terça-feira, 18 de maio de 2010

A TRILHA SONORA DE LIMEIRA
Artigo Opinativo de José Farid Zaine (Professor e Vereador pelo PDT)



No dia 19 de janeiro de 1982, eu e Joaquim Prado, parceiro musical no grupo Avena, estávamos em Mongaguá, no litoral paulista, à espera da grande final do festival de MPB daquela cidade. Foi quando chegou a terrível notícia da morte de Elis Regina, a maior cantora brasileira de todos os tempos e uma das maiores do mundo. Fomos invadidos pelo luto e pela sensação de que, com Elis, morria a MPB. Escrevi um longo poema expressando minha dor e tentando traduzir em versos o significado daquela perda. O poema foi colocado na entrada do recinto do festival, que o Avena ganhou, levando todos os prêmios: primeiro lugar, melhor letra, melhor arranjo e melhor intérprete, tudo para uma só música, num evento que reunia compositores e intérpretes de todo o Brasil, e tinha no júri artistas consagrados, como Sérgio Reis. Fomos para muitos outros festivais em todo o país, ganhando mais de duzentos prêmios. Em 1984, a profa. Dora Arcaro, diretora do Centro do Professorado Paulista – CPP, regional de Limeira, me chamou, pedindo para criar um grande festival em Limeira. O pedido vinha ao encontro de um desejo antigo meu, que já havia feito os festivais de música estudantil no Trajano Camargo. Criamos o festival de MPB de Limeira, e eu o batizei de “Canta Limeira”. Propus uma homenagem, que logo foi aceita por Dora e pela equipe organizadora. O 1º Canta Limeira seria uma homenagem a Elis, cuja presença entre nós era ainda muito forte, como é hoje. Joaquim criou o cartaz: fundo negro e, como se flutuasse, Elis de braços abertos, numa foto do espetáculo “Trem Azul”, o último de sua vida, assim como tinha sido a capa da revista “Isto É”, na matéria que relatava o luto brasileiro pela morte prematura de sua maior estrela. No cartaz, a frase “Elis Vive”, síntese do nosso sentimento. O troféu, uma estrela de madeira, com outra de metal sobreposta, com a inscrição “Agora eu sou uma estrela”, frase de um texto falado por Elis no show “Trem Azul”.
O primeiro Canta Limeira, realizado no Ginásio de Esportes Vô Lucato, foi um sucesso. Veio gente de peso do Brasil inteiro, e uma cantora limeirense, Cilmara Catto, com uma linda canção chamada “Soirée”, foi a vencedora. A segunda edição do festival foi realizada no ginásio do Nosso Clube, tendo a grande final transmitida pela TV Cultura, num programa chamado “Próxima Parada”, dirigido por Celso Tavares, um apaixonado pelos festivais. O Canta Limeira ganhava projeção e solidificava seu nome no rol dos maiores e melhores festivais do País. A terceira e quarta edições foram realizadas, já quando eu fui Secretário da Cultura pela primeira vez, no Cine Vitória, hoje nosso teatro municipal. Depois, o festival passou um longo tempo de ostracismo, de 1997 a 2004. Voltou em 2005, com a posse do Prefeito Sílvio Félix e meu retorno à Secretaria da Cultura, novamente com a parceria do CPP. A população aprovou, lotando o teatro em todas as noites da sexta, sétima e oitava edições. Músicos limeirenses passaram a ter premiação especial, e a cidade abriu o palco a dezenas de compositores e intérpretes locais. Em 2010, o “Canta Limeira” retorna ao Teatro Vitória, agora reforçado através de Lei que apresentei na Câmara Municipal, aprovada e sancionada pelo Prefeito Silvio Félix, que coloca o festival no Calendário Oficial de Eventos do Município. O atual secretário da Cultura, Adalberto Mansur, já se apaixonou pelo Canta Limeira, como foi visível na coletiva de imprensa que lançou a nona edição do festival. Dora Arcaro e eu ficamos de alma lavada, na sede do CPP, onde foi realizada a coletiva.
Em julho, cantores e compositores de todo o Brasil, além dos talentos limeirenses, mostrarão suas composições no espaço sagrado do festival, onde se dá a resistência da música popular brasileira.
Vai continuar a ser ouvida a trilha sonora mais emocionante para a história cultural da cidade. Assim como Elis, o Canta Limeira vive!

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