Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine
Pode parecer uma grande novidade, coisa dos anos 2000, mas o 3D (sistema de projeção tridimensional) já existe desde o século XIX, e se formos considerar as primeiras pesquisas a respeito da estereoscopia, vamos retroceder muito mais...
O primeiro filme para ser exibido em cinemas em 3D data de 1922, e é chamado “The Power of Love” ( O Poder do Amor). Mas o primeiro “boom” viria a acontecer apenas nos anos 1950, com muitos títulos e sucessos populares como “Bwana Devil”, “Veio do Espaço”, “Man in the Dark”, “A Casa de Cera” e “Dá-me um Beijo”. O advento da TV e sua rápida popularização nos Estados Unidos assustaram os produtores cinematográficos, que buscavam atrativos para o público que não queria sair de casa.
A técnica não avançou nos anos posteriores, com raras produções nos anos 1960 e depois algumas nos anos 1980, como “Tubarão 3D”.
Efeito semelhante ao da expansão da TV nos anos 1950 teve a internet nas últimas duas décadas, com uma velocidade espantosa de popularização e condições de acesso em todos os cantos do mundo. Hoje, principalmente entre os jovens, a maior parte do tempo é consumida diante do computador, nos celulares e outros aparelhos que permitem conexão instantânea com o planeta inteiro...Mais uma vez o cinema foi buscar alternativas para não perder o seu fascínio, e desta vez o efeito 3D veio para ficar. Muitas produções foram realizadas com novas tecnologias, aprimorando o efeito e ampliando seu uso.
O mega-sucesso “Avatar” pode ser considerado, no caso do 3D, um divisor de águas. James Cameron, consagrado e respeitado diretor, principalmente por suas ousadias na pesquisa da evolução das técnicas cinematográficas, marcou o ano de 2009 pelo lançamento de um filme que se tornou, imediatamente, uma das maiores bilheterias da história do cinema. O sucesso de “Avatar” causou impacto imediato nas produções, e uma avalanche de filmes em 3D obrigaram os cinemas de todo o mundo a se equiparem para poder exibi-los. As salas dotadas de equipamentos modernos se multiplicaram velozmente, e a multiplicação continua, em virtude do sucesso das produções que usam essa tecnologia.
O próprio Cameron, detentor de outro bilionário sucesso, “Titanic”, ganhador de 11 Oscar, já adaptou o filme para o 3D, com lançamento previsto para 13 de abril. “Titanic”, que já era tecnicamente espetacular, com efeitos especiais espantosamente reais, deve ampliar muito as sensações das cenas que marcaram toda uma década no cinema. E como o ingresso para salas que contam com o 3D são mais caros, é possível prever que a arrecadação desse blockbuster suba a alturas estratosféricas.
Atentos a tudo isso, cineastas de peso, com nomes respeitadíssimos, renderam-se à técnica. O irrequieto Tim Burton já nos deu sua versão tridimensional de “Alice no País das Maravilhas”. Steven Spielberg entregou ao mundo, em 2011, a animação “As aventuras de Tim-Tim”, que chegou aos cinemas com a recomendação do nome do diretor, um dos responsáveis pela renovação do cinema a partir dos anos 70 e 80. E, no Oscar deste ano, lá estava ganhando os mais importantes prêmios técnicos, principalmente pelo magnífico uso do 3D, o grande Martin Scorsese, com sua belíssima homenagem aos primórdios do cinema na aventura “A Invenção de Hugo Cabret”. Scorsese conseguiu a proeza de colocar em 3D os filmes de Georges Mèliés, um dos primeiros cineastas da história a produzir grande quantidade de filmes. Ver obras rudimentares, feitas com recursos hoje considerados pré-históricos, com a mais moderna técnica hoje existente, foi um toque de gênio.
Os próximos meses prometem muitas estreias com a tecnologia 3D. Grandes sucessos já estão sendo refeitos, como o caso recente de “Star Wars”, “A Bela e a Fera”, “O Rei Leão”, e muitos outros. As distribuidoras fazem alarde com lançamentos aguardados, e que já tem data marcada para provocar filas: “Fúria de Titãs 2” (30/03), “Titanic 3D” (13/04), “The Advengers – Os Vingadores” (27/04), “Madagascar 3” (25/05), “Prometheus”, com Michael Fassbender (15/06), “A Era do Gelo 4” (29/06)...e por aí afora, até a chegada, em 14 de dezembro, de “O Hobbit”, prelúdio de “ Senhor dos Aneis”, com direção de Peter Jackson. Haja óculos!