sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MIL MOSQUETEIROS

Por José Farid Zaine

farid.cultura@uol.com.br

Twitter: @faridzaine

Facebook: Farid Zaine

Athos, Porthos e Aramis, além de D´Artagnan, é claro, foram convocados para uma nova missão. Eles não tem descanso. O livro , desde seu lançamento, há mais de 150 anos, passa de mão em mão, geração após geração. E Hollywood não dá folga: volta e meia surge uma nova versão dessa aventura apaixonante, que se não encantasse e envolvesse as pessoas não seria esse sucesso tão duradouro. O cinema precisa desses romances cheios de ação e reviravoltas, heróis simpáticos e humanos, mulheres delicadas e vilãs impiedosas, traições e vinganças. Todos esses condimentos temperam a já secular aventura para a qual Alexandre Dumas deu o título de “Os Três Mosqueteiros”, mesmo que o público já soubesse que eles eram, na verdade, quatro, porque antes de se tornar livro Dumas publicou a história em forma de folhetim no jornal “Le Siècle”.


A nova investida do cinema em cima da obra de Dumas teria de ser, naturalmente, diferente das anteriores. Sim, aqui estão os mesmos heróis, o mesmo e ardiloso Cardeal de Richelieu, a bela e perversa Milady, os três beberrões, mercenários e muito, muito patriotas, acrescidos do jovem impetuoso que vem da zona rural para Paris( papel de Logan Lerman, D´Artagnan). Aqui está a necessidade de driblar as traições de Milady, e estão também as investidas do Duque de Buckingham, as tramas diabólicas do Cardeal de Richelieu, a delicadeza de uma rainha e a fraqueza de um rei. Tudo pela França é preciso ser feito...então, “um por todos e todos por um”. Tudo igual. O que mudou, então? A aventura agora nos chega com sofisticados efeitos especiais, a tecnologia muito em moda do 3D, bem utilizada aqui, diga-se, direção de arte espetacular, figurinos maravilhosos, fotografia apropriada, tudo para criar um visual perfeito, arrebatador, que tenha a tarefa de encobrir todas as outras falhas...além, claro, de conquistar o público adolescente.


“Os Três Mosqueteiros”, na versão de Paul Anderson, cumpre seu papel de ser um divertimento sem maiores pretensões. O cinema vive disso, também, e muito. As avassaladoras bilheterias das grandes aventuras embaladas por luxuosas produções estão aí para confirmar.


Grandes obras da literatura universal sempre terão muitas versões no cinema. Basta adaptá-las ao gosto das novas gerações, utilizando as conquistas tecnológicas. Por esse aspecto, não dá para reclamar das duas horas de duração de “Os Três Mosqueteiros”, personagens que não encontram aqui atores à altura de sua fama( Luke Evans, Ray Stevenson e Mattew Macfadyen, respectivamente Athos, Porthos e Aramis). Os vilões, então, deitam e rolam. Milla Jovovich, que já foi a Joana D´Arc de Luc Besson, se encaixa bem no papel de Milady, com direito a cenas que remetem a Matrix e outras aventuras modernas e futuristas. Caminho perigoso, esse escolhido por Paul Anderson, mas que não chega a comprometer, porque desde muito logo o espectador já percebe que o filme não tem qualquer compromisso com a verossimilhança. Isso se comprova mais fortemente nas cenas das batalhas aéreas, quem diria, entre dois navios que também são dirigíveis. A questão, então, é ver o que funciona como divertimento, e vale passar por cima da história e da cronologia das descobertas.


Christoph Waltz, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante no magnífico “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, é quem dá vida ao Cardeal de Richelieu. Ele vai muito bem no papel, dosando de forma competente as marcantes nuances dessa personagem cobiçada por muitos atores.


Surpreendente é a presença de Orlando Bloom, interpretando o Duque de Buckingham, numa performance engraçada que o ator não deixou, por pouco, cair no ridículo.


E, para quem quiser comparar, sem saudosismos, esta versão com outras disponíveis em DVD, há o clássico espetacular de 1948, com Gene Kelly e Lana Turner, dirigido por George Sidney e a versão de 1993, dirigida por Stephen Herek, com Chris O´Donnel , Kiefer Sutherland e Rebecca de Mornay.


Estejam todos preparados, porque haverá muitas, muitas versões ainda dessa aventura inesgotável. No final desta versão de 2011, o aviso (ou a ameaça) de uma continuação nunca foi tão escancarado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário