segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Repercussão 2

Neste sábado, 16 de outubro, na Gazeta de Limeira, a coluna “CineArt” abordou alguns filmes inspirados em obras de Mário Vargas Llossa. O texto, de José Farid Zaine, está disponível na íntegra abaixo:

Éééééééééé.......do PERU!

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter.com/faridzaine

Imaginem se o anúncio do Nobel de Literatura fosse feito por Galvão Bueno. Em 2010 ele não gritaria Éééééé´....do Brasil, mais uma vez, e íamos ficar com o ouvido impregnado de Ééééééé...do Peru, pois é de lá que veio esse gênio da literatura universal, felizmente – para nosso orgulho – latino-americano, Mário Vargas Llosa. Vamos ficar aguardando nossa vez, quem sabe para dar visibilidade internacional à obra maravilhosa de Ferreira Gullar, cujo mais recente lançamento, Em Alguma Parte Alguma, é uma pequena obra-prima. Anunciado na semana passada, o Prêmio para Vargas Llosa é merecidíssimo. Ele é traduzido no mundo inteiro, sempre com enorme sucesso de vendas. Quem não conhecia, vai procurar suas obras agora, pelo apelo incontestável do Nobel. Meus livros favoritos dele são:

1- A Cidade e os Cachorros, cujas primeiras edições brasileiras tinham o título de Batismo de Fogo, e agora saem com a tradução do original, La Ciudad y Los Perros. Em 1985 houve uma versão para o cinema, dirigida por Francisco Lombardi.

2- Pantaleão e as Visitadoras, que originou o filme homônimo disponível em DVD, outra direção de Lombardi, um dos mais conhecidos cineastas peruanos.
3- Tia Julia e o Escrevinhador, filmado pelo britânico Jon Amiel, mas não lançado em DVD por aqui.

Outro livro de Llosa, “A Festa do Bode”, originou o filme “O Ditador”, o mais recente lançamento em DVD baseado em uma obra dele, que pode ser facilmente encontrado nas locadoras. O nome do diretor, que nasceu em Lima? Luis Llosa...No elenco Isabella Rossellini, num drama político sobre o monstruoso ditador Trujillo, da República Dominicana.

Quando li “A Cidade e os Cachorros” eu me apaixonei imediatamente pela literatura de Mario Vargas Llosa. Isso foi há muito tempo, na época em que eu cursava a Faculdade, mas foi o livro que me levou a seguir os lançamentos do escritor peruano e a fazer deles presentes para amigos, que eu queria que compartilhassem comigo o prazer dessa leitura. “Tia Julia e o Escrevinhador” me apresentou uma das personagens mais intrigantes da literatura latino-americana, Pedro Camacho, assim como “Pantaleão e as Visitadoras” me introduziu ao universo espantoso de Pantaleão Pantoja, membro do exército peruano levado a realizar uma complicada tarefa, a de levar “calma” a soldados peruanos em missão na Floresta Amazônica, e que andavam em “ponto de bala” com a falta de sexo que tinham de suportar. O Capitão Pantaleão, conhecido por sua exemplar conduta no Exército e na família, é incumbido de criar um tal serviço de “visitadoras” para os soldados, e ele realiza a tarefa com tamanho empenho, que isso passa a ser um problema para a imagem do Exército, já que a ação, diante do sucesso, não pode mais ser ocultada. O Próprio Pantaleão verá sua vida e seu casamento balançados por uma Colombiana estonteante. Uma história dessas, original, divertida e apaixonante, não deixaria de seduzir o cinema, naturalmente. E, assim como outros livros de Llosa, transformou-se num sucesso do cinema peruano, nem sempre muito visto em outros países. No Brasil “Pantaleão e as Visitadoras” , dirigido por Francisco Lombardi, ganhou diversos prêmios em Gramado, mas não alcançou grande sucesso popular nem despertou muitos amores da crítica. A indicação dele, nesta semana, vem para que os leitores que ainda não conhecem a obra de Llosa, possam ser estimulados pelo filme, para depois procurarem seus livros. E para quem leu o livro, será muito interessante ver essa história na tela da TV. “O Ditador”, baseado em “ A Festa do Bode”, é mais fácil de ser encontrado numa locadora.

E já que as indicações da semana homenageiam o grande vencedor do Nobel de Literatura, e que ele é peruano, que tal conhecer mais um exemplar cinematográfico de seu país? Falo de “A Teta Assustada”, que em 2009 deu muitos prêmios internacionais ao cinema peruano, incluindo o Urso de Ouro no Festival de Berlim, o mesmo prêmio já concedido aos brasileiros “Tropa de Elite” e “Central do Brasil”. Esse filme diferente, já traduzido como “O Leite da Amargura” (Milk of Sorrow), tem esse estranho título oriundo de uma doença que acometia mulheres peruanas vítimas de violência durante o período de terror e instabilidade social vivido pelo país em passado recente: seus traumas, medos e angústias passariam às filhas através do leite materno. Cheio de simbolismos e metáforas, o filme não tem apelo popular, mas merece ser visto para que se conheça uma obra premiada e elogiada pela crítica internacional. “A Teta Assustada” é dirigido por Claudia Llosa...Llosa, decididamente, é um nome forte no Peru!

Serviço:

Pantaleão e as Visitadoras – Peru, 1999 – Comédia – 116 min, direção de Francisco Lombardi, (baseado no livro homônimo de Mário Vargas Llosa), Europa Filmes.


O Ditador – Reino Unido/ Espanha/ República Dominicana, 2005 – Drama – 125 min., direção de Luis Llosa (baseado no livro A Festa do Bode, de Mário Vargas Llosa) - Flashstar


A Teta Assustada – Peru/ Espanha, 2009 - Drama - 95 min., direção de Cláudia Llosa – Paris Filmes.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

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