Por José Farid Zaine
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Estreou na semana passada, em todo o Brasil, o filme “Um Método Perigoso”, dirigido pelo irrequieto e polêmico David Cronenberg. A história é baseada em fatos reais, sobre o relacionamento entre Sigmund Freud e Carl Jung, este último a princípio considerado um “filho” de Freud, tanto pela diferença de idade, quanto pela aproximação que os dois tiveram num período de suas vidas: mas os dois divergiram muito, ficaram próximos do rompimento definitivo, e trocaram muita correspondência sobre suas convergências e divergências de pensamento sobre os caminhos da psiquiatria. No meio dessa história, surge a paciente de Jung, Sabine, tida como esquizofrênica, que ele trata e recupera, a ponto dela se tornar também uma renomada psicóloga. Jung , apesar de casado e com filhos, envolve-se sentimentalmente com Sabine e os dois passam a ter um caso de tórrida paixão extraconjugal, que começa a abalar a amizade entre Jung e Freud, além das possibilidades de um escândalo iminente.
David Cronenberg conduz “Um Método Perigoso” com sua habitual competência, fazendo com que a história de dois monstros sagrados da psiquiatria se transforme num drama real forte e que desperta enorme interesse , pois o público tem a chance de conhecer o lado íntimo de homens que ficaram internacionalmente conhecidos por tratar justamente o lado oculto e sombrio de seus pacientes. Só isso já exerce poderoso fascínio sobre as pessoas. Não bastasse o tema atraente, o tratamento visual dado ao filme é excelente, com ótima reconstituição de época retratando a Europa no início do século XX.
O trio de intérpretes é conhecidíssimo, o que contribuiu muito para tornar o filme ainda mais interessante. Viggo Mortensen é Freud, Michael Fassbender é Jung e Keira Knigthley é Sabine. Os três têm grandes filmes no currículo, mas ficaram mundialmente conhecidos por seus papeis em sofisticadas e caras aventuras. Mortensen é um dos rostos mais marcantes de “O Senhor dos Aneis”,onde viveu Aragorn. Fassbender é o Magneto de X-Men – Primeira Classe, e Knightley é a mocinha de 3 exemplares de “Piratas do Caribe”. Eles têm também ótimos e sérios filmes no currículo, mas ficaram populares por esses blockbusters. Fassbender está em “Prometheus”, que estreia brevemente, nova aventura de ficção científica assinada por Ridley Scott, grande mestre do gênero, criador de “Blade Runner – o Caçador de Androides”, hoje um dos maiores clássicos dessa categoria. Knigthley estará em Anna Karenina, baseada no célebre romance de Tolstoi, a estrear ainda em 2012.
Cronenberg tem uma filmografia interessante, que pode ser revista numa busca pelos DVDs e Blu-Rays nas locadoras. Foi o diretor de “Gêmeos – Mórbida Semelhança” (1988), “A Mosca” (1986), “Crash - Estranhos Prazeres” (1996) e muitos outros. Em 1993 dirigiu Jeremy Irons num surpreendente e belo drama, “M.Butterfly”, há poucas semanas exibido na TV a cabo.
Já que o assunto é o relacionamento entre Freud e Jung, proponho também uma revisão de outro grande clássico, dirigido por John Huston, sobre um período da vida de Freud, anterior ao encontro com Jung. Trata-se de “Freud – Além da Alma”, belo drama de tons biográficos, com magnífica fotografia em preto e branco, e com antológicas interpretações de Montgomery Clift e Susannah York. Esse, agora, ficou para ser visto em casa, na sala de estar ou no quarto. Para a sala grande do cinema, fica “Um Método Perigoso”, e nós nos uniremos a muitos interessados em penetrar na vida íntima de Freud e Jung, com uma curiosidade mais do que justificável.
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