sexta-feira, 15 de março de 2013

CINE-TEATRO ANNA KARENINA




Por José Farid Zaine
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O diretor Joe Wright gosta muito de Keira Kgnithley, uma ótima atriz com quem fez os belos “Desejo e Reparação” e “Orgulho e Preconceito”. Talvez sua admiração pela atriz seja tanta, que nem tenha pensado em outra protagonista para “Anna Karenina”, mais uma versão para o cinema do universalmente consagrado romance de  Tolstoi, que estreia hoje no Brasil.
 Apesar de linda e talentosa, Keira Kgnithley não foi bem recebida pela crítica no papel da esposa de um alto funcionário do governo da Rússia imperial de 1874, Karenin, que se apaixona por um jovem oficial da Cavalaria, Vronsky, assume diante do esposo sua relação extraconjugal e é julgada pela rígida e moralista sociedade da época. O marido traído cai muito bem para Jude Law , mas o amante, na pele de Aaaron Taylor-Johnson, não convence de jeito nenhum. Kgnithley está muito magra, o que causa certa estranheza, em virtude da imagem que se costuma criar da personagem. Mas em muitos momentos, auxiliada pela exuberância do figurino, ela consegue fixar uma imagem cheia de beleza e misteriosa sensualidade.



A história de “Anna Karenina” é sobejamente conhecida. Talvez por esse motivo Wright tenha optado por uma adaptação ousada, original: ele coloca a ação num teatro, como se todo o drama das personagens fosse uma peça teatral, e como se isso revelasse a visão da sociedade russa da época, toda ela uma grande encenação. Consta, porém, por notícias veiculadas em sites especializados ,que o diretor fez essa opção corajosa por economia, pois a produção inicialmente prevista para suntuosos cenários em muitas locações, teria tornado o projeto do filme inviável. Por um lado, temos o resultado interessante do uso do teatro, seus espaços, seu maquinário, onde a maior parte da trama se desenrola. Por outro lado, embora belíssimo, o filme de Joe Wright fica sempre “espremido” no espaço cênico de um teatro, o que em certas sequências exerce opressão sobre as personagens. Apenas a vida no interior, longe da hipocrisia da cidade grande, é filmada em cenários abertos e naturais.
“Anna Karenina” obteve quatro indicações ao Oscar e ganhou apenas o de figurino, como previmos aqui. Era considerado imbatível na categoria Direção de Arte , mas aqui também coloquei a minha opinião, a de que eu preferia a “limpeza” e funcionalidade  de “ Lincoln” ao rebuscado e sobrecarregado desenho de produção de “Anna”. Deu “Lincoln” nessa categoria. O figurino de Jacqueline Durran é realmente magnífico, criativo, e dá vida e realce aos aspectos visuais do filme, cuja fotografia também obteve indicação,assim como a trilha sonora.

OUTRAS ANNAS
O Cinema sempre gostou muito da obra de  Tolstoi, e várias adaptações foram feitas, tanto na Rússia como no Ocidente. Uma das mais  elogiadas  versões é a de 1935, com Greta Garbo no papel de Anna, com direção de Clarence Brown.
Em 1948, Vivien Leigh, célebre intérprete de Scarlet O´Hara em “E o Vento Levou”, criou sua Karenina, no filme dirigido por Julien Duvivier, com Ralph Richardson no papel de Karenin.
Para os russos, a grande intérprete de Anna Karenina é Tatiana Samoilova, na versão dirigida por Aleksandr Zarkhi e que contou com a participação da primeira bailarina do Bolshoi, Maya Plisetskaya, em 1967.
Em 1997, Bernard Rose filmou o romance, com Sophie Marceau no Papel de Anna e James Fox como Karenin.
Todas as Kareninas do cinema tem sua particularidade, seu charme. Os filmes nem sempre tiveram o sucesso almejado. Esta versão mais recente, com seu atrevimento formal, tanto pode conquistar outras platéias que não são muito chegadas a adaptações de obras literárias,  quanto pode afastar justamente os amantes do livro de Tolstoi.
Enfim, não deixa de ser uma opção interessante conhecer o filme de Joe Wright, com a marca de seu apelo teatral, não apenas em relação ao espaço cênico, mas com suas sequências marcadas, coreografadas, operísticas. A partir de hoje, portanto, bem-vindos ao Cine-Teatro Anna Karenina. 

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