segunda-feira, 20 de junho de 2011

LEVE MEDO E ANGÚSTIA PARA SUA CASA. VAI SER DIVERTIDO.

Por José Farid Zaine

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Entre junho e julho, o CCBB e o CineSesc, em São Paulo, exibirão a Mostra Hitchcock, com a obra completa do mestre do suspense. Mas se vocês, caros leitores e leitoras, estão tristes porque não podem ir a São Paulo nesse período, para curtir na tela grande os filmes de Alfred Hitchcok, em película, podem criar, em casa, sua própria Mostra. É só programar algumas obras-primas do mestre disponíveis em DVD ou Blu-Ray, buscá-las numa locadora ou num site de venda de filmes...e momentos de absoluto deleite, sempre temperados com muito medo, suspense, agonia e terror, farão a festa desse festival doméstico.

Na minha mostra de filmes do grande Hitchcock, jamais poderiam faltar:

UM CORPO QUE CAI (Vertigo) – Filme de 1958, talvez o maior momento do diretor e um dos melhores filmes de todos os tempos, assíduo freqüentador das listas dos cinéfilos e críticos do mundo todo. A história é fascinante: homem contrata detetive para investigar a própria mulher, que vem tendo comportamentos estranhos e tendências suicidas...o detetive contratado, vivido por James Stewart, tem acrofobia (medo de altura), e começará a acreditar que a mulher, Madeleine, pode ser a reencarnação de outra , sua antepassada Carlotta Valdez, ou que estivesse possuída pela alma dela, que também tinha queda para o suicídio...Kim Novak, no auge da beleza, interpretando Madeleine, é a estrela desse magnífico, belo e misterioso filme, a que se assiste com ininterrupto e crescente interesse. “Um Corpo que Cai” também inovou na forma, e seus efeitos especiais marcaram época, a ponto de um deles ser chamado “efeito Vertigo”.

JANELA INDISCRETA (Rear Window), de 1954 – Aqui temos novamente James Stewart, um dos atores favoritos de Hitchcock. A loura da vez, já que o cineasta era louco por elas, é nada mais, nada menos, que Grace Kelly, tão intensamente bela e elegante, que saiu do cinema para ser princesa de verdade, encantando o mundo até o dia de sua morte precoce. “Janela Indiscreta” leva ao extremo a análise do próprio cinema: o que é real? o que é imaginação? o que é fantasia? Ao entrarmos no mistério do filme, somos nós mesmos levados a acreditar ou não em nossos próprios olhos.

OS PÁSSAROS (The Birds) – Clássico de terror de 1960. Alfred Hitchcock, que sempre aparecia em seus filmes, faz aqui uma emblemática participação ao passar por uma loja de animais. “Os Pássaros”, tem no elenco Rod Taylor, Tippi Hedren ( a loura que depois faria com o diretor “Marnie, Confissões de Uma Ladra”), Jessica Tandy e Suzanne Pleshette, recentemente falecida. O filme foi estrondoso sucesso em todo o mundo, provocando acalorados debates. Trata-se de uma adaptação da novela homônima de Daphne de Maurier. A questão, aliás não resolvida, é esta: o que fazer diante daquilo que não se pode conter, nem compreender? Forças incríveis da natureza estão sempre colocando o homem diante de sua impotência: terremotos, tsunamis, vendavais, epidemias...e, se, de repente, gaivotas serenas se tornassem monstros violentos e assassinos? Se milhares delas e outros pássaros inofensivos começassem, sem que ninguém soubesse o motivo, a provocar pânico e morte? O clima aterrorizante de “Os Pássaros” marcou o cinema para sempre, e ainda hoje pode exibir sua força.

PSICOSE (Psycho). Filme de 1963, em preto e branco, baseado no romance de Robert Bloch, arrebatou as plateias com seu suspense sufocante, com os movimentos de câmera que também causaram impacto, com sua trilha sonora espetacular criada por Bernard Herrmann, e com uma das sequências que viraram símbolo do cinema do gênero: a da morte da loura no chuveiro, ela interpretada por Janet Leigh. Anthony Perkins deu vida a sua personagem jamais igualada, Norman Bates, da qual nunca conseguiu se livrar. O remake, em cores, filmado em 1998, quadro a quadro como o original, dirigido por Gus Van Sant, uma das maiores idiotices já cometidas por um cineasta, foi um merecido fracasso. Não se mexe numa obra-prima como “Psicose”, mesmo porque o filme não envelhece, a exemplo dos outros clássicos de Alfred Hitchcock...

Bem, esses são apenas alguns exemplares da minha mostra hitchcockiana... uma segunda edição ainda poderia ser tão boa quanto esta, com “Rebecca, a Mulher Inesquecível”, “Topázio”, “O Homem que sabia Demais”, “Disque M para Matar”, “Ladrão de Casaca” e, sem dúvida alguma, “Intriga Internacional”. Programe sua mostra...e convide pessoas inteligentes e de bom gosto para com elas dividir o que foi feito de melhor no gênero dominado pelo seu maior mestre. Torça para que elas sintam muito, muito medo, e descubram o humor quase sempre presente numa obra ímpar.

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