quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Repercussão 2




Neste sábado, 9 de outubro, na Gazeta de Limeira, a coluna “CineArte” abordou alguns filmes nacionais. O texto, de José Farid Zaine, está disponível na íntegra abaixo:



LULA MERECE UM OSCAR?
Por José Farid Zaine


farid@limeira.com.br



twitter.com/faridzaine




Enfim, a Comissão de Seleção da Academia Brasileira de Cinema, responsável pela escolha do filme que representa o Brasil na corrida para o Oscar deu seu veredito: é “Lula, o Filho do Brasl”, de Fábio Barreto. Produção cara, com orçamento só superado por “Nosso Lar”, “Lula” estreou em janeiro de 2010, com todo tipo de críticas e com fracasso nas bilheterias. Ficou bem o tipo de filme do qual se diz “não vi e não gostei”. Fábio Barreto, hoje em coma após grave acidente, nem viu as repercussões do seu filme, nem esse “renascimento” dele agora, com a possibilidade de uma vaga no Oscar. “Lula” foi acusado de romancear demais a vida do atual Presidente da República, transformando-o num heroi sem máculas, e de ser um produto eleitoreiro, já que foi lançado no ano da eleição presidencial, já com o ostensivo trabalho para a eleição de Dilma Roussef. Política pura, dizem. Mas o que não é política na vida de Lula? Eu gosto do filme. Ele tem muitas qualidades, do esmero técnico ao elenco muito bem escalado. Glória Pires está soberba, como Dona Lindu, a grande personagem do filme. Pelo trabalho dela, o filme já foi muito chamado de “Lindu, a Mãe do Brasil”. Glória é dessas atrizes que emocionam com o olhar, com o movimento ou a paralização dos músculos da face, com o simples gesto de levar a mão à boca para demonstrar alegria, dor ou medo. Rui Ricardo Dias se sai bem em papel de tamanha responsabilidade, assim como Cléo Pires, como a primeira esposa de Lula, e Juliana Baroni, como Dona Marisa Letícia, jovem. Bom, se é pra ficar na torcida pra que “Lula, O filho do Brasil” consiga figurar entre os cinco finalistas do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, o limeirense tem um motivo a mais para a “patriotada”: nossa linda Juliana Baroni está lá, e quem sabe represente nosso orgulho no tapete vermelho mais cobiçado do mundo...Fiquei feliz também por ver no filme o meu amigo Eduardo Acaiabe, o intérprete de Geraldão, com destacada participação na trama. A Comissão, presidida por Roberto Farias, deu seus motivos, nada desprezíveis, para a escolha unânime do representante brasileiro: uma obra muito bem feita, tecnicamente condizente com seu orçamento milionário, que tem como base a vida de um dos homens mais influentes do mundo, e que nasceu em meio à mais profunda pobreza no nordeste brasileiro, migrou com a família para a região mais rica do país, tornou-se um líder sindical e foi conduzido à Presidência da República num país que começava a desenhar seu futuro de grande potência. História edificante, personagem carismática mundialmente conhecida, momentos de dramaticidade e tensão, exemplos de superação, isso tudo está no filme, e são temperos muito apreciados pelo público americano e nunca desprezados pela Academia. Se você, caro leitor, é um daqueles que “não viu e não gostou”, é uma boa chance de ver agora o DVD, e opinar sobre as chances do filme na mais badalada premiação do cinema mundial. Se não gostar, ou se não quiser ver “Lula”, recomendo outro filme com nossa maravilhosa Glória Pires, que também estava na lista para a avaliação da Comissão: “É Proibido Fumar”, de Ana Muylaert, cuja estreia nos cinemas de deu em novembro de 2009, e o lançamento em DVD em junho de 2010. Pouco visto também, e injustamente. Glória, para variar, está magnífica como uma professora de violão que fuma desesperadamente e resolve parar, por conta de uma relação amorosa com seu vizinho, interpretado por Paulo Miklos. No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro entregue em junho, foi considerado o melhor longa de ficção, e Ana Muylaert foi eleita a melhor diretora, além de prêmios para a trilha sonora, roteiro e direção. É um filme delicioso que, com certeza, merece ser visto, tanto pela presença magnética de Glória Pires, sem desprezar Paulo Miklos, quanto pela história envolvente e intrigante, contada de forma exemplar.
“Lula, O Filho do Brasil” também merece ser visto. Lá está a nossa cara, a nossa história. Em cena emblemática no início do filme, quando Dona Lindu e seus filhos saem de Garanhuns em direção a Santos, o pequeno caminhão, lotado de gente pobre, sofrida, sedenta e faminta, com a bandeira brasileira pintada na carroceria, parece o próprio Brasil pegando a estrada, em busca do seu destino. “Lula, O Filho do Brasil” venceu concorrentes de peso para chegar a ser o representante brasileiro no Oscar. Resta conhecer seu desempenho no “segundo turno”, dia 25 de janeiro de 2011.

Serviço

“Lula, O Filho do Brasil” – Brasil, drama, 2009, direção de Fábio Barreto, 129 minutos, DVD., Europa Filmes

“É Proibido Fumar” – Brasil, drama, 2009, direção de Ana Muylaert, 89 minutos, DVD, PlayArte.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

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