sexta-feira, 20 de julho de 2012

DEUS DA CARNIFICINA E A OBRA GENIAL DE POLANSKI


Por José Farid Zaine
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O mais novo filme de Roman Polanski está em cartaz nos cinemas brasileiros, e é uma adaptação da peça de sucesso do mesmo nome, que foi encenada recentemente em São Paulo, “Deus da Carnificina” (Carnage). A peça é magnífica, e o diretor parece ter contornado bem as dificuldades de levar para as telas um drama que se passa num único cenário, um apartamento, onde se digladiam dois casais. Eles são interpretados por Jodie Foster e John Reilly (Penelope e Michael) e Kate Winslet e Christoph Waltz ( Nancy e Alan Cowan). Os diálogos, ácidos e contundentes, suportam toda a ação que é desenrolada num espaço único e pequeno, sem que o interesse se perca. Polanski acrescentou uma cena de um diálogo incrível realizado num banheiro, o que não existia na peça original da francesa Yasmina Reza.

As situações criadas pelo encontro de dois casais que, a princípio, pretendem resolver civilizadamente uma briga entre os filhos na escola, revelam o desmoronamento da cultura, da boa educação e dos bons hábitos de convivência em cenas demolidoras.

Não poderia haver escolha melhor do elenco. Os quatro estão sensacionais, num embate que deixa evidente o enorme talento de todos.

O polêmico diretor Roman Polanski, que tem uma vida conturbada marcada por processos judiciais, prisões, envolvimento com uma garota menor de idade, marcado pelo brutal assassinato da esposa Sharon Tate nos anos 1960 pelo fanático Charles Manson e seus seguidores, sempre passou por cima de tudo e se manteve como brilhante diretor, roteirista e ator. É sempre bem-vindo um filme dele, como é o caso deste “Deus da Carnificina”



POLANSKI INDISPENSÁVEL
É sempre bom rever a obra de Roman Polanski. Com uma filmografia recheada de sucessos de crítica, principalmente, é fácil encontrar seus melhores filmes nas locadoras. Alguns deles:


O BEBÊ DE ROSEMARY (Rosemary ´s Baby). Esta obra magnífica é um dos pontos altos da carreira de Polanski. Clássico do terror de 1968, “O Bebê de Rosemary” conserva até hoje sua força extraordinária, o clima sufocante e a mistura de suspense, mistério e beleza que o transformaram num dos filmes mais cultuados do gênero. Mia Farrow está estupenda como a mulher escolhida para ser a mãe do demônio, sozinha no meio de um turbilhão de complôs que ela descobre aos poucos. John Cassavetes interpreta o marido, e a sensacional Ruth Gordon, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, é um show à parte. Na trilha sonora, a inesquecível canção “Sleep safe and Warm”, cantada por Rita Moss (que ficou conhecida mundialmente com o sucesso “Just a Dream Ago), dá um toque de poesia à atmosfera angustiante que o filme carrega.

O PIANISTA (The Pianist): Com esse belo drama de guerra de 2003, Polanski ganhou seu Oscar como Melhor Diretor. A interpretação soberba de Adrien Brody também foi reconhecida e ele ganhou a estatueta de Melhor Ator.

A DANÇA DOS VAMPIROS: Nesta comédia de 1967 o próprio Roman Polanski aparece como ator, ao lado da bela Sharon Tate, com quem se casaria logo depois. Divertido e com um visual arrebatador, o filme foi sucesso de público e de crítica e foi consagrado como uma novidade no tratamento dado ao tema, o vampirismo.

O ESCRITOR FANTASMA: Para recordar um filme mais recente, este suspense é uma ótima pedida para quem quer ver um filme sempre interessante, com mistérios a serem desvendados e uma trama política bem articulada.

CHINATOWN: Homenagem do diretor ao “film noir”, este policial de 1974 transformou-se num dos filmes mais cultuados de todos os tempos, presente em praticamente todas as listas de melhores filmes já realizados. Aqui ele também aparece como ator, e a dupla vivida por Jack Nicholson e Faye Dunaway fez história. Recebeu 11 indicações para o Oscar, mas venceu apenas na categoria Melhor Roteiro Original.

Esqueçam as polêmicas sobre a vida de Roman Polanski, visitando-o no cinema ou levando-o para casa. Ele é, com toda a certeza, um cineasta indispensável.

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