segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Repercussão

Veja coluna CineArt publicada na Gazeta de Limeira do último sábado, 18 de dezembro:

ACREDITE NOS SEUS OLHOS


Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter: @faridzaine


Quem não viu no cinema, corra pra alugar numa locadora ou comprar num loja ou pela internet, porque vale a pena. O Globo de Ouro, abaixo apenas do Oscar em fama, já deu a ele as indicações para Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Não é pouco, mas não é o suficiente, tratando-se de “A Origem”, espetacular ficção de Christopher Nolan que agora é lançado em DVD e Blu-Ray. Veja logo, se possível numa TV grande, e em Blu-Ray. É preciso mergulhar nesse drama, nessa intrincada aventura cheia de suspense, reviravoltas e surpresas. E quando falo em reviravoltas, não falo apenas do roteiro complexo, mas fascinante. Falo também da beleza plástica do filme e seus efeitos incríveis. Os efeitos especiais sempre encantam, e são justamente os filmes de ficção científica que mais os apresentam. A saga de “Guerra Nas Estrelas” fez uma revolução nesse sentido, e George Lucas, Steven Spielberg e James Cameron, entre outros, fizeram a “indústria” dos efeitos progredir assustadoramente, a ponto de se precisar de novas descobertas tecnológicas para satisfazer os delírios e a imaginação desses criadores de sonhos. James Cameron foi um deles, com seu “Avatar”. Muitas vezes não é nas explosões espaciais, na guerra entre mundos, nas naves monumentais que está a grande arte dos efeitos. Às vezes eles são tão precisos, tão perfeitos, que parecem a pura realidade, como foi o caso de “Titanic”, com sua tragédia impressionantemente real, ou a delicadeza das transformações provocadas pelo tempo às avessas em “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Quando se pensava que os efeitos nos filmes de ficção científica tinham sua tecnologia dominada, surge “Matrix” e uma nova revolução é reverenciada, aplaudida e premiada. O que viria depois dos corpos voando, flutuando, desviando de projéteis num balé espacial inacreditável? Pois veio “A Origem” (Inception), desafiando nossos olhos e nosso raciocínio. Imagine alguém entrando nos seus sonhos e deles roubando informações, ou neles plantando uma idéia. Essa é a base do filme, levada ao extremo por um roteiro muito bem elaborado pelo próprio diretor. Leonardo DiCaprio é a personagem principal, saindo-se otimamente no papel do “ladrão de sonhos” Dom Cobb, consolidando-se como excelente ator dramático, o que já estava mais do que provado no belíssimo “Foi Apenas um Sonho” (Revolutionary Road), de Sam Mendes, e no sombrio e magnífico “A Ilha do Medo”(Shutter Island), de Scorsese. DiCaprio está em boa companhia em “A Origem”: Marion Cotillard, Oscar de melhor atriz por “Piaf”, e Ellen Page, a adolescente de “Juno”, além do grande Michael Caine.
A duração do filme pode assustar: 147 minutos! Mas essas quase três horas passam sem que se perceba. O filme é tão envolvente que nos absorve por completo o tempo todo, mergulhados que ficamos em sua intrincada construção de um enredo mirabolante. A fotografia é esplêndida e a trilha sonora de Hans Zimmer a mais apropriada. Alguém entendeu tudo diferentemente de você? Ótimo. Está aí uma boa chance para a discussão de uma obra instigante a que ninguém ficará indiferente.
“A Origem” não é apenas um filme de ficção científica para exibir efeitos especiais. Nele a tecnologia está presente, de forma totalmente eficiente, para mostrar um mundo onde tudo é possível, posto que a ação se desenvolve em vários planos de sonhos. A arquitetura nunca será a mesma aos nossos olhos, depois da experiência do universo onírico desse filme. Christopher Nolan já havia sido percebido e elogiado pela crítica por “Amnésia”, e esse seu lado dedicado aos enigmas e quebra-cabeças foi agora aprimorado.
É quase certo que, após as indicações para o Globo de Ouro, venham muitas indicações ao Oscar também para “A Origem”.
Cineastas sempre perseguiram a melhor forma de encantar e iludir o espectador através dos efeitos visuais. Um desses efeitos, que deslumbrava as platéias dos anos 1950, era a abertura do mar vermelho em “Os Dez Mandamenteos”, de Cecil B. de Mille, que trazia ainda outras sequências espetaculares que deram ao drama bíblico o Oscar de efeitos especiais. Hoje, diante da evolução dos equipamentos e das tecnologias, do surgimento da computação gráfica, esses efeitos parecem toscos e primários, embora ainda guardem seu fascínio. Daqui a 50 ou 60 anos, o que se dirá dos efeitos especiais de “A Origem” ou de “Matrix”? Por enquanto, acreditemos em nossos olhos, seja atravessando o Mar Vermelho ou entrando nos sonhos dos outros. Esse é o poder que nos dá o cinema.


SERVIÇO



“A Origem” (Inception), Drama/ ação/ficção científica, EUA, 2010, direção de Christopher Nolan, 147 minutos, Warner Home Vídeo, disponível em DVD e Blu-ray.

Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

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