sexta-feira, 7 de junho de 2013

SANGUE NOVO NA JORNADA NAS ESTRELAS

Por José Farid Zaine
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“ Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise... Em sua missão de cinco anos... para explorar novos mundos... para pesquisar novas vidas... novas civilizações... audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve”... Com esse texto, um narrador  abria solenemente os episódios semanais de “Jornada nas Estrelas”, série surgida nos anos 1960, que quase não passou da primeira temporada nos EUA por falta de audiência. Depois de permanecer até uma terceira temporada uma legião de fãs no mundo todo não deixou que a série ficasse fora da TV. Daí para a franquia no cinema, era um passo inevitável. E depois de mais de uma dezena de filmes de sucesso, chega às salas o segundo exemplar dirigido por J.J. Abrams. Os saudosistas não terão do que reclamar, pois o filme só valoriza a história e as personagens, criando uma imagem moderna, ágil e belíssima para as aventuras da célebre nave e sua simpática tripulação. Mesmo os bem  jovens, que não viram nada do início da saga espacial ou tiveram acesso apenas ao que está disponível na internet, terão motivos de sobra para gostar.   



“Além da escuridão - Star Trek” tem todos os elementos necessários ao sucesso dos blockbusters:  o roteiro é bem amarrado, a história é interessante, os efeitos especiais são abundantes e de primeiríssima qualidade, direção de arte e fotografia são acompanhados de ótima trilha sonora (a cargo de Michael Giacchino)...e apesar do filme não ter sido originalmente filmado em 3D, a transposição para essa tecnologia trouxe um brilho extra para as qualidades visuais. A edição de som também é espetacular.
Não é só pelas qualidades técnicas, contudo, que sobrevive e se segura com dignidade essa nova aventura dirigida pelo competente Abrams, o renovador da série a partir de 2009. O elenco é excelente e traz um vigor novo para personagens tão conhecidas e adoradas pelo público: Chris Pine cai como uma luva para o Capitão Kirk; ele não é apenas o astro bonitão que é usado para chamariz, mas um bom ator de verdade. Zachary Quinto também ficou ótimo como Mr. Spock, firmando-se como o herdeiro de Leonard Nimoy, cuja breve aparição é apenas uma das citações e homenagens que estão por todo o  filme. Zoe Saldana ( a mulher azul de Avatar) também vai bem, para garantir o lado feminino, embora o caso com Spock seja mais cômico que romântico. A introdução de uma nova personagem, vivida pela bela Alice Eve, como Carol, nada acrescenta, mas também não atrapalha. A cena em que ela fica de calcinha e sutiã, sugerindo que vem aí um possível namoro com o Cap. Kirk, foi muito criticada, mas não tem relevância, nem compromete o filme.
Quem rouba a cena, entretanto, é o vilão. Não há aventura do gênero que se segure sem um bom vilão. Não ficaram boas lembranças de Eric Bana, do exemplar de 2009, então J.J.Abrams recorreu ao  excelente ator  britânico Benedict Cumberbatch para compor o terrorista John Harrison. Ele está perfeito, com seu olhar gélido e a voz profunda, além do rosto quase ebúrneo que lhe dá um aspecto meio fantasmagórico, mais do que maquiavélico.
Em “Além da Escuridão- Star Trek” não estamos apenas em uma ficção científica futurista, apesar dos cenários e do ano em que se passa a ação. Na história temos um atentado terrorista, a procura obstinada pelo autor e um misto de violência e desejo de vingança. O ataque a uma biblioteca no centro de Londres não é mera coincidência que tenha semelhança com o 11 de setembro em Nova York, e depois com a caça a Bin Laden ou o sentimento que dominou a nação americana após o trágico acontecimento.
“Star Trek” valoriza o nome de J.J. Abrams, que será o responsável pela direção da continuação de uma das franquias mais bem-sucedidas da história do cinema, “Star  Wars”. Com certeza sua ousadia e seu domínio sobre o ritmo frenético de aventuras espaciais garantiram sua escolha.
Depois de várias pré-estreias por todo o Brasil na semana passada e nesta, o novo “Star Trek” está chegando ao circuito normal para ocupar centenas de salas. O filme tem um início frenético, marcado por imagens e cores impressionantes, além da música poderosa e envolvente. O espectador é “agarrado” nas primeiras sequências e o ritmo permanece durante as mais de duas horas que se sucedem, sendo amenizado pelo humor quase sempre presente em afiados e inteligentes diálogos. Estamos falando, obviamente, de um ótimo divertimento, embora nada mais que o prometido.

O novo filme, assim como o anterior, abandonam o nome “Jornada nas Estrelas” para que se fixe o título “Star Trek”, sem tradução. Nada tira, contudo, a ligação umbilical com a história original, concebida para a TV em uma produção modestíssima, se comparada com a atual versão para a tela grande, que consumiu mais de 180 milhões de dólares. Essa soma, sem dúvida, voltará em dobro brevemente para os cofres dos estúdios. Sucesso quase tão veloz quanto  a Enterprise “entrando em dobra” em busca do espaço, a fronteira final!

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