sexta-feira, 18 de maio de 2012

ROCK, PIPOCA E BATALHA NAVAL


Por José Farid Zaine
Twitter: @faridzaine
Facebook: Farid Zaine


O que se deve esperar ao entrar em um cinema que anuncia um filme chamado “Battleship – A Batalha dos Mares”, ainda mais sabendo que essa “batalha dos mares” nada mais é do que o conhecidíssimo jogo “batalha naval”? Claro, é óbvio: deve-se esperar diversão apenas. Ninguém vai querer imaginar que se trata de um filme filosófico, um drama existencialista, uma comédia sofisticada e inteligente...desde o momento em que entramos, sabemos que vamos nos acomodar em confortáveis poltronas, que passaremos duas horas diante da iminência do fim do mundo, e que após esse tempo, estaremos sãos e salvos, com a bandeira americana tremulando em nosso cérebro...e saímos sem carregar nada, o que às vezes é muito bom...

No caso desse “Batteleship – A Batalha dos Mares”, dirigido por Peter Berg, a promessa é plenamente cumprida: a aventura transcorre para mostrar que Hollywood é capaz de qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, até transformar o jogo “batalha naval” num filme bem movimentado, com ETs que vem para destruir a Terra (na verdade, eles receberam contato do nosso Planeta, mas não vieram como visitinhas exatamente cordiais). Para não ficar apenas nas explosões espetaculares (sempre são), nas trocas de “gentilezas” entre alienígenas e terráqueos e nas pirotecnias de naves com aquela cara já surrada de “transformers”, o roteiro situa a ação em Pearl Harbor, de dolorosa lembrança para os americanos, e ainda coloca um japonês ( Tadanabu Asano, como Nagata) ao lado do mocinho (Taylor Kitsh, como Hopper), para conduzir a história ao final nada surpreendente.

O filme é tecnicamente bem cuidado, e determinado a fazer – literalmente – muito barulho. Os efeitos sonoros são bem produzidos e exacerbados pelo rock de AC/DC, Credence Clearwater Revival e outros, ótima sacada da trilha sonora, que confere ao conjunto a estridência ensurdecedora desejada e, por conta disso, um humor inesperado. Claro, isso só é possível usufruir numa sala de cinema com projeção e som decentes. Aliás, as plateias ruidosas, neste caso não atrapalham. Pelo contrário, é interessante ver como as toneladas de pipocas consumidas e as latinhas de refrigerantes abertas sem qualquer pudor acabam se integrando às sequências barulhentas...

A maioria dos críticos deu notas baixas para o filme, logo após ter soltado muitas estrelas para o blockbuster “Os Vingadores”, já arrecadando estratosféricas bilheterias. De fato “Os Vingadores” é melhor, mais bem transado, com um humor mais escancarado e um elenco estelar realmente forte. Mas “Battleship” está longe de ser jogado no lixo, pois atende ao seu propósito de ser um divertimento.

Há coisas em “Battleship” que causam um estranhamento: Porque Rihanna no elenco, se ela sequer canta...e nem é atriz? Porque Liam Neesom, se ele fica apenas num papelzinho constrangedoramente pequeno? Nada disso parece importar quando surgem os créditos finais, atirados sobre a plateia pelo rock poderoso da trilha.

Então, caros leitores e leitoras, nada de preconceito: quem quiser se esquecer por duas horas do nosso cotidiano tão cheio de tensões, pode ir jogar um pouco dessa batalha naval, mas num cinema de verdade. Pois se for numa sala com projeção ruim e som de quinta categoria, a diversão se transformará num pesadelo maior do que a própria invasão da Terra por ETs mal intencionados. Aí nem a bandeira americana tremulará trazendo salvação.

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