segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LINDO

Por José Farid Zaine

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Quando você pergunta a uma pessoa que acabou de assistir a um filme, o que ela achou dele, no caso dela ter gostado muito, virão muitas respostas esclarecedoras. Se a pessoa disser “Gostei demais”, “nossa, um filmaço”, “um arraso” ou coisas do gênero, pode acreditar que ela viu uma grande aventura, um filme com efeitos especiais, um blockbuster que faz tremendo sucesso de bilheteria...mas se ela usar o adjetivo “lindo” para classificar o que viu, então saberemos que se trata de um drama que faz chorar, um romance cheio de reviravoltas ou uma comédia dramática com as emoções das histórias do cotidiano, que envolvem o espectador pela proximidade das situações vividas pelas personagens...Pois bem, nesta semana vou recomendar dois filmes que trazem essa marca, que ao final tem essa classificação que não significa 5, 4 , ou 3 estrelas – como fazem os críticos – ou a conceituação como Excelente, ótimo, muito bom, bom...a classificação a que me refiro é a que melhor pode ser traduzida com o tal adjetivo, “lindo”, suspirado ao final da sessão, principalmente pelas mulheres...


O primeiro deles é “A Minha Versão do Amor” (Barney´s Version), comédia dramática de 2010 , interpretada magistralmente por Paul Giamatti e Dustin Hoffman. Sim, é a história de um homem...e das mulheres de sua vida. Não se enganem os que pensam que o adjetivo “lindo” tira a força desse filme. Ele é ainda muito mais que isso, ao construir um enredo verossímil, pungente sem ser piegas, com situações e diálogos inteligentes, além de um interesse total que vai da primeira à última cena. Não é um filme que tenha a pretensão de ser intelectual, nem tenha a pose de ser psicologicamente analítico. Ele flui como a vida, com suas perdas e seus ganhos, com seus encontros e despedidas, com a juventude e suas infinitas possibilidades, com a chegada da velhice e a perda da saúde, com a iminência da morte presente no transcorrer de cada dia...Paul Giamatti interpreta Barney Panofsky, que trabalha numa produtora de TV. Aos 65 anos, separado de sua terceira esposa, por quem é profundamente apaixonado, ele relembra fatos de sua vida e dos casamentos anteriores. Ele é judeu, filho de um policial aposentado vivido com a costumeira maestria por Dustin Hoffman, dando grandeza a um papel menor. O filme é canadense, dirigido por Richard J. Lewis, e é uma verdadeira pérola a ser pinçada nas prateleiras das locadoras, para ser apreciada com urgência...E para conhecer o trabalho de Paul Giamatti, não custa anotar alguns nomes para conferir o talento desse ótimo ator: “Sideways – Entre Umas e Outras”, dirigido por Alexander Payne, de 2004, e que recebu 5 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme. Outro grande momento dele foi “Anti-Heroi Americano” (American Splendor), de 2003, dirigido por Robert Pulcini e Shari Springer Berman. A Academia de Hollywood já está em dívida com Paul Giamatti.



O outro filme que pode ser visto com prazer e emoção é o mais novo estrelado por Nicole Kidman, “Reencontrando a Felicidade”, aliás um título bastante infeliz em português em relação ao original, que é bem mais instigante, “Rabbit Hole” ( A Toca do Coelho). Ela está magnífica como Becca, a mãe que, ao perder o filho de apenas quatro anos, precisa superar essa dor insuportável, manter o bom relacionamento com o marido e os familiares e até se aproximar do adolescente que dirigia o carro que atropelou seu filho...roteiro que parece complicado, mas que é levado com leveza pelo diretor John Cameron Mitchell. O marido, Howie Corbett, é bem interpretado por Aaron Eckart. Mas assim como Dustin Hoffman rouba a cena em “A Minha Versão do Amor”, toda vez que aparece, aqui o feito fica por conta de Dianne Wiest. Essa atriz maravilhosa, completa, nunca desapontou em nenhum de seus trabalhos.



Dianne faz a mãe de Nicole, e as duas são responsáveis por momentos de emoção e tensão dramática, sem nunca sequer resvalar no melodrama ou na pieguice. Nem é preciso indicar filmes com Nicole, pois todas as locadoras possuem quase todos seus grandes sucessos. Só vou entregar que meus favoritos dela são “As Horas, “Os Outros” e “De Olhos Bem Fechados”. O melhor é investir no talento de Dianne, uma veterana brilhante, que eu considero à altura de outro monstro sagrado dos palcos e das telas, Judy Dench.


Dianne Wiest tem uma filmografia extensa e de qualidade, e é também uma ótima dica uma relação de alguns de seus melhores trabalhos: “Tiros na Broadway”, “A Rosa Púrpura do Cairo”, “A Era do Rádio” e o meu favorito “Hannah e Suas Irmãs”, todos de Woody Allen, além de “A Gaiola das Loucas”, “Mentes Que Brilham” e outros.


Bem, as principais dicas da semana são “A Minha Versão do Amor” e “Reencontrando a Felicidade”. Quem assistir, pode me mandar um recadinho dizendo se usou a classificação “lindo”, pelo menos para um dos dois...se não, vou saber respeitar. De qualquer forma, que todos tenham um lindo fim de semana!

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