sexta-feira, 24 de maio de 2013

OS INFERNOS DE DAN BROWN E KHALED HOSSEINI


Por José Farid Zaine
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Dan Brown e Khaled Hosseini transformaram-se naqueles tipos raros de escritores cujas obras, antes mesmo de serem escritas, causam furor no mercado editorial e deixam “acesos” produtores cinematográficos. Nesta semana chegaram às livrarias do Brasil os dois mais recentes candidatos dos dois autores a permanecerem na lista dos mais vendidos por incontáveis semanas. Já se prevê que as tiragens iniciais para “Inferno”, de Dan Brown, e “O Silêncio das Montanhas”, de Khaled Hosseini, gigantescas para os padrões brasileiros (500.000 exemplares e 300.000, respectivamente) sejam rapidamente consumidas.
O primeiro capítulo de “Inferno” está disponível na internet. Impossível ler e não querer continuar. Brown tem a capacidade de “amarrar” o leitor já nos primeiros parágrafos, para não dizer nas primeiras páginas. Essa capacidade de contar uma história a partir de um ponto de extremo interesse e só fazer com que esse interesse se mantenha e aumente por centenas de páginas, não é para muitos...E foi assim que “O Código Da Vinci” se transformou num monumental best-seller internacional, ao mesmo tempo em que milhões de leitores ficaram aguardando o lançamento do filme baseado no romance. Desde a escalação do elenco, escolha de diretor e técnicos, tudo gerou notícia e expectativa. Talvez por isso mesmo o filme de Ron Howard, com Tom Hanks encarnando Robert Langdom com um horrendo penteado, e Audrey Tautou interpretando Sophie Neveu, não tenha agradado nem feito o furor que se esperava, muito longe do que o que fora causado pelo livro. O mesmo aconteceu com “Anjos e Demônios”, sucesso de vendas nas livrarias e uma certa decepção com a adaptação para o cinema, também dirigida por Ron Howard.



Que destino terá nas telas o “Inferno” concebido por Dan Brown, e que nos traz o professor de Simbologia Robert Langdom numa história inusitada que faz referência a outro inferno, muito mais famoso, o de Dante ? Quantos novos leitores serão atraídos? E o cinema, fará jus desta vez às intrincadas aventuras do pesquisador? Enquanto não temos como conferir este “Inferno” nas telas, fiquemos com uma revisão das principais adaptações dos sucessos do autor, disponíveis em DVD.
E Khaled Hosseini? O inferno dele seria o próprio país natal, o Afeganistão, com todo o sofrimento causado pela guerra e pelo terrorismo. O extraordinário sucesso de “O Caçador de Pipas” conduziu milhões de leitores para uma viagem emocionante a um país belo e exótico, dilacerado por bombas e invasões. Uma história belíssima e muito bem contada só poderia resultar num grande filme, mas não foi o que aconteceu. Não que “O Caçador de Pipas”, dirigido por Mark Forster seja ruim, longe disso. É um bom filme, que se vê com muito interesse, embora a inevitável comparação com o romance seja desfavorável ao que se vê no cinema. Hora de rever a obra em DVD, enquanto lemos “O Silêncio das Montanhas”, belo título do novo livro e que deverá render outro filme para muito breve.
Qual será a imagem que um filme baseado no novo livro de Dan Brown fixará em nossas mentes? Será semelhante àquela que nossa imaginação criar pela leitura inevitável do sucesso que se anuncia? Um exercício interessante será buscarmos, na nossa memória cinematográfica, a visão do cinema sobre o inferno, não necessariamente aquele concebido por Dante em “A Divina Comédia”, ou por John Milton, no seu “Paraíso Perdido”. Além de labaredas e fornalhas queimando os pecadores pela eternidade, o inferno bem poderia ser considerado algo como a terra minada do Afeganistão de Hosseini, mutilando corpos, como vimos em “A Caminho de Kandahar” ou como os campos de concentração de “A Lista de Schindler” e tantos outros tenebrosos registros sobre o Holocausto.

Fiquemos, nesta semana, com a leitura de “Inferno”, de Dan Brown, e “O Silêncio das Montanhas”, de Khaled Hosseini, e anteciparemos, através da imaginação, como serão os blockbusters gerados por eles.

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