AS SETE MARAVILHAS DE 2011 – PARTE II
Por José Farid Zaine
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Quem pensava que o irrequieto cineasta espanhol Pedro Almodóvar iria sossegar, ou cair na mesmice, depois de seus últimos filmes, foi sacudido por uma grata surpresa. Em 2011 ele nos deu mais uma prova de seu talento, de sua capacidade de surpreender o público. Com seus temperos habituais que incluem muito sexo, histórias mirabolantes, reviravoltas e revelações bombásticas, relações familiares pra lá de complicadas, Almodóvar nos brindou no ano que passou com “A Pele Que Habito”, incursão ao gênero terror misturado com ficção científica, mas com sua marca inconfundível . Seu astro predileto Antonio Banderas vem confirmar essa parceria brilhante como o médico Robert Ledgard, que pesquisa a produção de uma nova pele humana, em experiências nada ortodoxas sob o ponto de vista da ética científica. Sabe-se que o médico, cirurgião plástico conceituado, perdeu a mulher precocemente: ela teria sofrido um acidente de carro, teria tido o corpo inteiro mutilado por brutais queimaduras. Contar mais será estragar o prazer de ver essa história desvendada, bem ao estilo já mostrado em tantas obras do diretor, principalmente “Fale com Ela” e “Tudo Sobre Minha Mãe”.
“A Pele que Habito” é um dos melhores lançamentos nos cinemas em 2011, e fará sucesso nas locadoras, com certeza, dada a legião de fãs que Almodóvar tem no Brasil. Um filme fascinante, irresistível.
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Outro cineasta que nunca decepciona é Clint Eastwood. E apesar de alguns críticos terem torcido o nariz para “Além da Vida” (Hereafter), o filme é um achado, e apenas confirma o talento do diretor. Ele não se repete e não tem medo de ousar. O tema, perigosíssimo, que é a busca da explicação da vida após a morte, é tratado com sutileza e inteligência. A história de um homem com poderes mediúnicos, e que não deseja mais carregar o peso de seu dom, é mostrada sem que haja uma tendência para pregar religiões ou opções de crença. O filme é muito neutro nesse quesito. Mas as histórias que se cruzam são dramáticas e comoventes, e é impossível não refletir sobre o tema após o fim do filme. Ele permanece na mente das pessoas, como um convite à reflexão. Matt Damon e Cècile de France são grandes presenças no elenco, marcado também pelos ótimos garotos gêmeos, Frankie e George MacLaren.
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Bem, se Lars Von Trier, o cinema Argentino, Almodóvar e Clint Eastwood marcaram pontos em 2011, Woody Allen marcou muitos, muitos pontos com seu apaixonante “Meia-Noite em Paris”. Ele achou a fórmula perfeita para combinar romance, comédia e fantasia nessa história encantadora, rodada num dos mais belos cenários naturais do mundo, Paris. Mas os cenários, fundamentais, com direção de arte impecável, nada valeriam sem um roteiro genial, recheado de diálogos inteligentes e situações inusitadas. Owen Wilson está perfeito como o escritor em busca de sua obra, e que sempre acha que tempos bons são os que já foram vividos...Quem o ajudará a revisar essas impressões é nada mais, nada menos que Marion Cotillard, linda e talentosa. Para ver e rever muitas vezes, essa delícia criada por Woody Allen vai marcar as listas de todos os cinéfilos em 2011.
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Terrence Malick nos deu, em 2011, seu enigmático, belo e poético “A Árvore da Vida”, cujas semelhanças formais com o belíssimo “Melancolia” já mencionei no artigo da semana passada. Neste espaço já comentei também sobre essa obra perturbadora, marcada pelas presenças de Brad Pitt, Sean Penn e a maravilhosa Jessica Chastain. ”A Árvore da Vida” será lembrado no Oscar, com certeza, pelo menos por algumas indicações inevitáveis.
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Veio através da Folha de São Paulo uma boa surpresa cinematográfica em 2011: o jornal paulista lançou uma coleção magnífica de filmes europeus, que colocaram obras-primas inquestionáveis ao alcance de um público enorme. Muita gente pode conhecer filmes que marcaram a história do cinema e serão eternas referências de qualidade, de arte cinematográfica sólida e duradoura. Dentre tantos filmes inesquecíveis e importantes da coleção, cito alguns da minha lista de sempre dos melhores de todos os tempos: “Rocco e Seus Irmãos”, “Roma, Cidade Aberta”, “Mamma Roma”, “Cinema Paradiso”, “A Doce Vida” e “Hiroshima, Meu Amor”, só para citar algumas preciosidades.
Que 2012 nos traga outras tantas maravilhas, caros leitores e leitoras, e que elas nos mantenham unidos através da magia do cinema.
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