segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

OUTRAS LÍNGUAS


Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine


Fim de ano, natal e ano novo, datas em que as pessoas buscam amenidades para assistir, até por conta de descansar um pouco dos atropelos do ano que termina. Mas é a época em que o mundo começa a dar atenção aos melhores do ano. Surgem listas por toda a parte, sites especializados são atualizados diariamente com especulações sobre os possíveis indicados. Academias, associações de críticos, artistas, roteiristas, técnicos, todos se empenham para valorizar suas premiações, tudo como tentativa de antecipação da premiação maior e mais esperada, que é o Oscar.

O Globo de Ouro, sempre considerado termômetro para o Prêmio da Academia, e muitas vezes é mesmo uma antecipação, já revelou seus indicados, e os vencedores serão conhecidos no dia 16 de janeiro. “O Discurso do Rei”, filme inglês com Colin Firth, veio na frente com 7 indicações, mas estão bem na disputa os ótimos “A Rede Social” e “A Origem”, em exibição no Brasil, e o aclamado “Cisne Negro”, que vai estrear só em fevereiro.

O Brasil, mais uma vez, ficou de fora da indicação a melhor filme estrangeiro, e isso, infelizmente, tende a se repetir no Oscar. Para o Globo de Ouro foram indicados, nesta categoria:
- “Biutiful” (México)- “The concert” (França)- “The edge” (Rússia)- “I am love” (Itália)- “In a better world” (Dinamarca)


Tanto no Oscar como no Globo de Ouro, há sempre uma expectativa por parte dos países que possuem filmes concorrendo. Para o Oscar o Brasil, neste ano, inscreveu “Lula – O Filho do Brasil”, que é até um bom filme, mas tem pouquíssimas chances de ser finalista. A categoria de melhor filme estrangeiro, no Oscar, já nos deu inúmeras obras-primas. Os países campeões são a Itália, 13 vezes vencedora, incluindo aí as maravilhas de Federico Fellini, como “A Estrada”, “As Noites de Cabíria”, “8 ½ “e “Amarcord”; França, 12 vezes premiada, destacando-se “A Noite Americana” de Truffaut, e “Um Homem, Uma Mulher”, de Claude Lelouch,aquele que tinha na trilha sonora o “Samba da Bênção” de Vinícius, e é um ícone dos anos 1960. Aliás, nessa década, mais precisamente em 1963, o Brasil era indicado com “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte e perdeu justamente para a França, que venceu com o belíssimo drama de Serge Bourguignon, “Sempre aos Domingos”. “O Pagador” era favorito, por conta de ter ganho a Palma de Ouro no Festival de Cannes; a Espanha teve quatro vitórias, incluindo o magnífico “Tudo Sobre Minha Mãe”, de Almodóvar, e o Japão também venceu quatro vezes, a última delas com o drama “A Partida”. Alemanha, Holanda, Suécia e a antiga União Soviética obtiveram 3 vitórias cada, e nossos hermanos argentinos já venceram duas vezes, como já comentei neste espaço, e vem muito fortes com o drama “Abutres” em 2011. A maioria dos filmes que comentei são facilmente encontrados em DVD e muitos já em Blu-Ray. Quero destacar hoje um vencedor na categoria de filme estrangeiro no Oscar, o austríaco “Os Falsários”, drama ambientado num campo de concentração na segunda guerra: o judeu Salomon Sorowitsch, um extraordinário falsificador de dinheiro e documentos, é preso e levado pelos nazistas a conduzir uma chamada “Operação Bernhard”, a maior falsificação de dinheiro de todos os tempos. Ele é ajudado por outros técnicos “convocados” pelos nazistas, e eles passam a viver o dilema de escolher entre ajudar o inimigo e garantir a própria sobrevivência.

A Academia gosta de filmes que falam do Holocausto, e a premiação a um deles, o italiano “A Vida é Bela”, também nos tirou o Oscar, que deveria ter ido para “Central do Brasil”.

“Os Falsários” é um drama intenso, bem conduzido por Stefan Ruzowitzky, e praticamente “carregado” pelo excelente ator Karl Markovics. Fotografia, direção de arte e trilha sonora são ótimos. Na trilha, aliás, uma surpresa: versões instrumentais de tangos famosos como “Mano a Mano” e “Por Uma Cabeza”...pra gente não se esquecer da Argentina.

Vamos curtir esses maravilhosos filmes falados em outras línguas, mas que chegam tão facilmente aos nossos corações e mentes.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

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