Por José Farid Zaine
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Alguns amigos leitores, depois do
resultado do Oscar 2013, que aconteceu no domingo passado, pediram-me, em tom
de brincadeira, que falasse algumas dezenas para que eles jogassem na
Mega-Sena, já que eu tinha acertado a quase totalidade de minhas previsões,
publicadas no Cineart da semana passada, dois dias antes do anúncio dos
premiados pela Academia...Mas, diferentemente do que alguns possam imaginar,
dar palpites sobre o Oscar nada tem a ver com chute, com sorte...Minhas
opiniões são baseadas na análise dos filmes que vejo durante o ano todo, e numa
maratona que começa em novembro, meses antes do anúncio dos indicados! Uma
tarefa extremamente prazerosa, principalmente num ano de tantos filmes bons.
Muita coisa do que eu disse antes
foi confirmada na noite do Oscar e comentada depois . Na Folha de São Paulo da
terça-feira, 26 de fevereiro, por exemplo, o título da matéria de Inácio
Araujo, grande crítico de cinema, era “Oscar Para Todos”, em que ele menciona
uma premiação “pulverizada”... Pois bem, na minha matéria sobre os prognósticos
finais a respeito das premiações deste ano, eu disse aqui no Cineart:
Penso que, desta vez, o Oscar vai ser pulverizado, isto é,
nenhum filme vai levar muitas estatuetas, talvez o mais premiado saia
com 4 Oscars apenas.
nenhum filme vai levar muitas estatuetas, talvez o mais premiado saia
com 4 Oscars apenas.
E foi o que aconteceu, assim como
observado por Inácio Araújo: O Oscar foi realmente pulverizado, bem dividido
entre muitos filmes, sendo que o mais premiado, “As Aventuras de Pi”, levou
exatamente 4 estatuetas!
Coisas que eu gostei muito de
acertar:
Direção de arte para “Lincoln”:
enquanto a maioria dos críticos e sites especializados davam “Anna Karenina” como
imbatível nesta categoria, e os que discordavam apostavam em “As Aventuras de
Pi”, eu escolhi “Lincoln” pela limpeza do seu desenho de produção, pela recriação
de época traduzida em espaços e móveis inseridos de forma perfeita.
A premiação de ARGO eu dei como
certa para melhor filme, e considerei que a obra do esnobado diretor Ben
Affleck levaria também os Oscars de Montagem, Roteiro Adaptado (o favorito era
Lincoln) e som. Só dei a mais o prêmio de Som, que ficou no empate entre “Skyfall”
e “A Hora Mais Escura”, boas escolhas. Quem ainda não viu Argo, não pode perder
tempo. Aliás, o filme do ano já foi
lançado em DVD e Blu-Ray.
Sobre “Os Miseráveis”, o
arrebatador musical concebido para o Teatro nos anos 1980 tendo como base a
obra-prima de Victor Hugo, acertei que venceria em três das 8 categorias para
as quais foi indicado: Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Mixagem de Som e
Maquiagem. O Oscar de Mixagem de Som confirmou o difícil trabalho de conciliar
a orquestração com as vozes dos atores e atrizes, captadas na hora da gravação
da cena, sendo que o natural seria que fossem gravadas no estúdio e dubladas
pelos atores. Deu certo.
Dentre as 8 indicações para “O
Lado Bom da Vida” (Silver Linings Playbook), ficou mesmo um único Oscar, o de
Melhor Atriz para Jennifer Lawrence.
Sobre “Indomável Sonhadora “
(Beasts of The Southern Wild), eu disse: O filme
é todo da sua pequena protagonista, a incrível Quvenzhané Wallis, é muito
original, tem uma belíssima trilha sonora (não indicada) mas suas 4 indicações
serão sua única recompensa. Como vimos, o filme não levou nenhum prêmio.
Previ que “As Aventuras de Pi”
(Life of Pi), que teve 11 indicações, ganharia nas categorias de Fotografia,
Efeitos Visuais e Trilha Sonora... o filme ganhou esses três Oscars e ainda
levou o de direção para Ang Lee, o grande diretor já premiado por “O Segredo de
Brokeback Mountain”. Acho que, neste caso, o prêmio deveria ir para Steven
Spielberg, pela brilhante direção de Lincoln, que envolveu dar vida a um
roteiro monumental e extrair o melhor de um elenco fabuloso. Daniel Day Lewis,
claro, era a maior “barbada” do ano, ao lado do melhor filme em língua
estrangeira, “Amor” (Áustria) e da melhor canção, “Skyfall”, de “007 – Operação
Skyfall” . No filme a música funciona maravilhosamente, mas ao vivo, no show do
Oscar, a apresentação de Adele foi fria e decepcionante, o que ficou evidente
pela reação do público, que a aplaudiu apenas polidamente, se compararmos com a
calorosa recepção dada a Shirley Bassey, que cantou “Goldfinger”, ao coro
formado por todo o elenco de “Os Miseráveis” e a Barbra Streisand cantando “The
Way We Were”, homenagem ao grande Marvin Hamlish, compositor falecido no ano
passado...
Bom, chega de falar dos filmes de
2012. A maratona de 2013 já começou! E viva Michelle Obama, a verdadeira grande
surpresa da maior festa do cinema mundial!
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