sexta-feira, 12 de outubro de 2012

VIVA A CARMINHA!




Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine

Bom, já que o assunto na telinha nesta semana são as surpresas finais de “Avenida Brasil”, exibida desde março pela Rede Globo, falemos da novela e especialmente de sua grande estrela, Adriana Esteves. Ela está soberba interpretando a pérfida Carmem Lúcia, a Carminha que o Brasil inteiro ama e odeia ao mesmo tempo. Já existe um fenômeno claro: Adriana Esteves deu tamanha dimensão à sua personagem, que ela dominou completamente o folhetim das 9. Hoje as pessoas não falam “vou ver Avenida Brasil”, elas dizem “vou ver a Carminha”... Todas as atenções são para ela, seus gritos histéricos, sua risada diabólica, seu cinismo e sua capacidade de mudar de sentimentos em segundos, tudo isso traduzido no olhar e na expressão facial. Ela chora convincentemente num minuto, e no minuto seguinte nos exibe uma outra face completamente diferente, cuspindo fogo pelos lábios apertados e pelo olhar que entrega as próximas maldades que cometerá.



Raramente uma vilã tem apoio tão unânime da audiência. Adriana dá um show de competência a cada noite, revelando um trabalho que deve ser extremamente extenuante, porque ela tem muitas cenas em todos os capítulos e todas elas exigem grande intensidade dramática na interpretação, o que deve manter a atriz sempre em estado de esgotamento físico.

Carminha é a grande personagem vivida na TV por Adriana Esteves, um grande presente de um dos melhores novelistas da atualidade, João Emanuel Carneiro. Ele veio de experimentações arriscadas, como “A Favorita”, e atingiu sucesso de crítica e de público. Sua novela das 7, “Da Cor do Pecado”, em reprise no “Vale a Pena Ver de Novo”, foi também muito bem sucedida. Em “Avenida Brasil” ele construiu uma história interessante, que prende o espectador, porque ele consegue a cada capítulo manter o suspense necessário para se querer ver o capítulo seguinte. Não é fácil. Passou a ser também um exercício de imaginação saber quem e em que situação apareceria congelado no bloco final.

Carminha é uma explosão total. Nas últimas semanas suas intrigas, mentiras, armações e dissimulações  tem atingido o clímax. Na reta final confirmou-se também o excepcional talento de Murilo Benício, no difícil papel de Tufão. A trama central se sustenta, baseada na insólita história de crianças abandonadas num lixão e que muitos anos depois se encontram, tanto pra a retomada de um romance infantil como para a elaboração de um plano de vingança. O amor em questão é entre Jorginho (Cauã Reymond) e Nina/Rita (Débora Falabella). As tramas paralelas, acontecidas na Zona Sul do Rio e no fictício bairro do Divino, são necessárias, mas nem sempre funcionam. Quem dá crédito a uma história tão esdrúxula como a de Cadinho e suas mulheres? Mesmo o “quadrilátero” formado por Leleco e Tessália e Muricy e Adauto é difícil de engolir...em todos os casos, o elenco talentosíssimo segura tudo e garante o interesse. Mas o grande trunfo de “Avenida Brasil” sempre foi e será até o fim a criação de Adriana Esteves para a vilã do momento, que já entrou para a galeria das mais interessantes da história da telenovela.

CARMINHA NO CINEMA
Para quem curte as maldades de Carminha, e para quem espera ansiosamente para ver qual vai ser o seu final (na próxima sexta), vale lembrar que é possível curtir em DVD algumas passagens interessantes de Adriana Esteves pela tela grande.

Seu filme mais popular é a comédia “Trair e Coçar é só Começar”, estrondoso sucesso do teatro brasileiro, recordista de permanência em cartaz (mais de 25 anos) e escrita pelo Leleco (Marcos Caruso) . A peça já foi vista por 5 milhões de espectadores e a personagem principal, Olímpia, foi vivida por muitas e talentosas atrizes. Nenhuma conseguiu superar, contudo, a interpretação de Denise Fraga, a primeira e inesquecível Olímpia. No filme dirigido por Moacyr Góes Adriana vai bem, mas ela não é o tipo apropriado para fazer a mais famosa empregada da dramaturgia brasileira. O filme não conseguiu repetir o sucesso do teatro nos cinemas, mas é um registro interessante da peça, e uma oportunidade para que o público possa deixar de ranger os dentes contra Carminha e dar muitas risadas com Olímpia. O filme é de Fábio Barreto e tem no elenco Bianca Byngton, Cássio Gabus Mendes e Ailton Graça. Adriana ainda pode ser vista em “Tiradentes”, de Oswaldo Caldeira,  ou no infantil “O Trapalhão e a Luz Azul”. Outro ponto alto de sua carreira foi a interpretação de Dalva de Oliveira na minissérie “Dalva e Herivelto”, onde contracenou com Fábio Assunção.

Acompanhemos a semana final de Carminha para ver qual o destino que João Emanuel Carneiro lhe reservou. Para Adriana Esteves, contudo, o destino está selado: ela acaba de entrar para o limitado rol das grandes estrelas, aquelas com quem sonham os diretores de cinema, teatro e, principalmente, das novelas da TV. Viva a Carminha!

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