Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine
A temporada cinematográfica que começa em janeiro é sempre muito boa. O cardápio é variado, eclético, e o mundo se agita para saborear as novidades, tudo em função da noite mágica que se repete todo ano, há 84 anos, em que se dá a entrega do Oscar. Pois bem, do Globo de Ouro, o segundo prêmio em prestígio, às dezenas de listas de melhores e premiações de todo tipo, tudo é feito para ver quem mais se aproxima do Oscar. Não há quem tire da estatueta dourada o status de maior, mais cobiçado e mais esperado filme do ano. No Brasil, as estreias acontecem bem em cima da hora, já que as indicações são anunciadas no dia 24 de janeiro e a entrega do Oscar no dia 26 de fevereiro. Neste ano, uma novidade: não será obrigatório haver dez indicados na categoria principal, a de Melhor Filme, podendo esse número variar entre 5 e 10. Invariavelmente, a crítica internacional, os sites especializados e os cinéfilos do mundo todo já se movimentam em torno dos favoritos. Na semana passada vi uma estreia e uma pre-estreia de dois filmes que devem estar, de alguma forma, entre os indicados em algumas categorias. O primeiro deles, que estreou em todo o País na sexta-feira passada é o novo filme dirigido por Steven Spielberg, “Cavalo de Guerra” (War Horse). A guerra é um tema recorrente na obra de Spielberg. Ela vem misturada com sentimentos e olhares da infância, como aconteceu em “O Império do Sol”, um dos meus favoritos do gênero, ou explosiva como em “O Resgate do Soldado Ryan”, ou ainda adulta e comovente como em “A Lista de Schindler”. Em “Cavalo de Guerra”, a amizade profunda entre um cavalo e um menino que o viu nascer é levada de forma épica, com fotografia arrebatadora, direção de arte magnífica reconstruindo as paisagens dominadas pela guerra de 1914 e a música característica de John Williams, com uma orquestração carregada de cordas para acentuar os momentos mais comoventes e provocar lágrimas. Claro, a música é linda... O cavalo em questão, chamado Joey, vive uma aventura de conquistas e sofrimentos, da salvação da fazenda do dono aos momentos de dor vividos no front. A insanidade e a crueldade da guerra são agora realçadas pelo enfoque dado aos animais, especialmente aos cavalos que puxam tanques e artefatos de guerra, quase sempre até a morte. O estreante Jeremy Irvine é o intérprete de Albert, o garoto que transforma Joey num cavalo chamado de “milagroso”. O outro destaque do elenco é a sempre magnífica Emmily Watson. “Cavalo de Guerra” não é uma obra-prima, mas um filme digno e um divertimento garantido pela assinatura de Spielberg.
Nesta sexta estreia em todo o Brasil outro filme que deve merecer a atenção da Academia, principalmente pelo espetacular elenco masculino, com os maiores nomes do cinema inglês da atualidade, incluindo Gary Oldman, John Hurt, Toby Jones e Colin Firth, que ganhou o Oscar de melhor ator no ano passado interpretando, de forma soberba, o Rei George VI, no vencedor “O Discurso do Rei”. Estou falando de “O Espião que Sabia Demais”, que tem o estranho e intrigante título original de “Tinker Tailor Soldier Spy”. O filme é dominado por Gary Oldman, numa interpretação precisa, milimetricamente construída. O roteiro é baseado no livro homônimo de John Le Carré, especialista em histórias de espionagem na Guerra Fria. “O Espião que Sabia Demais” exige uma atenção constante do espectador: aquele que se distrair demais com as pipocas poderá perder o fio da meada de uma trama complexa, intrincada, mas que faz a delícia dos cinéfilos que curtem o gênero. A ação se passa em 1973, e Gary Oldman encarna o espião aposentado George Smiley, que é novamente recrutado para desvendar um grande mistério: quem, dentre os membros que compõem a cúpula do SIS (Secret Intelligence Service), o serviço secreto britânico tratado no filme como o “Circo”. É certo que um deles é um agente duplo, a serviço também dos soviéticos. “O Espião que sabia Demais” é um ótimo filme dirigido pelo sueco Tomas Alfredson, que ganhou notoriedade pelo estranho mas também excelente “Deixa Ela Entrar”, que ganhou versão anglo-americana dirigida por Matt Reeves e exibida com o nome correto: “Deixe-me Entrar”.
Então, caros leitores e leitoras: boas dicas pra quem curte cinema, mas nas telas grandes das salas confortáveis e tecnicamente bem equipadas: A comovente história de um menino e seu cavalo, que passam por todos os tipos de percalços, incluindo uma Guerra Mundial, e as intrincadas histórias de homens envolvidos em outra guerra, suja e sem canhões, entrem nas filas para ver “Cavalo de Guerra” e “O Espião que Sabia Demais”. E comecem a anotar suas apostas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário