terça-feira, 18 de outubro de 2011

NAMORADOS

Por José Farid Zaine

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Chega às locadoras o último filme de Ferzan Ozpetek, cineasta nascido na Turquia e radicado na Itália, “O Primeiro Que Disse” (Mine Vaganti). Trata-se de uma comédia dramática ambientada na cidade de Lecce, ao sul da Itália. Não será preciso dizer que a paisagem é belíssima, retratada por uma fotografia competente. Mas o filme está longe de ser uma daquelas comédias tipo “cartão postal” ou road movie turístico. A história é sobre uma família tradicional italiana, os Cantone, dona de uma fábrica de massas. O filho mais novo, Tommaso, interpretado por Riccardo Scamarcio, que deseja ser escritor e estuda em Roma, onde mantém um namoro com Marco, estudante de medicina, vem para Lecce decidido a revelar sua condição ao pai, num jantar em que o irmão mais velho, Antonio (Alessandro Preziosi), será anunciado como presidente da empresa. Acontece que Antonio, antecipando-se a Tommaso, resolve confessar que é gay. O pai, enfurecido, expulsa Antonio de casa, sofre um infarto, o que obriga Tommaso a deixar sua revelação para depois, uma vez que recai sobre ele a responsabilidade de tocar a fábrica. A partir daí, surgem fatos inesperados que vão revelando ao espectador a natureza das pessoas, suas paixões secretas, seus vícios...O jovem ator Riccardo Scamarcio, em ascensão na cena italiana principalmente por causa de sua beleza, abraçou sem medo o papel do protagonista, e é um dos trunfos do filme. “O Primeiro que Disse” nos devolve a comédia italiana agradável ao penetrar no universo familiar com as peculiaridades do povo desse país. Ozpetek não é nenhum Moniccelli, nem tampouco um Nanni Moretti, um Ettore Scola, mas se dá muito bem ao conduzir uma história cheia de nuances cômicas e dramáticas, sem cair no pastelão nem no melodrama. A intervenção mais descontraída, mais cômica, fica por conta dos amigos de Tommaso e de seu namorado que chegam à mansão dos Cantone de surpresa. Eles farão de tudo para não “entregarem” sua homossexualidade, tema explorado no já clássico “A Gaiola das Loucas”. Tudo, enfim, gira em torno de amores, namoros...a história da avó e seu romance com o cunhado (“só os amores impossíveis são eternos”, diz ela), o namoro do pai com sua amante, Tommaso e Marco, Antonio e Michele...a roda da vida movida pelo amor.

É assim em “Namorados para Sempre” (Blue Valentine), de 2010, dirigido por Derek Cianfrance, um belo e forte drama sentimental sobre um namoro que poderia ser eterno...aqui vamos ao encontro de um homem que, ao ver uma garota pela primeira vez, decide que ela será a mulher de sua vida. Ela vem de um relacionamento complicado, está sozinha e grávida...eles se acertarão e passarão a viver um romance cheio de emoções, reviravoltas, tensões...até que ponto o namoro continua poético e suave como nas primeiras promessas, nos primeiros encontros? Onde termina o amor e começa o sentimento de posse? Até onde o passado pode caminhar junto, sem destroçar uma relação?

“Namorados para Sempre” tem sua grande força na interpretação do casal de protagonistas. Ela é Michelle Williams, um talento já consolidado no poderoso drama “O Segredo de Brokeback Mountain”, em que fazia a esposa de Ennis Del Mar, personagem de Heath Ledger, enorme talento perdido numa morte precoce. Michelle, na vida real, foi esposa de Ledger, eles tiveram uma filha, mas estavam separados na ocasião da morte do ator. O parceiro de Michelle em “Namorados para Sempre” é Ryan Gosling, em uma interpretação perfeita, tocante. Em 2011 os dois foram indicados ao Globo de Ouro, e ela foi indicada ao Oscar de melhor atriz.

Dois bons motivos para ficar em casa curtindo um DVD: a comédia dramática italiana “O Primeiro que Disse” e o drama americano “Namorados para Sempre”. Em ambos conheceremos grandes emoções que só namorados experimentam, e veremos como elas chegam até nós pela ótica de bons diretores.

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