Por José Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine
Estreia hoje nos cinemas brasileiros o novo filme estrelado por Richard Gere, “A Negociação” (Arbitrage), dirigido por Nicholas Jarecki. Trata-se de um thriller bem resolvido sobre questões nem sempre bem tratadas pelo cinema, os golpes financeiros. Histórias desse tipo, que envolvem compreensão dos mecanismos que movem grandes empresas e a dinâmica da economia e seus meandros, podem causar certo afastamento dos espectadores mais preguiçosos. “A Negociação”, contudo, consegue levar adiante um enredo complexo que se torna bem acessível. Gere está muito bem como o empresário bem sucedido, com imagem social impecável, e que precisa manter essa imagem, a despeito de seus graves problemas financeiros e do complicado envolvimento com sua amante. A esposa, vivida com a costumeira elegância por Susan Sarandon, faz parte do jogo de aparências, mas tenta dar as cartas.
A atuação de Gere em “A Negociação” tem sido considerada seu melhor trabalho no cinema nos últimos anos, a ponto dele estar cotado para uma indicação ao Oscar de melhor ator. A indicação é possível, mas a vitória é improvável, diante de nomes como Daniel Day-Lewis, favorito por sua interpretação do presidente americano Abraham Lincoln na superprodução de Steven Spielberg “Lincoln” e de outros fortes concorrentes a uma vaga entre os indicados, que são: Ben Affleck ( “Argo”) , John Hawkes (“The Sessions”), Denzel Washington (“Flight”), Hugh Jackman (“Les Miserables”), Joaquin Phoenix (“The Master”) e Bradley Cooper ( “Silver Linings Playbook”).
Richard Gere tem uma carreira de muito sucesso cujo auge foi atingido com “Uma Linda Mulher”, o conto de fadas pós-moderno que encantou milhões por todo o mundo, celebrizou Julia Roberts e transformou num hit internacional a música-tema, “Oh, Pretty Woman”, antigo sucesso de Roy Orbison e que inspirou a realização do filme. Recentemente Gere protagonizou um drama lacrimogêneo muito requisitado nas locadoras e exibido à exaustão na TV, tanto a aberta quanto a paga, “Sempre ao seu Lado”, do diretor Lasse Hallström, baseado em fatos reais.
HOJE É DIA DE ANG LEE
A grande estreia de hoje, contudo, é o novo filme de Ang Lee, um cineasta que nunca se repete e que não se cansa de surpreender o público a cada produção sua que entra em cartaz. Neste 21 de dezembro inundam as telas “As Aventuras de Pi” (Life of Pi), com um visual espetacular, desde já candidatíssimo a vários prêmios técnicos, incluindo o Oscar de efeitos visuais, categoria em que provavelmente brigará com “O Hobbit- Uma Jornada Inesperada”, “Os Vingadores”, “Batman- O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, “Cloud Atlas” ( A Viagem) e “Prometheus”.
Ang Lee leva no currículo o Oscar de melhor diretor por “O Segredo de Brokeback Mountain”, belíssimo drama com Heath Ledger numa interpretação inesquecível, acompanhado de outras sensacionais performances de Jake Gyllenhall, Michelle Williams e Anne Hataway. Aliás, “Brokeback Mountain” ter perdido a estatueta de melhor filme do ano para “Crash – No Limite”, é considerada uma das maiores injustiças da história do Oscar.
Aproveitando o lançamento de “As Aventuras de Pi”, temos ótima oportunidade de rever alguns dos grandes momentos de Ang Lee, além, claro, de “Brokeback”. Um deles é a comédia de 1993, “Banquete de Casamento” que, assim como “Razão e Sensibilidade”, de 1995, foram premiados em Berlim. Do ano 2000 temos um dos mais populares filmes do diretor, “O Tigre e o Dragão”, que levou as lutas marciais, tão comuns no cinema asiático, a um nível de sofisticação artística impressionante, com os lutadores voando pelos cenários, em uma verdadeira coreografia espacial que encantou as plateias do mundo inteiro e deu ao filme o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
A visão de Ang Lee sobre o mais celebrado festival de rock de todos os tempos está em “Aconteceu em Woodstock”, de 2009, também facilmente encontrado nas locadoras.
Hoje, portanto, é dia de rever os cabelos grisalhos mais famosos do mundo, agora numa intrincada rede de falcatruas e intrigas, e de acompanhar a vida de Pi, passeando na profundidade da tecnologia 3D pelos improváveis cenários de suas aventuras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário