sexta-feira, 8 de junho de 2012

AS MUITAS FACES DE JANE EYRE




Por José Farid Zaine

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Levar à tela grandes romances de sucesso sempre foi uma tarefa recorrente do cinema, desde seu nascimento. Alguns livros, pelo fascínio da história, acabam tendo várias versões, para que novas gerações sempre os vejam à luz das conquistas tecnológicas da indústria cinematográfica. Essa tecnologia avançada serve, por paradoxal que possa parecer, para tentar recriar, com a maior precisão, a época em que se passam essas histórias apreciadas por milhões de leitores em todo o mundo.

Lançado recentemente em DVD e Blu-Ray, o filme “JANE EYRE”, produção anglo-americana dirigida por Cary Fukunaga, carrega no tom britânico para contar a história de uma mulher sofrida, mas forte e lutadora, criada por Charlotte Brontë no célebre romance homônimo de 1847. Jane Eyre é interpretada com um comedimento que beira o exagero por Mia Wasikowska, jovem atriz australiana que tem sido muito requisitada, principalmente após ter sido a escolhida de Tim Burton para viver a mais recente recriação de “Alice No País das Maravilhas”, incursão do irrequieto diretor pelo formato 3D. Mia compõe uma Jane contida e mergulhada em silêncio, mas sempre revelando a sua inteligência e sua capacidade de superação de tragédias e provações, o que não era fácil no século XIX. Sua personagem é uma governanta e preceptora que se apaixona pelo patrão, Edward Rochester, um homem rude que esconde um segredo sombrio, mas que se deixa tocar pelo encanto da jovem e seus talentos, os dons naturais e os adquiridos pela dedicação ao estudo e às artes.Rochester é interpretado com a costumeira categoria por Michael Fassbender, um ator extremamente versátil e que tem demonstrado seu talento tanto em filmes de grande sucesso popular como “X-MEN – Primeira Classe”, como em trabalhos mais ousados como o drama “Shame”, em que ele interpreta um homem viciado em sexo, e no recente “Um Método Perigoso”, de David Cronenberg, em que interpreta Carl Yung em sua tumultuada relação com Sigmund Freud.

“Jane Eyre” é um filme que se vê com facilidade, principalmente pela beleza plástica, garantida por ótimos figurinos, excelente fotografia e direção de arte adequada. No Oscar de 2012, recebeu indicação para “melhor figurino”, prêmio levado por “O Artista”. Luz e sombra dão uma atmosfera propícia aos ambientes em que acontecem as cenas. O interior da casa de Rochester é recriado de forma a acentuar, com seus móveis, quadros e objetos, quase sempre iluminados por velas, os dramas obscuros que se desenham por todo o transcorrer da história. Dentro desse cenário sombrio, destaca-se a figura de Mrs. Fairfax, interpretada por Judi Dench, a grande dama do cinema inglês, sempre capaz de transformar papeis menores em memoráveis composições. Um exemplo é o recente “Sete Dias com Marilyn”, em que ela brilha como a atriz que contracena com Marilyn Monroe em “O Príncipe Encantado”. Judi Dench é uma das estrelas de “O Exótico Hotel Marigold”, sobre um grupo de pessoas de aposentados que viaja para a Índia. O filme está em cartaz nos cinemas.

Para quem gosta de comparações, uma ótima oportunidade é rever a versão de 1944 de “Jane Eyre”, disponível em DVD. Dentre as muitas versões da história de Charlotte Brontë para as telas, esta se transformou num clássico, principalmente pelo casal de intérpretes: Orson Welles viveu Rochester e Joan Fontaine foi Jane Eyre, sob a direção de Robert Stevenson, sendo uma curiosidade a presença de Elizabeth Taylor no elenco, embora não conste dos créditos.

E para quem gosta de Franco Zeffirelli, há ainda o filme dirigido por ele em 1996, estrelado por Charlotte Gainsbourg e William Hurt.

O cinema se apaixonou pela sofrida história de Jane Eyre. Conhecê-la, lendo o romance de Charlotte Brontë, vendo o atual lançamento da mais nova versão para o cinema, ou outras versões anteriores, será um interessante exercício de busca da verdadeira face de uma das mais populares personagens femininas da literatura inglesa.

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