quinta-feira, 15 de novembro de 2012

MONSTRINHOS E HOMENS SARADOS


Por José Farid Zaine


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O novo filme de Tim  Burton é  “Frankenweenie”, uma animação que combina a modernidade da tecnologia 3D com o look antigo do preto e branco. A fusão resulta num belo trabalho com a marca inconfundível do diretor. Não se deixem enganar: “Frankenweenie”, apesar de ser uma animação e as personagens serem crianças e animais, não tem nada de divertido. É sombrio até nas graças, embora tenha momentos de emoção e encantamento. A história é macabra, o próprio filme sendo um “Frankenstein”, colcha de retalhos de inúmeras citações dos clássicos do terror. Isso funciona muito bem. Menções a “Drácula”, “Gremlims” e, claro, “A Noiva de Frankenstein” surgem com naturalidade. Até a célebre cena de “Os Pássaros”, de Hitchcock, em que Tippi Hedren fica presa numa cabine de telefone e é atacada por gaivotas enfurecidas, aparece aqui homenageada.



“Frankenweenie”, em cartaz nos cinemas desde a semana passada,  conta a história de um menino, Victor Frankenstein,  muito apegado a seu cão, Sparky; quando este morre atropelado, ele usa seus conhecimentos científicos adquiridos nas aulas de um arrojado e estranho professor para trazer de volta à vida o amiguinho, que será retirado de seu túmulo num cemitério de animais.  Cenas belíssimas vem a seguir, remetendo aos clássicos sobre Frankenstein. Claro, nem tudo dará certo nessa louca empreitada, e uma série de acontecimentos colocará a cidade em polvorosa.

Tim Burton é um diretor que não tem medo de ousar, e seus filmes sempre são surpreendentes. A “costura” dos vários elementos presentes nos filmes de terror, a união do preto e branco com a profundidade das 3D, dão ao filme a atmosfera  necessária, construída com perfeição pelos desenhos, pela iluminação, pela trilha sonora e pelos efeitos especiais.

“Frankenweenie” ainda reserva espaço suficiente para que se reflita sobre a amizade verdadeira, os limites da ciência, a morte e seus enigmas, com direito a moinhos gigantes, incêndios, cemitérios assustadores em noites de tempestade, raios, trovões, adultos complicados, crianças boas e más, monstros perigosos e dóceis animais. Juntar tanta coisa assim, dando ao produto final coerência, beleza e profundidade, não é para qualquer um. Para Tim Burton é moleza.

HOMENS COM POUCA ROUPA
Falando em moleza, seria fácil e glamorosa a vida de strippers, homens que se apresentam em clubes para mulheres, tirando a roupa e dançando? A resposta está em “Magic Mike”, que também estreou na semana passada nos cinemas brasileiros. O filme vem fazendo gordas bilheterias, principalmente pelo fato de apresentar homens seminus, atraindo principalmente as plateias femininas. Mas não se trata de um filme pornográfico, nem mesmo erótico. Tem “cenas quentes”, danças sensuais, mas é um filme até muito sério. Dirigido por outro diretor extremamente competente, Steven Soderbergh, “Magic Mike” vai fundo na vida complicada de suas personagens. A principal, Mike,  interpretada com surpreendente categoria por Channing Tatum, vive momentos de decisão para sua vida, quando já vê que os anos dedicados ao show em que se aperfeiçoou já não lhe trazem prazer nem realização. Ao mesmo tempo ele vê que, como se fossem descartáveis, os homens vão envelhecendo, tendo consciência da efemeridade da força e da beleza, enquanto os mais jovens, como The Kid, vivido por Alex Pettyfer, surgem cheios de ilusões para trilhar o mesmo caminho percorrido pelos mais velhos.

“Magic Mike” tem no elenco sua grande força, com destaque para Matthew MacConaughey, como Dallas, o dono do Clube. Com ótimas fotografia e  direção de arte, trilha sonora adequada e edição excelente, o longa de Soderbergh é uma boa opção entre os recentes lançamentos nos cimenas.

Para pais sensíveis, principalmente os que conhecem e amam o cinema, e para filhos inteligentes (maiores de dez anos), “Frankenweenie” é o indicado. Para adultos com bom gosto, mas com disposição para reflexões indigestas, “Magic Mike” pode ser uma ótima escolha. Tim Burton e Soderbergh, inteligentes, criativos e sempre sacando o que irá ao encontro do gosto das mais variadas plateias, estão presentes em nossos cinemas com suas novas travessuras. Caberá ao público optar pelos monstrinhos em preto e branco ou pelas abusadas coreografias de homens quase pelados. Para não haver nenhum dilema, sugiro a todos que vejam os dois!

Um comentário:

  1. Não vejo a hora de assistir a esse filme, Tim Burton realmente sempre surpreende.

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