Por
José Farid Zaine
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Dan
Brown e Khaled Hosseini transformaram-se naqueles tipos raros de escritores
cujas obras, antes mesmo de serem escritas, causam furor no mercado editorial e
deixam “acesos” produtores cinematográficos. Nesta semana chegaram às livrarias
do Brasil os dois mais recentes candidatos dos dois autores a permanecerem na
lista dos mais vendidos por incontáveis semanas. Já se prevê que as tiragens
iniciais para “Inferno”, de Dan Brown, e “O Silêncio das Montanhas”, de Khaled
Hosseini, gigantescas para os padrões brasileiros (500.000 exemplares e
300.000, respectivamente) sejam rapidamente consumidas.
O
primeiro capítulo de “Inferno” está disponível na internet. Impossível ler e
não querer continuar. Brown tem a capacidade de “amarrar” o leitor já nos
primeiros parágrafos, para não dizer nas primeiras páginas. Essa capacidade de
contar uma história a partir de um ponto de extremo interesse e só fazer com
que esse interesse se mantenha e aumente por centenas de páginas, não é para
muitos...E foi assim que “O Código Da Vinci” se transformou num monumental best-seller
internacional, ao mesmo tempo em que milhões de leitores ficaram aguardando o
lançamento do filme baseado no romance. Desde a escalação do elenco, escolha de
diretor e técnicos, tudo gerou notícia e expectativa. Talvez por isso mesmo o
filme de Ron Howard, com Tom Hanks encarnando Robert Langdom com um horrendo
penteado, e Audrey Tautou interpretando Sophie Neveu, não tenha agradado nem
feito o furor que se esperava, muito longe do que o que fora causado pelo
livro. O mesmo aconteceu com “Anjos e Demônios”, sucesso de vendas nas
livrarias e uma certa decepção com a adaptação para o cinema, também dirigida
por Ron Howard.
Que
destino terá nas telas o “Inferno” concebido por Dan Brown, e que nos traz o
professor de Simbologia Robert Langdom numa história inusitada que faz
referência a outro inferno, muito mais famoso, o de Dante ? Quantos novos
leitores serão atraídos? E o cinema, fará jus desta vez às intrincadas
aventuras do pesquisador? Enquanto não temos como conferir este “Inferno” nas
telas, fiquemos com uma revisão das principais adaptações dos sucessos do
autor, disponíveis em DVD.
E
Khaled Hosseini? O inferno dele seria o próprio país natal, o Afeganistão, com
todo o sofrimento causado pela guerra e pelo terrorismo. O extraordinário
sucesso de “O Caçador de Pipas” conduziu milhões de leitores para uma viagem
emocionante a um país belo e exótico, dilacerado por bombas e invasões. Uma
história belíssima e muito bem contada só poderia resultar num grande filme,
mas não foi o que aconteceu. Não que “O Caçador de Pipas”, dirigido por Mark
Forster seja ruim, longe disso. É um bom filme, que se vê com muito interesse,
embora a inevitável comparação com o romance seja desfavorável ao que se vê no
cinema. Hora de rever a obra em DVD, enquanto lemos “O Silêncio das Montanhas”,
belo título do novo livro e que deverá render outro filme para muito breve.
Qual
será a imagem que um filme baseado no novo livro de Dan Brown fixará em nossas
mentes? Será semelhante àquela que nossa imaginação criar pela leitura inevitável
do sucesso que se anuncia? Um exercício interessante será buscarmos, na nossa
memória cinematográfica, a visão do cinema sobre o inferno, não necessariamente
aquele concebido por Dante em “A Divina Comédia”, ou por John Milton, no seu
“Paraíso Perdido”. Além de labaredas e fornalhas queimando os pecadores pela
eternidade, o inferno bem poderia ser considerado algo como a terra minada do
Afeganistão de Hosseini, mutilando corpos, como vimos em “A Caminho de
Kandahar” ou como os campos de concentração de “A Lista de Schindler” e tantos
outros tenebrosos registros sobre o Holocausto.
Fiquemos,
nesta semana, com a leitura de “Inferno”, de Dan Brown, e “O Silêncio das
Montanhas”, de Khaled Hosseini, e anteciparemos, através da imaginação, como
serão os blockbusters gerados por eles.