Por José Farid Zaine
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Hoje estreia a peça Via-Sacra, em sua vigésima terceira edição, mantendo uma tradição que iniciamos no ano de 1990, no governo do Prefeito Paulo D´Andréa. A encenação acontece no Parque Cidade de Limeira, às 20h, havendo apresentações no mesmo horário amanhã e depois. Assina a direção Jonatas Noguel, e quem faz Jesus é o jovem ator Matheus Gonçalves. Amanhã acontece também a “Via-Sacra no Morro da Penitência”, no Jardim Olga Veroni, iniciada com o saudoso Padre Maurício, da Paróquia Santa Luzia. Desde sua criação até 2005, a “Via-Sacra” acontecia na Praça Toledo Barros. Quando tivemos a ideia de fazer a grandiosa montagem na Praça, foi em função da história de que o arquiteto que projetou a Gruta colocou nela 33 degraus, uma referência à idade que Jesus tinha ao ser crucificado. O fato, curioso, nos motivou a usar o cartão postal de Limeira como o cenário do Calvário, da Crucificação e da Ressurreição, um cenário perfeito bem no meio da Praça central da cidade. O primeiro diretor foi Carlos Jerônimo Vieira e o primeiro Jesus foi Vicente Mosciaro Neto, até hoje lembrado por sua incrível performance. Vieram outros diretores, outros atores, houve a necessidade de mudança de local, mas o espetáculo continua, e esperamos que tenha vida longa. Nos anos 1960 foi encenada a “Paixão” na Catedral Nossa Senhora Das Dores, com Emiliano Bernardo Silva no papel de Jesus.
Assim como aqui em Limeira e em dezenas de cidades pelo Brasil afora, a Paixão de Cristo é um dos temas mais recorrentes no teatro popular. Eu mesmo escrevi e dirigi o “Auto da Paixão”, há onze anos encenado em diversas comunidades, tendo sido levado até a Catedral da Sé e Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, sempre com elenco de limeirenses.
O cinema nos deu grandes filmes sobre Jesus, principalmente sobre sua morte e ressurreição. Recentemente causou polêmica mundial o filme de Mel Gibson, “A Paixão de Cristo”. Jim Caviezel compôs um Jesus dilacerado, com o corpo retalhado por chibatas cheias de artefatos pontiagudos, cortantes. Nunca o sangue de Jesus jorrou tanto na tela, misturado a poeira, suor e lágrimas. A interpretação de Caviezel ficou amarrada às suas sessões de tortura extremamente violentas.
Os olhos azuis de Robert Powell, e sua cabeça envolvida por um manto rústico, são as imagens que ficam do filme de Franco Zeffirelli, “Jesus de Nazaré”, inicialmente uma minissérie para a TV Britânica. Sempre em busca de um visual elegante, o diretor de “Romeu e Julieta” conseguiu fazer um filme bastante popular, principalmente pela docilidade da personagem principal e pela beleza plástica da obra.
Não muito visto por grandes plateias, mas obrigatório para quem curte cinema de ótima qualidade e gosta do tema, está o filme canadense de Denys Arcand, “Jesus de Montreal”, sobre a montagem de uma peça sobre a Paixão de Cristo em Montreal. O ator é Lothaire Bluteau.
Willem Dafoe deu uma cara estranha para Jesus,tornando-o mais humano do que divindade, no mais polêmico filme de Martin Scorsese, “A Última Tentação de Cristo”. Belo filme e ótima criação de Dafoe.
Um Jesus diferente, até por conta do que é dito no texto original de Ariano Suassuna, é o ator negro Maurício Gonçalves na comédia dramática “Auto da Compadecida”, minissérie da Globo depois transformada em longa para o cinema.
Numa superprodução dirigida por George Stevens, “A Maior História de Todos os Tempos” o ator sueco Max Von Sydow foi quem emprestou o rosto para Jesus. O filme é de 1965 e obteve 5 indicações ao Oscar.
Com muito menos glamour, a história de Cristo foi contada de forma extremamente realista por Pier Paolo Pasolini, em preto e branco e com um elenco que incluiu gente do povo, sem nenhuma experiência anterior, o que conferiu mais autenticidade à narrativa. Jesus era interpretado por Enrique Irazoqui.
“Jesus Cristo Superstar” e “Godspell – A Esperança”, nos trouxeram Cristo através da música,em grandes sucessos da Broadway adaptados para a tela grande. Ted Neeley foi o Jesus cantor de “Superstar” e um Cristo hippie, de cabelos encaracolados, soltou a voz em “Godspell”, na interpretação de Victor Garber.
Mas quem deseja escolher a face de Jesus no cinema jamais pode deixar de ver “O Rei dos Reis”, belíssimo filme de Nicholas Ray, com uma trilha sonora empolgante e até hoje usada em espetáculos do gênero, e com o ator Jeffrey Hunter interpretando Jesus. Seria ele o melhor Jesus do cinema? Ele é considerado o mais belo, com seu ar de divindade e seus famosos olhos azuis.
Assistam a outros filmes, caros leitores e leitoras. Descubram o prazer de ver o mesmo tema tratado de formas completamente diferentes. E escolham aquele ator que, por seu olhar, sua postura, sua voz, mais tenha se aproximado da imagem que vocês criaram do filho de Deus. Muitos atores podem ser citados como “Melhor Jesus” do cinema, mas só um , o próprio Jesus, poderá ter o título de “ O Melhor dos Homens” !
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