Por José Farid Zaine
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O diretor Joe Wright gosta
muito de Keira Kgnithley, uma ótima atriz com quem fez os belos “Desejo e
Reparação” e “Orgulho e Preconceito”. Talvez sua admiração pela atriz seja
tanta, que nem tenha pensado em outra protagonista para “Anna Karenina”, mais
uma versão para o cinema do universalmente consagrado romance de Tolstoi, que estreia hoje no Brasil.
Apesar de linda e talentosa, Keira Kgnithley
não foi bem recebida pela crítica no papel da esposa de um alto funcionário do
governo da Rússia imperial de 1874, Karenin, que se apaixona por um jovem
oficial da Cavalaria, Vronsky, assume diante do esposo sua relação
extraconjugal e é julgada pela rígida e moralista sociedade da época. O marido
traído cai muito bem para Jude Law , mas o amante, na pele de Aaaron
Taylor-Johnson, não convence de jeito nenhum. Kgnithley está muito magra, o que
causa certa estranheza, em virtude da imagem que se costuma criar da
personagem. Mas em muitos momentos, auxiliada pela exuberância do figurino, ela
consegue fixar uma imagem cheia de beleza e misteriosa sensualidade.
A história de “Anna
Karenina” é sobejamente conhecida. Talvez por esse motivo Wright tenha optado
por uma adaptação ousada, original: ele coloca a ação num teatro, como se todo
o drama das personagens fosse uma peça teatral, e como se isso revelasse a
visão da sociedade russa da época, toda ela uma grande encenação. Consta,
porém, por notícias veiculadas em sites especializados ,que o diretor fez essa
opção corajosa por economia, pois a produção inicialmente prevista para
suntuosos cenários em muitas locações, teria tornado o projeto do filme
inviável. Por um lado, temos o resultado interessante do uso do teatro, seus
espaços, seu maquinário, onde a maior parte da trama se desenrola. Por outro
lado, embora belíssimo, o filme de Joe Wright fica sempre “espremido” no espaço
cênico de um teatro, o que em certas sequências exerce opressão sobre as
personagens. Apenas a vida no interior, longe da hipocrisia da cidade grande, é
filmada em cenários abertos e naturais.
“Anna Karenina” obteve
quatro indicações ao Oscar e ganhou apenas o de figurino, como previmos aqui.
Era considerado imbatível na categoria Direção de Arte , mas aqui também
coloquei a minha opinião, a de que eu preferia a “limpeza” e funcionalidade de “ Lincoln” ao rebuscado e sobrecarregado
desenho de produção de “Anna”. Deu “Lincoln” nessa categoria. O figurino de
Jacqueline Durran é realmente magnífico, criativo, e dá vida e realce aos
aspectos visuais do filme, cuja fotografia também obteve indicação,assim como a
trilha sonora.
OUTRAS
ANNAS
O Cinema sempre gostou muito
da obra de Tolstoi, e várias adaptações
foram feitas, tanto na Rússia como no Ocidente. Uma das mais elogiadas versões é a de 1935, com Greta Garbo no papel
de Anna, com direção de Clarence Brown.
Em 1948, Vivien Leigh,
célebre intérprete de Scarlet O´Hara em “E o Vento Levou”, criou sua Karenina,
no filme dirigido por Julien Duvivier, com Ralph Richardson no papel de
Karenin.
Para os russos, a grande
intérprete de Anna Karenina é Tatiana Samoilova, na versão dirigida por
Aleksandr Zarkhi e que contou com a participação da primeira bailarina do
Bolshoi, Maya Plisetskaya, em 1967.
Em 1997, Bernard Rose filmou
o romance, com Sophie Marceau no Papel de Anna e James Fox como Karenin.
Todas as Kareninas do cinema
tem sua particularidade, seu charme. Os filmes nem sempre tiveram o sucesso
almejado. Esta versão mais recente, com seu atrevimento formal, tanto pode
conquistar outras platéias que não são muito chegadas a adaptações de obras
literárias, quanto pode afastar
justamente os amantes do livro de Tolstoi.
Enfim, não deixa de ser uma
opção interessante conhecer o filme de Joe Wright, com a marca de seu apelo
teatral, não apenas em relação ao espaço cênico, mas com suas sequências
marcadas, coreografadas, operísticas. A partir de hoje, portanto, bem-vindos ao
Cine-Teatro Anna Karenina.
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