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Em
tempos de discussões acirradas sobre a conveniência da permanência do Deputado
Marco Feliciano como Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, em
virtude de suas desastrosas declarações que tem provocado espanto e indignação
em todo o País, voltemo-nos um pouco para os filmes que tratam de preconceitos
raciais e sexuais, para vermos que o cinema nunca abandonou esses temas, e que
eles são bem antigos...Desde que existe a civilização é impossível relatar o
quanto seres humanos, sempre iguais desde a Criação, sofreram e morreram por
serem diferentes da maioria, ou por não se submeterem a regras absurdas de
sociedades ou religiões que desejam manipular os cidadãos, tirando-lhes a
liberdade de escolha e de expressão.
Vejamos
o caso do preconceito racial. Olhando hoje para os Estados Unidos, onde um
negro é Presidente da República, e por consequência desse cargo ele pode ser
considerado o homem mais poderoso do Planeta, e voltemo-nos para um passado nem tão remoto, nesse mesmo
país, onde negros simplesmente eram
considerados seres menores, obrigados a viver sob regras desumanamente
segregadoras, que os transformavam em párias da sociedade. Foram necessárias
décadas de sofrimento para que o “sonho” de Martin Luther King se
materializasse e hoje um extraordinário avanço se transformasse em realidade. A
luz amarela, contudo, precisa ficar sempre acesa, para que qualquer ameaça de
retrocesso seja imediatamente rechaçada. Comparemos o cenário de “Imitação da
Vida” (Imitation of Life), lindo melodrama de Douglas Sirk, com a atualidade.
Nesse filme, a história de uma mulher branca (Lana Turner) que faz sucesso
ajudada por sua criada negra (Juanita Moore), o lado mais cruel do racismo é
mostrado: a filha, branca, renega a própria mãe, negra. A cena em que Mahalia
Jackson canta um spiritual no velório da mãe negra é emblemática e comovente, e
é capaz de derreter o mais gelado dos corações... Criadas negras quase
escravizadas foram retratadas no recente “Histórias Cruzadas” (The Help), com
um elenco fabuloso de grandes atrizes negras como Viola Davis, indicada ao
Oscar de melhor atriz e Octavia Spencer,
vencedora como atriz coadjuvante.
Uma
revisão necessária vale também para o
belíssimo “O Sol é Para Todos” (To Kill a Mockinbird), de Robert Mulligan, de
1962, em que uma mulher branca acusa um homem negro de estupro, sendo ele
claramente inocente, mas antecipadamente condenado por uma sociedade medíocre e
racista, numa pequena cidade sulista dos EUA nos anos da depressão. Gregory
Peck, magnífico como o advogado que enfrenta tudo para defender o negro, ganhou
o Oscar de melhor ator, merecidíssimo.
Mas
não apenas o sofrimento dos negros, por conta da cor da pele, deu tema a
grandes filmes. Spielberg, que fez “A
Cor Púrpura” e lançou Whoopi Goldberg ao estrelado, debruçou-se sobre o
holocausto e daí tirou um drama cheio do horror da guerra e da perseguição aos
judeus, mas também cheio de humanidade e solidariedade: “A Lista de Schindler”,
vencedor de 7 Oscars. Incontáveis obras da sétima arte cumpriram o papel do
cinema de registrar um dos mais dolorosos períodos da História da Humanidade,
em que a mente diabólica de Adolf Hitler, com seu monstruoso propósito de
limpeza étnica, escreveu a mais repugnante página dessa História.
AMORES
CLANDESTINOS
E os
homossexuais? Vítimas de leis cruéis e políticas hipócritas, estão vendo agora
em todo o mundo acontecerem mudanças positivas em função de suas antigas
reivindicações, que vem retirando as relações homoafetivas dos guetos e da
clandestinidade. O chamado “casamento gay”, que dá às pessoas do mesmo sexo o
direito à união civil, já é uma realidade em muitos países do mundo. Os que não
se abriram a essa discussão terão de fazê-lo, é inevitável. Porque as
sociedades, através dos tempos, precisaram sempre se incomodar com a escolha
sexual das pessoas? Filmes magníficos também acrescentaram, se não foram todas
as respostas, elementos fundamentais para a reflexão do público. Basta ver (ou
rever) “Milk”, sobre a militância de um político gay, com a premiada atuação de
Sean Penn (Oscar de melhor ator), o belo e sofrido caso de amor entre dois
cowboys em “O Segredo de Brokeback Mountain”, dirigido por Ang Lee, ou o
clássico de William Wyler ( o mesmo diretor de Ben-Hur, em que uma atração
homossexual é fortemente sugerida entre as personagens viris de Ben-Hur e
Messala) , o contundente drama “Infâmia” (The Children´s Hour), com as soberbas
interpretações de Audrey Hepburn e Shirley MacLaine.
Busquemos
por esses filmes nas locadoras, nas lojas, nos sites de vendas de filmes.
Veremos que, diante de obras maravilhosas como essas, até os cérebros mais
emparedados e os corações mais duros tenderão a amolecer...
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