quarta-feira, 2 de março de 2011

O REI E A REDE


Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine
farid@limeira.com.br


Em 2010 houve uma polarização: de um lado, “Avatar”, de James Cameron, com o uso de uma tecnologia revolucionária, que exerceu um enorme poder de fascínio sobre o grande público, mostrando um futuro visualmente deslumbrante e a luta de sempre de um povo pelo seu espaço; de outro, uma história real, dramaticamente contemporânea, a de soldados que arriscam a vida desarmando bombas no Iraque, e aí temos “Guerra ao Terror”, outra vez com povos diferentes, dominadores e dominados. A vitória de “Guerra ao Terror” se desenhou facilmente, e “Avatar” conquistou os prêmios técnicos, também como era de se esperar. Em 2011, novamente com dez filmes indicados na categoria de melhor filme, chegamos também a uma polarização, agora entre “O Discurso do Rei”, filme britânico até a alma que narra a história da superação da gagueira do Rei George VI, e “A Rede Social”, sobre a criação do facebook. Não há um vencedor evidente. “A Rede Social” foi mais consagrado nas premiações que antecedem o Oscar, mas “O Discurso do Rei” tem mais a cara da estatueta. O que temos na disputa? De um lado a história comovente e emocionante de um rei às voltas com um problema físico, que dificulta uma tarefa importantíssima para alguém sob o peso da coroa do império britânico, e sua luta para superar esse problema, com interpretações magníficas de Colin Firth, como o rei, Geofrey Rush, como seu “professor” e Helena Bonham Carter, como a rainha-mãe. Um filme de época, com bela direção de arte, fotografia apropriada, figurinos e trilha sonora competentes, como convém a um filme dessa natureza. A Academia adora. De outro lado, temos um filme veloz como os dias atuais, com um ingrediente que o situa inteiramente em nosso tempo, o uso da internet e das redes sociais. Moderno demais para a Academia? Talvez.

Os dois filmes têm muitas qualidades, mas nenhum deles é tão arrebatador quanto “Cisne Negro”, experiência de terror psicológico de Darren Aronofsky. Aqui temos uma bailarina obcecada pela perfeição, sob o manto de uma mãe dominadora e conduzida por um diretor que a orienta a desvencilhar-se dos seus medos e angústias, até pela entrega ao sexo. Acho o melhor filme dentre os dez indicados, mas não acredito que ganhe o Oscar. Natalie Portman, sim, deverá ganhar o de melhor atriz.

Tecnicamente, o ano é de “A Origem” (Inception), que merece ganhar os prêmios de edição de som, mixagem de som e efeitos visuais.

No quesito interpretação, já mencionei Natalie Portman como melhor atriz. O melhor ator será, com certeza, Colin Firth.

Do filme “O Vencedor”, deverão sair os Oscars de coadjuvantes para Christian Bale e Melissa Leo, ambos sensacionais em seus papeis.

E já que “O Discurso do Rei” deve levar a estatueta de melhor filme, a direção de David Fincher por “A Rede Social” deverá sair consagrada.

Barbada mesmo é “Toy Story 3”, a melhor animação do ano.

Na categoria “filme em língua estrangeira” a Dinamarca, com “Em Um Mundo Melhor”, deve bater “Biutiful”, do México, um ótimo e sombrio filme com Javier Bardem, também indicado a melhor ator. Em todo caso, esta é a categoria em que sempre ocorrem as maiores surpresas. E como o Brasil ficou de fora da disputa, resta torcer por “Lixo Extraordinário”, documentário sobre o artista Vik Muniz, mas que dificilmente ganhará de “Inside Job” (Trabalho Interno).
Indicado em dez categorias, “Bravura Indômita”, dos Irmãos Coen, não deve ganhar muito mais que no quesito fotografia . É um excelente filme, que se vê com muito prazer.

“127 Horas”, de Danny Boyle, que dirigiu o premiadíssimo “Quem Quer ser um Milionário”, se não sair de mãos abanando leva o Oscar de Melhor Canção, “IF I Rise”. É ruim como as outras indicadas. O filme é ótimo, e James Franco está espetacular. Se não fosse o ano de Colin Firth, seria o dele.

Enfim, glamour, mulheres produzidíssimas, piadas que nem sempre achamos engraçadas, discursos esquisitos e homenagens, continuam a ser os ingredientes dessa festa, a da entrega do Oscar, o maior e mais esperado prêmio do cinema. Milhões em todo o mundo, formando uma audiência que poucos filmes conseguem ter, se rendem a essa noite em que a estrela maior é o cinema. E tudo, paradoxalmente, sendo mostrado pela TV.

Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

Nenhum comentário:

Postar um comentário