sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A ÓPERA DO MALANDRO

Por José Farid Zaine

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Nesta sexta-feira o Teatro Vitória abre as cortinas para uma grande produção realizada inteiramente em Limeira, a montagem “A Ópera do Malandro”, de Chico Buarque de Hollanda, com a Orquestra Sinfônica de Limeira, a Villa Jazz e a Cia. Pelo de Gato Preto. A estreia será hoje, às 20h e amanhã haverá nova apresentação. A Secretaria da Cultura tem vivenciado o “frisson” que antecede a estreia de um espetáculo tão ousado, tão grandioso: cenógrafos, coreógrafos, figurinistas, preparadores vocais, músicos, atores, atrizes, todos trabalhando muito, às vezes virando noites para que tudo fique pronto para o grande dia...e tudo pensado para que o público tenha acesso a um espetáculo de qualidade, que as pessoas possam se divertir e se emocionar. A noite de hoje é especial para a Cultura de Limeira. Nossa Orquestra Sinfônica, com a regência de Rodrigo Müller, já deu mostras mais do que suficientes de sua maturidade, de sua evolução técnica e da aprovação dada pelo público ao longo de 16 anos de existência. No palco do Vitória mesmo, além de seus concertos oficiais espetaculares, tanto com o mais sofisticado repertório erudito, quanto com o mais festejado repertório popular, a Orquestra já esteve à frente de montagens de óperas como “Carmen”, de Bizet, “La Traviata”, de Verdi, e “O Elixir do Amor”, de Donizetti. Agora ela se lança neste projeto que traz à cena uma das mais conhecidas e bem sucedidas obras do gênio Chico Buarque, graças ao esforço conjunto de grupos talentosos e abnegados, como o Villa Jazz, do grande músico e arranjador Emanuel Massaro, completando 10 anos de existência, e a Cia. Pelo de Gato Preto, um dos orgulhos do teatro limeirense, também perto de comemorar a primeira década de vida. Junte-se a tudo isso o talento do diretor Gerson Fontes, da atriz e produtora Tatiana Alves, de um grande elenco e teremos a receita de um espetáculo para cativar e apaixonar todas as plateias.


Eis um grande motivo para sair de casa nesta sexta e amanhã, sábado. Um grande programa de valor artístico e cultural valorizando nossa agenda. Mas a coluna é de cinema e vídeo, dirão meus caros leitores e leitoras. Pois, como em outras oportunidades, faço hoje um link entre o teatro e o cinema, para indicar duas obras que merecem ser vistas: a montagem teatral limeirense do musical “A Ópera do Malandro”, e o filme de Ruy Guerra, de 1986, que levava à tela grande o enorme sucesso de crítica e público do musical que ficou por grandes temporadas em nossos teatros.


“A Ópera do Malandro”, foi escrita por Chico Buarque em 1978, inspirada na “Ópera dos Três Vinténs”, composta em 1928 por Bertold Brecht e Kurt Weill, que por sua vez se basearam na “Ópera dos Mendigos”, criada por John Gay em 1728 .


As músicas de Chico saíram dos palcos para se transformar em sucessos aclamados em todo o país. Incrível verificar que, de um só musical, saíram preciosidades da nossa música popular como “Folhetim”, “Pedaço de Mim”, “Geni e o Zepellin”, “O Meu Amor”, “Teresinha”, “Tango do Covil”...Elba Ramalho, Tânia Alves, Gal Costa, Zizi Possi, Marlene, Alcione e Maria Bethânia foram algumas das cantoras que deram vida a músicas da peça. Impossível desvincular “Folhetim” de Gal Costa, “Pedaço de Mim” de Zizi Possi ou “Teresinha” de Maria Bethânia. As músicas compostas para a peça ganharam vida própria e passaram a ocupar espaço na história do nosso cancioneiro...

Então, para quem deseja curtir ao vivo as interpretações de tão marcantes canções, há a montagem que estreia hoje no palco do Vitória. Para quem não viu o musical lançado nos cinemas em 1986, há o DVD disponível desse belo filme de Ruy Guerra, um cineasta da maior importância para o cinema brasileiro. O filme tem no elenco Edson Celulari, como o protagonista, Max Overseas, e Cláudia Ohana como Ludmila; J.C.Violla faz Geni e Ney Latorraca é Tigrão. Há ainda as marcantes presenças de Fábio Sabag, Elba Ramalho, Cláudia Jimenez, Wilson Grey e outros.


Ruy Guerra tem o nome inscrito para sempre na história do cinema brasileiro pela ousada direção de “Os Cafajestes”, com Norma Bengell e Jece Valadão. O filme foi um escândalo na época de seu lançamento, 1962, e hoje é um clássico cultuado de nossa filmografia. Também é possível vê-lo em DVD, assim como “Os Fuzis”, de 1964, considerado pela maioria dos críticos como seu melhor filme.


Outra marca de Ruy Guerra, também com Cláudia Ohana, é “Erêndira”, adaptação do conto de Gabriel Garcia Marquez, “A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada”, também disponível em DVD.


“A saudade é o revés de um parto... a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”...esses são versos, que eu coloco entre os mais belos da história de nossa MPB, da belíssima “Pedaço de Mim”. Com essa amostra, quem é capaz de resistir?...então, todos ao teatro, e depois às locadoras...

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