sexta-feira, 17 de agosto de 2012

FERNANDA DE TODOS OS PALCOS E DE TODAS AS TELAS


Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook; Farid Zaine

Noite excepcional para o Teatro, em Limeira, hoje. Uma conquista maravilhosa, a parceria entre Secretaria de Estado da Cultura e Prefeitura de Limeira, através da Secretaria da Cultura, traz para o palco do Teatro Vitória a grande atriz Fernanda Montenegro, uma das raras unanimidades nacionais. Apenas 9 cidades do Estado recebem o espetáculo “Viver Sem Tempos Mortos”, incluído no Circuito Cultural Paulista, ao qual Limeira foi reintegrada no início deste ano, com magníficas atrações como a peça “O Libertino”, com Cássio Scapin e grande elenco e o show da cantora Tulipa Ruiz.



Quem conseguiu ingresso para ver hoje Fernanda Montenegro, e ainda não a viu num palco, vai ter uma experiência inesquecível, a de presenciar uma apresentação do maior ícone do teatro brasileiro, ao vivo. Como tudo, no teatro, esse momento é único, jamais se repete. Vi Fernanda nos palcos por muitas vezes, sempre apaixonado por sua inesgotável capacidade de dar vida às mais diversas personagens, nunca se repetindo. Lembro-me da estreia de “The Flash and Crash Days”, no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, que ela fez com a filha, Fernanda Torres, mergulhando na ousadia de Gerald e Daniela Thomas, sem medo das consequências. São tantas e tão significativas as montagens teatrais na vida de Fernanda, que é impossível falar delas em pouco espaço, ainda mais quando este espaço é dedicado ao cinema. Falta espaço também para falar de tantos filmes estrelados por ela. Então, quem não conseguiu ingresso para o Teatro, hoje, pode buscar em qualquer locadora maravilhosos filmes que merecem ser vistos ou revistos durante a passagem de Fernanda Montenegro pela cidade. Alguns deles:

CENTRAL DO BRASIL: belíssimo drama de Walter Salles, um dos mais elegantes diretores brasileiros, já requisitado mundo afora, inclusive atualmente em cartaz com “Na Estrada”, baseado no best-seller de Jack Kerouac que fez a cabeça de toda uma geração. “Central” ganhou muitos prêmios e arrebatou as plateias com sua história comovente e a soberba criação de Fernanda como Dora, a professora que escrevia cartas ditadas por analfabetos.

O OUTRO LADO DA RUA: Aqui Fernanda contracena com Raul Cortez, num drama policial instigante.

AUTO DA COMPADECIDA: primeiro como minissérie da Globo, depois lançado nos cinemas como longa, traz performance inesquecível da grande atriz interpretando Maria, Mãe de Jesus – A Compadecida – na irreverente e originalíssima história de Ariano Suassuna.

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA: o filme não foi bem de público e crítica, mas Fernanda está lá, irretocável, no papel de Tránsito Ariza. Um orgulho vê-la dirigida por Mike Newell, dando vida a uma personagem criada por Gabriel Garcia Marquez.

ELES NÃO USAM BLACK-TIE: um dos meus filmes brasileiros favoritos, baseado na peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, arrebatou prêmios e plateias por toda a parte. Fernanda faz uma dupla inesquecível com Guarnieri, num momento luminoso de nosso cinema. Direção exemplar de Leon Hirszman.

E tem ainda “A Falecida”, “A Hora da Estrela”, “O Redentor”, “Olga”, todos merecedores de nossa atenção e respeito.

Falei dos palcos e da tela grande. Mas na TV foi que Fernanda conquistou definitivamente o povo brasileiro, em novelas históricas como “Guerra dos Sexos”, uma das melhores já produzidas no Brasil. Fernanda foi Charlô, par de Bimbo, vivido por Paulo Autran. O que esses dois fizeram nesta novela ficou definitivamente marcado como uma das mais criativas, engraçadas e emocionantes parcerias da história da telenovela brasileira. O remake já começou a ser gravado, e feras como Tony Ramos e Irene Ravache terão a complicada e terrível missão de substituir dois monstros sagrados das artes cênicas em papeis ainda lembrados pelo público. Fernanda fez outras grandes novelas como “Brilhante”, “Belíssima”, “Cambalacho”, “As Filhas da Mãe”, na Globo, mas nos anos 1960 ela já empolgava o público e a crítica no grande sucesso da extinta TV Excélsior, “A Muralha” , onde fez a antológica Mãe Cândida. Fez ainda muitas minisséries, entre elas a perturbadora “Incidente em Antares”, baseada no livro homônimo de Érico Veríssimo.

Enfim, seja nos palcos, no cinema ou na TV, é sempre maravilhoso poder contar com o talento de Fernanda Montenegro e sua inigualável capacidade de nos fazer rir, chorar, sentir raiva, ou tudo isso ao mesmo tempo, como somente poucas atrizes no mundo conseguem fazer.

Obrigado, Fernanda Montenegro. Agradeçamos aos céus por permitir que possamos usufruir de sua arte ainda por muito tempo. Egoisticamente, queremos que você tenha muita energia, muita saúde e muita disposição para continuar a nos fazer felizes com sua arte. De nossa parte, todos os aplausos, os mais vibrantes, os mais calorosos e agradecidos serão para você!

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