Repercussão

Neste sábado, 2 de outubro, na Gazeta de Limeira, a coluna “CineArte” abordou os filmes asiáticos. O texto, de José Farid Zaine, está disponível na íntegra abaixo:

QUEM TEM MEDO DO CINEMA ASIÁTICO?

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter.com/faridzaine


Existe um público que freqüenta as locadoras e que tem aversão por filmes que não sejam os grandes sucessos, os blockbusters que venham recomendados por grandes bilheterias. É razoável não querer correr o risco. Um freqüentador desse tipo vai querer retirar das prateleiras um filme de aventuras vindo do Cazaquistão? Vai se arriscar a ver uma comédia feita por um diretor que vem de Taiwan? Vai se interessar por um drama japonês que conta a história de um homem que vive de preparar cadáveres? Fugir disso tudo, aí mora o erro. Quem não se aventurar a ver algo diferente, quem não se propuser a conhecer outras linguagens, outras culturas, outras formas de contar histórias, estará limitado a um cinema que vai direto das salas dos shopping centers para a sala de sua casa. Claro que existe um público grande e interessado num cinema alternativo, o que em geral não chega ao circuito comercial no interior. Esse público busca nos festivais, nas mostras, nos chamados “cinemas de arte” (expressão que quase já não se usa), saciar sua fome de cinema. Contra essas pessoas existe até um certo preconceito, como se fosse gente chata atraída por filmes chatos, aqueles com longas sequências silenciosas e roteiros pouco usuais.Nada disso. Buscar o conhecimento do cinema asiático pode ser um exercício extremamente compensador, e para isso dou algumas dicas.

Sabe onde fica o Cazaquistão? Pois é de lá que vem uma aventura espetacular, uma dessas sagas que o cinema gosta de contar: História movimentada, enredo cheio de reviravoltas, um amor que supera tudo, um homem que vence as mais absurdas provações e se torna um dos mais poderosos imperadores de todos os tempos. Isso tudo está em “O Guerreiro Genghis Khan”, originalmente MONGOL. Produção caprichadíssima dirigida por Sergei Bodrov, indicada ao Oscar de filme estrangeiro. Amantes de grandes aventuras não vão ter do que reclamar...

Bom, e para quem pensa que cinema japonês é só filme de monstros, de terror (gêneros em que eles, os japoneses, são muito bons), é só dar uma olhadinha na história da cinematografia do país do sol nascente, e ver as grandes obras que vieram de lá para encantar o mundo inteiro. O mestre Akira Kurosawa é simplesmente um dos maiores diretores de todos os tempos, e deu à humanidade obras imortais como “Dersu Uzala”, “Ran”, “Rashomon”, “Kagemusha – À sombra de um Samurai”, ente outras, sendo todas essas citadas disponíveis em DVD. Mas vamos falar de um filme novo, de 2008, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009, chamado “A Partida”, dirigido por Yojiro Takita. Pode um filme que fala de um músico desempregado que passa a ganhar a vida preparando corpos para a última despedida, despertar interesse? Pode e deve. Quem não viu deve ir correndo para uma locadora e juntar pessoas para esse encontro com um filme adorável, bonito e emocionante. Nada de dramalhão: o tema é tratado com tal delicadeza, até com bastante humor, de uma forma tão digna, que é daí que vem o estímulo para as lágrimas, inevitáveis. Mas se o caso for a escolha de uma comédia romântica, vamos dar uma voltinha até 1993, para encontrar o agora consagradíssimo diretor Ang Lee ( “O Segredo de Brokeback Mountain”), que veio de Taiwan. Embora se trate de uma coprodução com os Estados Unidos, é de lá que ele trouxe sua bagagem de talento e seu elenco primoroso para fazer uma comédia, cuja história se passa em Nova York, e que trata do relacionamento amoroso entre dois rapazes, um taiwanês e outro americano. As confusões geradas pela visita dos pais orientais ao apartamento do filho que mora nos Estados Unidos, e cujas preferências sexuais eles desconhecem, geram um roteiro eficiente e muito bem costurado. O filme é “O Banquete de Casamento”, e é leve, divertido e agradável.

Para quem já curte ver filmes de origem asiática, não serão novidades essas três indicações. Para quem ainda viu pouca coisa, trata-se de uma “iniciação” bem prazerosa. O certo é que ninguém vai reclamar de ver esses filmes tão bons, tão bem acabados, tão fáceis de serem vistos ...mesmo que seja necessária uma corridinha ao Google para lembrar onde ficam o Cazaquistão e Taiwan.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)