indústria cinematográfica brasileira, que entra em sintonia com as conquistas tecnológicas e dá tratamento de qualidade às produções, assim como cria um sistema de distribuição que garante visibilidade a blockbusters, com grande número de salas exibidoras e volumosas campanhas publicitárias. Quem imaginaria que um filme brasileiro superasse a bilheteria de “Avatar” e ficasse, nas últimas duas décadas, atrás apenas de “Titanic”?
Mas não só de “Tropa de Elite 2” viveu a bilheteria do cinema brasileiro: enormes contribuições deram os sucessos de temática espírita “Chico Xavier” e “Nosso Lar”. Quem pensa, entretanto, que nosso cinema viveu à sombra desses três sucessos populares está enganado: outros filmes brasileiros despontaram, conquistaram prêmios, apoio da crítica e a atenção de um público que já não discrimina nossas produções. Houve fracassos, claro, sendo o maior deles o de “Lula, o Filho do Brasil”, lançado numa época inoportuna e que, das promessas de se transformar em recordista, com previsão de público superior a 10 milhões, acabou sendo visto por cerca de l milhão de expectadores. Tem uma última chance se for indicado ao Oscar, já que é nosso representante, escolhido pela Comissão responsável, mas isso é muito pouco provável que aconteça.
“Chico Xavier” e “Nosso Lar” ultrapassaram os 3 milhões de espectadores, o primeiro já sucesso também nas locadoras, e o segundo para ser lançado em janeiro.
Está nas lojas também uma das boas surpresas do cinema brasileiro em 2010, “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, inspirado no livro “Mano”, de Gilberto Dimmenstein, sobre o universo da adolescência. O tratamento é leve, mesmo quando se trata de assuntos um tanto pesados, e o filme é divertido e comovente na medida certa. Faturou 8 prêmios no Festival de Cinema de Pernambuco, incluindo os de melhor filme, direção e roteiro.
O destaque de documentário, área em que o Brasil vem apresentando excepcional amadurecimento, para mim é “Uma Noite em 67”, já comentado aqui, e que trata da revolução na música popular brasileira causada pelo III Festival de MPB da Record, aquele vencido por “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam, mas que sacudiu o País com “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil e “Roda Viva”, de Chico Buarque.
Minha indicação desta semana, pra encerrar o ano, não poderia ser diferente: vamos homenagear este nosso cinema que fica cada vez mais visível, recomendando “5x Favela Agora por Nós Mesmos”, o filme produzido por Cacá Diegues que faturou os prêmios mais importantes do Festival de Paulínia de 2010, dirigido por jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro. Eles foram capacitados em oficinas pelo maior time de talentos do cinema brasileiro, incluindo as feras Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Walter Lima Jr, Daniel Filho, Walter Salles, Fernando Meirelles e João Moreira Salles. Alguém duvida de que, com professores dessa categoria, os alunos deixariam de produzir coisas boas? A base para tudo isso foi a produção de 1961, o filme “5x Favela”, que daria visibilidade internacional ao nosso “Cinema Novo” e revelaria diretores que fariam grande carreira no cinema, incluindo o próprio Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman.
Os 5 episódios de “5x Favela Agora por Nós Mesmos” são: Fonte de Renda, Arroz com Feijão, Concerto Para Violino, Deixa Voar e Acende a Luz. Há uma certa irregularidade, mas o conjunto funciona e o filme agrada. Foi exibido em Cannes, fora de concurso. Dentre seus jovens diretores e diretoras (Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos, Luciana Bezerra e Manaíra Carneiro), surgirão talentos duradouros, com certeza.
Que 2011 confirme as boas novas de 2010 para o cinema brasileiro, e que vejamos longas filas nos cinemas para valorizar as nossas produções. Foi-se o tempo em que apenas Xuxa e Os Trapalhões venciam os alienígenas!
SERVIÇO
5 x Favela Agora Por Nós Mesmos, Brasil, 2010, 103 min, Sony Pictures.
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)
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