segunda-feira, 8 de junho de 2009

Na íntegra: Auto de Anchieta

AUTO DE ANCHIETA
José Farid Zaine


1
Ele nasceu numa terra abençoada
Por belas paisagens nas ilhas Canárias
Era São Cristóvão de La Laguna
Era a Espanha tão rica de Histórias...
2
Começava a sua viagem pela vida
E a Virgem o abençoou com sua luz
José de Anchieta foi batizado
Com o destino traçado por Jesus
3
Muito jovem, seu coração já acordou
Para as coisas do céu, não as da terra
Desde cedo seu peito proclamava
A defesa da paz contra o horror da guerra
4
Sua família era rica, tinha muitos bens
Mas o dinheiro nunca o encantou
Era parente de Santo Inácio de Loyola
Outro que a Deus por inteiro se entregou
5
No completo vigor da sua juventude
Poderia se entregar a qualquer aventura
Em Portugal foi receber a sua educação
Base de Coimbra para toda a vida futura
6
O chamado de Deus tocou seu coração
E para a ordem dos Jesuítas ele entrou
Tinha então somente 17 anos
Quando seu caminho ele encontrou
7
O corpo que poderia ser sempre vigoroso
Num golpe conheceu a fragilidade
Um deslocamento da coluna
Trouxe-lhe a dor, por fatalidade...
8
Precisava de uma terra ensolarada
Onde não sofresse o rigor do frio
E assim Anchieta viajou pra longe
E veio parar nas terras do Brasil
9
Anchieta tinha apenas 19 anos
Quando chegou ao “paraíso tropical”
O mar, o sol, as praias da Bahia
Seriam o remédio para todo mal...

10
Encontrou-se Anchieta com seu povo
A quem os jesuítas vieram evangelizar
Acreditava que a eles daria a salvação
O caminho certo para o céu alcançar...
11
Mas o rigor dos Padres evangelizadores
Fez do jovem Anchieta um mediador
Ele sabia como se aproximar dos índios
Ele sabia como demonstrar amor...
12
O destino do missionário era agora São Vicente
E era preciso ao mar se aventurar
Mas a viagem não seria tão tranqüila
E tempestades a paz viriam abalar
13
Mar encapelado! Ondas gigantescas!
As naus contra os rochedos atiradas...
Mas o poder da fé era maior que tudo
E logo a natureza estava serenada...
14
O acidente parecia ter sido programado
Para que à terra o missionário descesse
Ali estavam índios que dele precisavam
E uma pequena índia frágil e doente
15
Chamou-a de Cecília no batismo
Essa que jamais iria crescer
Mas sua alma enfim estava salva
Pois recebeu a bênção antes de morrer...
16
Veio Anchieta até Manuel da Nóbrega
Ajudar na catequização dos nativos
E a primeira tarefa que lhe foi confiada
Foi decifrar o Tupi e seus sons desconhecidos
17
Em seis meses ele dominava a língua
Rapidamente atingia todos os seus fins
Passou a ensinar o latim e o português
Aos índios adultos e também aos curumins
18
Incansável, a todos ensinava, noite e dia
E aos poucos acumulava seus escritos
Ao Planalto de Piratininga foi enfim mandado
Para ensinar aos padres e a novos índios
19
Anchieta encontrou o português João Ramalho
Casado com a filha do cacique Tibiriçá
Embora ao seu lado estivesse a bela Bartira
Vendia índios que alguém iria escravizar
20
A fundação do Colégio enfim aconteceu
Mas Piratininga viu o sangue derramado
Nem todas as tribos aceitavam os portugueses
Sentiam que seu povo seria dominado
21
Formou-se a rotina em Piratininga
Ditada sempre pelo badalar do sino
No canto da Ave Maria ou na procissão
Adultos e curumins aceitavam seu destino
22
José de Anchieta ia assim se transformando
Entre os nativos o maior comunicador
Compreendia as línguas e todos os costumes
Passou a ser então o maior mediador
23
Nóbrega e Anchieta tiveram nova causa
A paz entre os tamoios e os portugueses
Entre os índios rebeldes ficaram em perigo
Pondo a vida em risco muitas vezes
24
Nóbrega se foi e Anchieta ficou só
Caminhava longamente sobre a areia fria
Ali escrevia na praia e decorava
Os poemas dedicados à Virgem Maria
25
Liberto do cativeiro em Ubatuba
Anchieta volta o perigo a enfrentar
Em Piratininga a varíola se espalhava
Era um novo desafio que precisava encarar
26
Mais uma vez valeu o seu conhecimento
E os estudos que fez das ervas medicinais
Ajudava a todos a combater a doença
E dava força e fé aos doentes terminais
27
Depois da epidemia, um novo chamado
Vai Anchieta apaziguar a Guanabara
Os tamoios apoiavam a invasão dos franceses
Era preciso um forte e uma cidade levantar
28
E assim, com Estácio de Sá no comando
Os padres ajudaram a construir o povoado
Que seria São Sebastião do Rio de Janeiro
Um lugar para sempre abençoado...
29
Foi em 1566, finalmente, que o irmão José
Teve o seu sonho maior realizado
Pelas mãos de Dom Pedro Leito, Bispo do Brasil,
José de Anchieta foi sacerdote ordenado!
30
E foram tantos que por suas mãos passaram
Recebendo as bênçãos e a luz da religião
Muitos cresceram descobrindo a vida
E à verdadeira paz abrindo o coração
31
Seguia o Padre iluminado sempre escrevendo
Enquanto trabalhava num ritmo febril
Eram poemas, peças para os jovens
Era o nascimento da literatura do Brasil!
32
Na fundação da cidade de São Paulo
Anchieta teve um papel fundamental
Bem como na evangelização dos índios
E no trabalho educativo e cultural
33
Terminava em nove de junho de 1597
A passagem terrena do grande missionário
O apóstolo do Brasil foi para Deus
Depois de completar o seu trabalho
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Tantos séculos já moram no passado
Mas a Igreja de seu padre sempre se lembrou
Já é um Beato, e breve o Papa o fará santo
Por tanta fé e bondade que aqui ele espalhou

35
Seus poemas não se perderam na areia
E nem foram tragados pelo mar
Ficaram escritos para sempre no papel
Eternizado ficou o que ele quis cantar...
36
Desça sobre nós a tua bênção
Nosso Beato Anchieta, o mais amado
Tu serás nosso eterno padre e mestre
Tu, que a Deus estás para sempre abraçado!
Em breve fotos da estreia do "Auto de Anchieta" ontem na Comunidade Beato José de Anchieta, no Jardim São João.
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

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