segunda-feira, 25 de março de 2013

CINEMA DA TERRA DE FRANCISCO




Por José Farid Zaine
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Quando anunciaram que o novo Papa  era o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, um argentino, muitos brasileiros ficaram desapontados, porque torciam e tinham esperança de que , desta vez, teríamos um Papa brasileiro, no caso o Cardeal Dom Odilo Scherer... “Justo um argentino?”, gritaram alguns, levando para a questão religiosa de maior relevância para o mundo inteiro, uma rivalidade baseada, sobretudo, no futebol, quesito em que o Brasil ganha, pela história de conquistas de Copas do Mundo...embora haja Maradona e Messi! Mas e se o caso for o Prêmio Nobel? A Argentina ganhou  5 vezes...já o Brasil...é lógico que merecia, mas nunca ganhou. E no cinema? Duas vezes Oscar de  “melhor filme estrangeiro”, enquanto que nós ... E agora o Papa? Humilhação demais, disseram muitos, num ímpeto momentâneo de furor nacionalista. Mas foi só Francisco aparecer no balcão, com seu amplo e iluminado sorriso, com seus gestos transbordantes de humildade, com  seu nome revelador das intenções de um verdadeiro santo, que imediatamente desapareceu sua nacionalidade para que todos o aceitassem como um grande Pai,o que faltava, o que agora tem o mundo como Pátria...



O que teria sentido esse Jesuíta avesso ao luxo e à ostentação, nos momentos cruciais das votações na Capela Sistina? O que teriam sentido, no fundo da alma, cada um de seus companheiros? Impossível avaliar,mas uma ajuda substancial pode vir da revisão de um ótimo filme do italiano Nanni Moretti,que há algum tempo recomendei aos caros leitores e leitoras: “Habemus Papam”, título que diz tudo sobre o assunto do roteiro...É extremamente oportuno ver ou rever o filme de Moretti agora, principalmente quando sabemos que sobre os ombros de Francisco pesa uma  tarefa monumental, a de enfrentar os escândalos da Igreja, financeiros, políticos e sexuais. A ideia do artigo era indicar apenas filmes argentinos, mas não podia deixar de mencionar esse original e atualíssimo exemplar da nova safra do cinema italiano.
E o cinema argentino? Até como homenagem à terra natal do Papa Francisco, vou indicar um novo sucesso de nossos talentosos vizinhos e duas revisões necessárias.
ELEFANTE BRANCO
Ainda em exibição nos cinemas, mas já com breve lançamento em DVD e Blu-Ray, podemos ver a mais recente obra do diretor Pablo Trapero, “Elefante Branco”, com o onipresente – mas sempre ótimo – Ricardo Darín. O Filme foi lançado no Brasil no final de 2012, portanto o momento é mais do que apropriado para apreciá-lo, por muitos motivos: é argentino, e estamos indicando filmes da terra do novo Papa, tem um grande diretor, um ator magnífico e carismático, quase um símbolo do novo cinema argentino de repercussão internacional, e seu tema é justamente a Igreja Católica em Buenos Aires, mais precisamente numa favela  chamada Villa Virgen, onde atuam dois padres.
 Os protagonistas de “Elefante Branco” são esses padres bem intencionados que lutam por seus ideais e sua crença, que vão além da função pastoral para cuidarem de questões sociais, intransigência da polícia, omissão da política e da própria Igreja, sendo que esses são apenas alguns dos ingredientes que conferem realismo e incrível atualidade ao longa. Não haveria uma semelhança com um certo cardeal portenho, conhecido por seus hábitos de extrema simplicidade e por sua coragem de enfrentar abertamente o Poder Executivo da Argentina? Não dá pra não ver esse novo exemplar da rica filmografia dos nossos vizinhos oscarizados... E, por falar em Oscar, vale uma revisão dos dois que levaram a estatueta para a Argentina: “A História Oficial”, de 1985 , e “O Segredo de Seus Olhos”,de 2010.
“A História Oficial” é um contundente drama político ambientado na época da ditadura militar, com a grande atriz Norma Aleandro, vencedora do prêmio de Melhor Atriz em Cannes. Já “O Segredo de Seus Olhos”,  com Ricardo Darín,  história de um oficial de justiça aposentado que passa a investigar o caso de estupro e assassinato de uma jovem, arrebatou o Oscar desbancando a obra-prima “A Fita Branca”, de Michael Haneke, na época representando a Alemanha.
Há muito para recomendar dentre filmes argentinos de grande qualidade. Mas nestes dias de grandes e promissoras mudanças, fiquemos com esses, para que o cinema nos ajude a compreender melhor a Terra de Francisco!

sexta-feira, 15 de março de 2013

CINE-TEATRO ANNA KARENINA




Por José Farid Zaine
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O diretor Joe Wright gosta muito de Keira Kgnithley, uma ótima atriz com quem fez os belos “Desejo e Reparação” e “Orgulho e Preconceito”. Talvez sua admiração pela atriz seja tanta, que nem tenha pensado em outra protagonista para “Anna Karenina”, mais uma versão para o cinema do universalmente consagrado romance de  Tolstoi, que estreia hoje no Brasil.
 Apesar de linda e talentosa, Keira Kgnithley não foi bem recebida pela crítica no papel da esposa de um alto funcionário do governo da Rússia imperial de 1874, Karenin, que se apaixona por um jovem oficial da Cavalaria, Vronsky, assume diante do esposo sua relação extraconjugal e é julgada pela rígida e moralista sociedade da época. O marido traído cai muito bem para Jude Law , mas o amante, na pele de Aaaron Taylor-Johnson, não convence de jeito nenhum. Kgnithley está muito magra, o que causa certa estranheza, em virtude da imagem que se costuma criar da personagem. Mas em muitos momentos, auxiliada pela exuberância do figurino, ela consegue fixar uma imagem cheia de beleza e misteriosa sensualidade.



A história de “Anna Karenina” é sobejamente conhecida. Talvez por esse motivo Wright tenha optado por uma adaptação ousada, original: ele coloca a ação num teatro, como se todo o drama das personagens fosse uma peça teatral, e como se isso revelasse a visão da sociedade russa da época, toda ela uma grande encenação. Consta, porém, por notícias veiculadas em sites especializados ,que o diretor fez essa opção corajosa por economia, pois a produção inicialmente prevista para suntuosos cenários em muitas locações, teria tornado o projeto do filme inviável. Por um lado, temos o resultado interessante do uso do teatro, seus espaços, seu maquinário, onde a maior parte da trama se desenrola. Por outro lado, embora belíssimo, o filme de Joe Wright fica sempre “espremido” no espaço cênico de um teatro, o que em certas sequências exerce opressão sobre as personagens. Apenas a vida no interior, longe da hipocrisia da cidade grande, é filmada em cenários abertos e naturais.
“Anna Karenina” obteve quatro indicações ao Oscar e ganhou apenas o de figurino, como previmos aqui. Era considerado imbatível na categoria Direção de Arte , mas aqui também coloquei a minha opinião, a de que eu preferia a “limpeza” e funcionalidade  de “ Lincoln” ao rebuscado e sobrecarregado desenho de produção de “Anna”. Deu “Lincoln” nessa categoria. O figurino de Jacqueline Durran é realmente magnífico, criativo, e dá vida e realce aos aspectos visuais do filme, cuja fotografia também obteve indicação,assim como a trilha sonora.

OUTRAS ANNAS
O Cinema sempre gostou muito da obra de  Tolstoi, e várias adaptações foram feitas, tanto na Rússia como no Ocidente. Uma das mais  elogiadas  versões é a de 1935, com Greta Garbo no papel de Anna, com direção de Clarence Brown.
Em 1948, Vivien Leigh, célebre intérprete de Scarlet O´Hara em “E o Vento Levou”, criou sua Karenina, no filme dirigido por Julien Duvivier, com Ralph Richardson no papel de Karenin.
Para os russos, a grande intérprete de Anna Karenina é Tatiana Samoilova, na versão dirigida por Aleksandr Zarkhi e que contou com a participação da primeira bailarina do Bolshoi, Maya Plisetskaya, em 1967.
Em 1997, Bernard Rose filmou o romance, com Sophie Marceau no Papel de Anna e James Fox como Karenin.
Todas as Kareninas do cinema tem sua particularidade, seu charme. Os filmes nem sempre tiveram o sucesso almejado. Esta versão mais recente, com seu atrevimento formal, tanto pode conquistar outras platéias que não são muito chegadas a adaptações de obras literárias,  quanto pode afastar justamente os amantes do livro de Tolstoi.
Enfim, não deixa de ser uma opção interessante conhecer o filme de Joe Wright, com a marca de seu apelo teatral, não apenas em relação ao espaço cênico, mas com suas sequências marcadas, coreografadas, operísticas. A partir de hoje, portanto, bem-vindos ao Cine-Teatro Anna Karenina. 

sábado, 9 de março de 2013

HITCHCOCK TINHA ALMA


Por José Farid Zaine
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Anthony Hopkins está na pele de Alfred Hitchcock no filme “Hitchcock”, baseado no livro que relata o making-off de “Psicose” (Psycho), um dos maiores sucessos do mestre do suspense  e um dos maiores filmes do gênero feitos até hoje...Paradoxalmente,  “Psicose” foi realizado com um baixo orçamento, financiado pelo próprio diretor, porque a Paramount, com a qual tinha contrato, não queria investir um centavo em um filme de terror em que a “mocinha” morria aos trinta minutos de exibição...Obstinado, Hitchcock , com o apoio de sua mulher e melhor amiga, Alma Reville, moveu céus e terra, brigou com censores e executivos, hipotecou sua casa e arrumou o dinheiro para financiar o filme. Ele adquiriu os direitos de filmagem do livro homônimo  de Robert Bloch, e, corajosamente, mandou comprar todos os exemplares do livro colocados à venda, para que ninguém soubesse  o final da história. Com tudo contra, incluindo problemas de saúde e uma crise conjugal por ciúmes de Alma, Hitchcock foi driblando todas as dificuldades com golpes de mestre. Quando o filme ficou pronto, a Paramount se recusou a exibi-lo. Hitch e Alma, então, reeditaram a obra, tornando-a mais ágil e enxuta, e foi preparado um lançamento modesto, mais cheio de armas para estimular o “boca a boca”. Essas armas incluíam um manual para os exibidores, orientando sobre como deveria ser tratado o público: nenhuma pessoa poderia entrar após o início da sessão, guardas seriam convocados pra evitar tumultos, haveria avisos sobre os choques emocionais que os espectadores poderiam sofrer...Não deu outra: contra as mais pessimistas previsões dos executivos, “Psicose” logo se transformou num arrasador sucesso de público, até chegar à cifra de 40 milhões de dólares nas bilheterias, contra o investimento de apenas 800 mil.
“Hitchcock” tem muitas qualidades. Para quem viu “Psicose”, a versão original de 1960, é um exercício fascinante acompanhar os passos da produção desse grande clássico, saber como foram feitas as escolhas para o elenco, e analisar o comportamento dos executivos de Hollywood nesse período, a censura ridícula que imperava e determinava o que podia ser visto ou não. Infelizmente, a parte mais interessante, a que revela a filmagem das sequências, é a menor, com um destaque absolutamente natural para uma das cenas mais emblemáticas do filme, e que se transformou, juntamente com a trilha sonora que a acompanha, também numa das cenas mais icônicas do cinema em todos os tempos: a morte da protagonista, Marion Crane, no chuveiro. A intérprete original foi Janet Leigh, agora vivida por Scarlet Johansson. Consta que a cena foi exaustivamente filmada, com dezenas de tomadas de todos os ângulos, e preocupações extremas com mínimos detalhes. O som da faca no corpo, por exemplo,  foi tirado de facadas num melão...a música, uma das mais famosas do cinema, composta por Bernard Herrmann, entrou quase no final da edição, quando Hitchcock se convenceu de que era realmente boa.
Para quem deseja ver “Hitchcock” no cinema e não viu “Psicose”, é preciso antes passar numa locadora e assistir a este thriller aterrorizante, em sua versão original, em preto e branco, com Janet Leigh, Anthony Perkins, Vera Miles e John Gavin. Que ninguém se equivoque e leve pra casa a versão feita por Gus Van Sant em 1998, colorida, e rigorosamente dispensável.
Anthony Hopkins, um grande ator, não tem em “Hitchcock” um de seus melhores momentos. Ele está bastante caricato, o que é uma surpresa, e a maquiagem não convence. É só comparar cenas do filme com imagens verdadeiras de Alfred Hitchcock, existentes aos milhares na internet. Tive muita expectativa pra ver esse filme, pois achava que, diante da excelência da carreira de Hopkins, ele poderia repetir, com seu Hitch, o que Meryl Streep fez com Margaret Thatcher, o que Marion Cotillard fez com Piaf ou o que Daniel Day-Lewis fez com Lincoln. Mas ele passa muito, muito longe disso. Já Helen Mirren, como a segura, sensata e prática Alma, carrega o filme, chegando a ofuscar a personagem principal.
Muitos críticos tem “detonado” o filme dirigido por Sacha Gervasi. Uma das maiores reclamações é quanto aos diálogos imaginários de Hitchcock com o serial killer que inspirou Robert Bloch a criar “Psicose”. Isso não era necessário, com toda a certeza. Enfim, o longa tem problemas, mas tem qualidades suficientes para que se possa indicá-lo, principalmente aos fãs do mais importante criador de filmes de suspense da história do cinema, o diretor que tiranizava suas musas, suas belas loiras , como foram Grace Kelly, Kim Novak e, principalmente, Tippi Hedren, que fez com ele “Marnie, Confissões de Uma Ladra” e “Os Pássaros”. A obscura relação com Hedren é tema de um telefilme muito elogiado, “The Girl”, indicado ao Globo de Ouro.
“Hitchcock”, em cartaz no Brasil desde a semana passada, tem mais pontos de interesse sem ser a filmagem de “Psicose”. Ele revela que o gênio, obcecado pela perfeição e com um temperamento fortíssimo, tinha Alma. Sim, Hitchcock tinha alma, a sua Alma, para quem esse filme faz alguma justiça.

segunda-feira, 4 de março de 2013

OSCAR 2013: PRESTANDO CONTAS




Por José Farid Zaine
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Alguns amigos leitores, depois do resultado do Oscar 2013, que aconteceu no domingo passado, pediram-me, em tom de brincadeira, que falasse algumas dezenas para que eles jogassem na Mega-Sena, já que eu tinha acertado a quase totalidade de minhas previsões, publicadas no Cineart da semana passada, dois dias antes do anúncio dos premiados pela Academia...Mas, diferentemente do que alguns possam imaginar, dar palpites sobre o Oscar nada tem a ver com chute, com sorte...Minhas opiniões são baseadas na análise dos filmes que vejo durante o ano todo, e numa maratona que começa em novembro, meses antes do anúncio dos indicados! Uma tarefa extremamente prazerosa, principalmente num ano de tantos filmes bons.
Muita coisa do que eu disse antes foi confirmada na noite do Oscar e comentada depois . Na Folha de São Paulo da terça-feira, 26 de fevereiro, por exemplo, o título da matéria de Inácio Araujo, grande crítico de cinema, era “Oscar Para Todos”, em que ele menciona uma premiação “pulverizada”... Pois bem, na minha matéria sobre os prognósticos finais a respeito das premiações deste ano, eu disse aqui no Cineart:
Penso que, desta vez, o Oscar vai ser pulverizado, isto é,
nenhum filme vai levar muitas estatuetas, talvez o mais premiado saia
com 4 Oscars apenas.
E foi o que aconteceu, assim como observado por Inácio Araújo: O Oscar foi realmente pulverizado, bem dividido entre muitos filmes, sendo que o mais premiado, “As Aventuras de Pi”, levou exatamente 4 estatuetas!
Coisas que eu gostei muito de acertar:
Direção de arte para “Lincoln”: enquanto a maioria dos críticos e sites especializados davam “Anna Karenina” como imbatível nesta categoria, e os que discordavam apostavam em “As Aventuras de Pi”, eu escolhi “Lincoln” pela limpeza do seu desenho de produção, pela recriação de época traduzida em espaços e móveis inseridos de forma perfeita.
A premiação de ARGO eu dei como certa para melhor filme, e considerei que a obra do esnobado diretor Ben Affleck levaria também os Oscars de Montagem, Roteiro Adaptado (o favorito era Lincoln) e som. Só dei a mais o prêmio de Som, que ficou no empate entre “Skyfall” e “A Hora Mais Escura”, boas escolhas. Quem ainda não viu Argo, não pode perder tempo. Aliás, o filme do ano  já foi lançado em DVD e Blu-Ray.
Sobre “Os Miseráveis”, o arrebatador musical concebido para o Teatro nos anos 1980 tendo como base a obra-prima de Victor Hugo, acertei que venceria em três das 8 categorias para as quais foi indicado: Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Mixagem de Som e Maquiagem. O Oscar de Mixagem de Som confirmou o difícil trabalho de conciliar a orquestração com as vozes dos atores e atrizes, captadas na hora da gravação da cena, sendo que o natural seria que fossem gravadas no estúdio e dubladas pelos atores. Deu certo.
Dentre as 8 indicações para “O Lado Bom da Vida” (Silver Linings Playbook), ficou mesmo um único Oscar, o de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence.
Sobre “Indomável Sonhadora “ (Beasts of The Southern Wild), eu disse:  O filme é todo da sua pequena protagonista, a incrível Quvenzhané Wallis, é muito original, tem uma belíssima trilha sonora (não indicada) mas suas 4 indicações serão sua única recompensa. Como vimos, o filme não levou nenhum prêmio.
Previ que “As Aventuras de Pi” (Life of Pi), que teve 11 indicações, ganharia nas categorias de Fotografia, Efeitos Visuais e Trilha Sonora... o filme ganhou esses três Oscars e ainda levou o de direção para Ang Lee, o grande diretor já premiado por “O Segredo de Brokeback Mountain”. Acho que, neste caso, o prêmio deveria ir para Steven Spielberg, pela brilhante direção de Lincoln, que envolveu dar vida a um roteiro monumental e extrair o melhor de um elenco fabuloso. Daniel Day Lewis, claro, era a maior “barbada” do ano, ao lado do melhor filme em língua estrangeira, “Amor” (Áustria) e da melhor canção, “Skyfall”, de “007 – Operação Skyfall” . No filme a música funciona maravilhosamente, mas ao vivo, no show do Oscar, a apresentação de Adele foi fria e decepcionante, o que ficou evidente pela reação do público, que a aplaudiu apenas polidamente, se compararmos com a calorosa recepção dada a Shirley Bassey, que cantou “Goldfinger”, ao coro formado por todo o elenco de “Os Miseráveis” e a Barbra Streisand cantando “The Way We Were”, homenagem ao grande Marvin Hamlish, compositor falecido no ano passado...
Bom, chega de falar dos filmes de 2012. A maratona de 2013 já começou! E viva Michelle Obama, a verdadeira grande surpresa da maior festa do cinema mundial!

NOITE DE ESTRELAS RELUZENTES


Por José Farid Zaine
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Em 2013 não teremos nenhum “Titanic”, ou “Ben-Hur” ou “O Retorno do Rei”, todos ganhadores de 11 Oscar. Embora numericamente possível, pois “Lincoln” tem 12 indicações e “As Aventuras de Pi” tem 11, são quase nulas as chances de se repetir o
record de premiações ou mesmo de superá-lo. 2012 foi um ano de bons
filmes, tanto que os 9 indicados ao prêmio principal são todos de ótima qualidade.
Há poucas ressalvas a fazer sobre os indicados. Eu, por exemplo,
colocaria Ben Affleck indicado a melhor diretor e “O Mestre” a melhor
filme. Penso que, desta vez, o Oscar vai ser pulverizado, isto é,
nenhum filme vai levar muitas estatuetas, talvez o mais premiado saia
com 4 Oscar apenas. Depois de ver tantos e bons filmes, vamos às
considerações finais para a grande noite do cinema no próximo domingo, em que tudo pode acontecer, principalmente nesta 85ª edição!


ARGO – é o meu favorito para Melhor Filme, mas a ausência de seu
diretor como indicado pode ser um elemento dificultador. “Argo” é um thriller político espetacular, e deve levar também os Oscar de melhor montagem (edição), Edição de som e roteiro adaptado, embora nessa última categoria a crítica considere “Lincoln” imbatível. Em todos os quesitos há fortes concorrente, e seria histórico “Argo” sair apenas com o Oscar de melhor filme...

LINCOLN – Embora campeão de indicações, o bom filme de Spielberg deve dar a ele o terceiro Oscar de direção e a Daniel Day-Lewis o terceiro de melhor ator. Ainda pode levar o de ator coadjuvante (Tommy Lee Jones) e Direção de Produção (direção de arte), que tem em Anna Karenina um grande favorito.
AS AVENTURAS DE PI – Ang Lee é o mais forte concorrente de Spielberg na categoria de melhor diretor. “Pi” é um filme belíssimo e suas qualidades técnicas devem ser recompensadas com os Oscar de Fotografia, Efeitos Visuais e Trilha Sonora.
A HORA MAIS ESCURA – O excelente e tenso filme de Kathryn Bigelow, que ganhou os  prêmios de direção e filme com “ Guerra ao Terror”, tem 5 indicações, mas deve ficar apenas com o Oscar de roteiro original, e ainda não seria injustiça perder nessa categoria para “Django Livre”.
OS MISERÁVEIS: O belo e arrebatador musical de Tom Hooper, recente vitorioso com “O Discurso do Rei”, tem uma das barbadas do ano: o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Anne Hathaway. Por mim, deve levar também os prêmios de Mixagem de Som e Maquiagem, este último quesito tido como quase certo para “O Hobbit”, de Peter Jackson.
O LADO BOM DA VIDA – indicado em 8 categorias, deve levar apenas o de Melhor atriz para Jennifer Lawrence. Gosto bastante dela e de sua interpretação,  embora minha preferida seja Emmanuelle Riva, em “Amor”.
AMOR – O magnífico drama de Michael Haneke, o diretor da obra-prima “A Fita Branca”, indicado em 5 categorias, vai levar o de Melhor Filme em Língua Estrangeira para a Áustria.  Um grande feito da Academia seria premiar Emmanuelle Riva como melhor atriz e Haneke como melhor diretor!
DJANGO LIVRE – O ótimo filme de Quentin Tarantino tem grandes chances no roteiro original, de autoria dele, e no de ator coadjuvante para Christoph Waltz, mas Waltz já ganhou recentemente este mesmo Oscar, em outro grande momento de Tarantino, “Bastardos Inglórios”.
INDOMÁVEL SONHADORA – O filme é todo da sua pequena protagonista, a incrível Quvenzhané Wallis, é muito original, tem uma belíssima trilha sonora (não indicada) mas suas 4 indicações serão sua única recompensa.
E ainda veremos a premiação de Melhor Figurino, que deve ir para “Anna Karenina”, melhor música para “007 – Operação Skyfall”, com o tema “Skyfall” lindamente cantado por Adele e melhor animação para “Valente”, embora meu favorito seja “Frankenweenie”, de Tim Burton, e haja outro forte concorrente, “Detona Ralph”.
Façamos nossas apostas, prognósticos e no domingo, dia 24, dia em que Emmanuelle Riva completa 86 anos, fiquemos com a curtição de acompanhar pela TV a mais fascinante batalha do cinema, a entrega do mais cobiçado prêmio artístico do mundo...e aí vamos falar de injustiças, gafes, belos vestidos ,figurinos extravagantes, piadas sem graça, shows de gosto duvidoso, enfadonhos discursos de agradecimento, comentaristas idiotas...mas, sobretudo, vamos saborear o que o cinema nos mostrou de melhor no ano que passou, sua evolução, suas conquistas, seus novos talentos, seus astros poderosos e suas reluzentes estrelas!