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“ Espaço:
a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise... Em
sua missão de cinco anos... para explorar novos mundos... para pesquisar novas
vidas... novas civilizações... audaciosamente indo onde nenhum homem jamais
esteve”... Com esse texto, um narrador abria solenemente os episódios semanais de
“Jornada nas Estrelas”, série surgida nos anos 1960, que quase não passou da
primeira temporada nos EUA por falta de audiência. Depois de permanecer até uma
terceira temporada uma legião de fãs no mundo todo não deixou que a série
ficasse fora da TV. Daí para a franquia no cinema, era um passo inevitável. E
depois de mais de uma dezena de filmes de sucesso, chega às salas o segundo
exemplar dirigido por J.J. Abrams. Os saudosistas não terão do que reclamar,
pois o filme só valoriza a história e as personagens, criando uma imagem
moderna, ágil e belíssima para as aventuras da célebre nave e sua simpática
tripulação. Mesmo os bem jovens, que não
viram nada do início da saga espacial ou tiveram acesso apenas ao que está
disponível na internet, terão motivos de sobra para gostar.
“Além
da escuridão - Star Trek” tem todos os elementos necessários ao sucesso dos
blockbusters: o roteiro é bem amarrado,
a história é interessante, os efeitos especiais são abundantes e de
primeiríssima qualidade, direção de arte e fotografia são acompanhados de ótima
trilha sonora (a cargo de Michael Giacchino)...e apesar do filme não ter sido
originalmente filmado em 3D, a transposição para essa tecnologia trouxe um brilho
extra para as qualidades visuais. A edição de som também é espetacular.
Não
é só pelas qualidades técnicas, contudo, que sobrevive e se segura com
dignidade essa nova aventura dirigida pelo competente Abrams, o renovador da
série a partir de 2009. O elenco é excelente e traz um vigor novo para
personagens tão conhecidas e adoradas pelo público: Chris Pine cai como uma
luva para o Capitão Kirk; ele não é apenas o astro bonitão que é usado para
chamariz, mas um bom ator de verdade. Zachary Quinto também ficou ótimo como
Mr. Spock, firmando-se como o herdeiro de Leonard Nimoy, cuja breve aparição é
apenas uma das citações e homenagens que estão por todo o filme. Zoe Saldana ( a mulher azul de Avatar)
também vai bem, para garantir o lado feminino, embora o caso com Spock seja
mais cômico que romântico. A introdução de uma nova personagem, vivida pela
bela Alice Eve, como Carol, nada acrescenta, mas também não atrapalha. A cena
em que ela fica de calcinha e sutiã, sugerindo que vem aí um possível namoro
com o Cap. Kirk, foi muito criticada, mas não tem relevância, nem compromete o
filme.
Quem
rouba a cena, entretanto, é o vilão. Não há aventura do gênero que se segure
sem um bom vilão. Não ficaram boas lembranças de Eric Bana, do exemplar de
2009, então J.J.Abrams recorreu ao excelente ator
britânico Benedict Cumberbatch para compor o terrorista John Harrison.
Ele está perfeito, com seu olhar gélido e a voz profunda, além do rosto quase
ebúrneo que lhe dá um aspecto meio fantasmagórico, mais do que maquiavélico.
Em “Além
da Escuridão- Star Trek” não estamos apenas em uma ficção científica futurista,
apesar dos cenários e do ano em que se passa a ação. Na história temos um
atentado terrorista, a procura obstinada pelo autor e um misto de violência e
desejo de vingança. O ataque a uma biblioteca no centro de Londres não é mera
coincidência que tenha semelhança com o 11 de setembro em Nova York, e depois
com a caça a Bin Laden ou o sentimento que dominou a nação americana após o
trágico acontecimento.
“Star
Trek” valoriza o nome de J.J. Abrams, que será o responsável pela direção da
continuação de uma das franquias mais bem-sucedidas da história do cinema,
“Star Wars”. Com certeza sua ousadia e
seu domínio sobre o ritmo frenético de aventuras espaciais garantiram sua
escolha.
Depois
de várias pré-estreias por todo o Brasil na semana passada e nesta, o novo
“Star Trek” está chegando ao circuito normal para ocupar centenas de salas. O
filme tem um início frenético, marcado por imagens e cores impressionantes, além
da música poderosa e envolvente. O espectador é “agarrado” nas primeiras
sequências e o ritmo permanece durante as mais de duas horas que se sucedem, sendo
amenizado pelo humor quase sempre presente em afiados e inteligentes diálogos. Estamos
falando, obviamente, de um ótimo divertimento, embora nada mais que o
prometido.
O
novo filme, assim como o anterior, abandonam o nome “Jornada nas Estrelas” para
que se fixe o título “Star Trek”, sem tradução. Nada tira, contudo, a ligação
umbilical com a história original, concebida para a TV em uma produção
modestíssima, se comparada com a atual versão para a tela grande, que consumiu
mais de 180 milhões de dólares. Essa soma, sem dúvida, voltará em dobro
brevemente para os cofres dos estúdios. Sucesso quase tão veloz quanto a Enterprise “entrando em dobra” em busca do
espaço, a fronteira final!
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