sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PARECE QUE FOI ONTEM, SEAN


Por José Farid Zaine
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Lá se vão 50 anos desde que Sean Connery anunciou pela primeira vez quem era ele: “Bond. James Bond”. E que Ursula Andress saiu do mar com seu famigerado biquini branco, que escandalizou até o Vaticano, mas teria hoje pano suficiente para vários fios dentais cariocas...O ano era 1962, e a obra de Ian Fleming, “O Satânico Dr. No”, na qual era criado o mais famoso agente secreto de todos os tempos, chegava aos cinemas no dia 5 de outubro. Começava aí a história de estrondoso sucesso mundial das aventuras do agente 007, sempre a serviço de Sua Majestade, a rainha da Inglaterra. James Bond, encarregado das mais perigosas, complexas e extravagantes tarefas começava, com “Dr.No”, sua agenda de rocambolescas aventuras e incendiários romances. A face definitiva do agente foi dada por Sean Connery. Nenhum ator, depois dele, conseguiu encarnar com tal rigor e perfeição a personagem criada na literatura e que veio para o cinema para se transformar em um ícone indestrutível. Hoje James Bond é defendido com categoria por Daniel Craig, que se deu bem com sua postura, seu físico bem trabalhado, seu olhar glacial e a expressão sempre séria de um sujeito que não está para brincadeiras. Craig chega ao seu terceiro filme, o 23º da série, o ótimo “007 – Operação Skyfall”, em exibição nos cinemas brasileiros. Entretanto, graças à tecnologia, é possível ver, com grande qualidade de imagem e som, todos os filmes de James Bond, disponíveis em DVD e Blu-Ray.



 
Qual seria o melhor 007 de todos os tempos? Cada cinéfilo tem sua lista. Bom mesmo é lembrar as sequências de tirar o fôlego, os efeitos especiais, as antológicas cenas de perseguição, as aberturas, as músicas. Em “Skyfall” chama a atenção a música cantada por Adele na ótima abertura. Mas outras canções marcaram muito a trajetória de James Bond nas telas. Uma delas é “From Russia with Love”, o tema de “Moscou contra 007”, um dos meus favoritos, que fez enorme sucesso na voz de Matt Monro; outra é “Goldfinger” (007 contra Goldfinger), de John Barry, cantada por Shirley Bassey. Carly Simon, Tina Turner e até Sir Paul McCartney cantaram temas de 007. Pesquisa feita em setembro deste ano no Reino Unido escolheu a música de McCartney para “Com 007 Viva e Deixe Morrer” (Live and Let Die) como a melhor dentre todas as que foram temas da série. A música de “Skyfall” é forte candidata a uma vaga para a disputa do Oscar de Melhor Canção, principalmente pela força da interpretação de Adele , cantora onipresente no universo musical em todo o mundo na atualidade. Aliás, o Oscar nunca foi generoso com os filmes de James Bond, tendo ficado apenas na estatueta para “melhores efeitos especiais” em “007 Contra a Chantagem Atômica” (Thunderball) em 1966. Em 2013 pode haver alguma surpresa, primeiro pelas qualidades reais de “Skyfall”, depois pelo significativo aniversário de 50 anos da primeira aventura.

Além de Sean Connery e Daniel Craig, outros quatro atores foram James Bond no cinema: Roger Moore, George Lazenby, Timothy Dalton e Pierce Brosnan. Há notícias no meio cinematográfico de que Daniel Craig ainda fará mais dois filmes da série. Craig declarou, num comunicado oficial, que o agente secreto 007 é uma personagem tão marcante e de tamanho sucesso no cinema, que deverá permanecer, ser interpretada por muitos outros atores e chegar ao centenário, daqui a 50 anos. Eu acredito.



James Bond já esteve no Brasil. Em “007 contra o Foguete da Morte” (Moonraker), o Rio de Janeiro foi palco de movimentadas cenas envolvendo o bondinho do Pão de Açúcar. Uma histórica gafe também aconteceu por conta de uma perseguição que começava na Amazônia e terminava nas Cataratas do Iguaçu, como se ambos os cenários fizessem parte da mesma região.

O novo filme da série, o 23º , “007 – Operação Skyfall”, é um dos melhores, e isso se deve muito à direção de Sam Mendes, premiado com o Oscar de melhor diretor por “Beleza Americana”. Mendes é também diretor do magnífico “Foi Apenas um Sonho” (Revolutionary Road), com Leonardo Di Caprio e Kate Winslet. Com filmes desse porte dramático no currículo, é compreensível a escolha dele para este novo 007, em que assuntos nunca antes abordados tão claramente, fazem a diferença. Em “Skyfall”, M., interpretada pela sempre maravilhosa Judi Dench, é o centro das atenções, por causa de decisões suas que teriam desencadeado sérios problemas à segurança britânica e à própria instituição, o MI6. Fala-se, então, de morte e envelhecimento, da perda da juventude, dos problemas que a idade acaba trazendo ao desempenho físico. Então nem mesmo James Bond é imortal? Sam Mendes trata a questão com muita propriedade, conduzindo um quarteto bem afinado de intérpretes: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem (sensacional) e Ralph Fiennes.

Está em exibição a nova e espetacular aventura de 007, e as outras 22 já feitas podem ser curtidas a qualquer momento. Muitas outras vidas e muitas outras faces continuarão colocando James Bond nas telas, para deleite de todas as gerações. Mas o tempo é implacável : “Quando se vê, passaram-se 50 anos”, diz o poema de Mário Quintana, e assim já aconteceu com a estreia de “O Satânico Dr.No”. Parece que foi ontem, Sean.

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