Por José Farid Zaine
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Não, não estou falando da Presidente Dilma saindo para descobrir os sanguessugas do dinheiro público, embora ela tenha sido valente e determinada. Falo do filme que estreia hoje em todo o Brasil, sobre um ícone da política americana, Abraham Lincoln, um herói para o povo dos Estados Unidos, e que agora vira um super-herói, como se fosse uma figura saída das HQ. É “Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros”
(Abraham Lincoln – Vampire Hunter).
Vejam, caros leitores, a grande revelação que o filme nos traz: Abraham Lincoln, por testemunhar a morte da mãe por um vampiro quando ainda era um menino, traça para sua vida um destino insólito: caçar, até as últimas consequências, esses mortos- vivos eternos, até encontrar e destruir o assassino dela. Mais bombástica ainda é a constatação de que a Guerra de Secessão, nos anos 1860, tinham um outro grande
propósito: combater e eliminar vampiros que queriam dominar o País. Ah, há também a trágica história do filhinho de Lincoln com sua esposa Mary: ele tem o mesmo destino da avó, e é assassinado por uma vampira...
Esta é uma revisão histórica e tanto! Mas o que esperar de um filme sobre vampiros quando Tim Burton está por perto? Ele não é o diretor, desta vez, tarefa deixada para o competente criador de “O Procurado”, o russo Timur Bekmanbetov, enquanto que para Burton ficou a produção. A insólita e rocambolesca aventura nasceu a partir do livro de Seth Grahame-Smith, que fez um roteiro pra lá de maluco, ao envolver numa história de vampiros o Presidente Lincoln, de conhecidíssima biografia.
Grahame-Smith já havia “aprontado” antes, juntando uma das mais celebradas obras de Jane Austen, “Orgulho e Preconceito” com Zumbis...Deu certo e ele vendeu muitos livros. Agora a nova maluquice vem para a tela grande e, apesar de tudo o que foi dito, o resultado – pasmem! – é um bom filme, uma aventura movimentadíssima, sempre interessante e que prende o espectador durante as duas horas de duração.
TUDO JUNTO E MISTURADO
Muita gente, levada pelo título esquisito, “Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros”, pode confundir as coisas: trata-se de um filme histórico, sobre a vida de um dos mais amados presidentes norte-americanos, ou um filme sobre a Guerra de Secessão, ou um novo exemplar da onda vampiresca que inundou os cinemas nesta era de Crepúsculos e seus derivados? Bom, na verdade é tudo isso. Só que a mistura deu liga, o tempero até que ficou bem palatável. O resultado é um filme que, à parte as estranhezas, tem grandes qualidades: seu ritmo é frenético e não dá folga para o espectador. A história é atraente e vem bem ajeitada numa recriação de época boa, com um belo visual ajudado por direção de arte competente e figurinos adequados. A fotografia deixa a desejar, mas há bons momentos com o clima esperado para esse tipo de filme encaixado no gênero “terror”. A cena que mostra o alto e desengonçado Presidente, com sua cartola e seu sobretudo, numa cena noturna em que sua figura caminha por uma rua deserta, é um clichê e tanto, mas é bonita e emblemática.
O elenco segura tudo. O grandalhão Benjamin Walker, que parece filho de Liam Neeson, vencendo a disputa para o papel com muitos atores candidatos, sai-se muito bem na pele do Presidente com sua arma letal para os vampiros, um machado de prata que ele manipula como um artista de circo. Aliás, a sequência que mostra o aprendizado de Lincoln para se preparar e se transformar num matador de vampiros, é
muito boa. Rufus Sewell está muito bem como o vilão maior, e Dominic Cooper rouba a cena como o amigo de Lincoln, um vampiro do bem. Os efeitos especiais são muitos e valorizados pela utilização do 3D, mas é preciso ver o filme numa sala com ótima projeção e som de primeira.
“Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros” cumpre seu papel de ser um divertimento bem acabado. A velocidade da ação é competente para segurar o espectador, mas há espaço para algumas doses de drama, comédia e romance.
Para curtir este filme é preciso deixar de lado os preconceitos e aceitar entrar no jogo de três malucos: o autor do livro e do roteiro, Seth Grahame-Smith, o produtor Tim Burton e o diretor Timur Bekmanbetov. Quem sabe a arrecadação de milhões de dólares nas bilheterias mostre que eles não são tão doidos assim.
Para que uma história seja cinema ou televisão para falar sobre vampiros ter sucesso, eu acredito que o negócio é uma asuento importante. Por exemplo, na septima temporada da série True Blood, os personagens têm conseguido destacar-se, por isso espero continuar.
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