segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Repercussão 4

Coluna “CineArt” publicada na Gazeta de Limeira do último sábado, 20 de novembro, assinada pelo vereador professor José Farid Zaine (PDT):

AS DORES DE AMOR DE JULIANNE MOORE

Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine



Nosso grande diretor Fernando Meirelles, aquele que foi indicado ao Oscar (e merecia ganhar) por “Cidade de Deus”, e que dirigiu “O Jardineiro Fiel”, que deu a estatueta de atriz coadjuvante para Rachel Weiss, entende mesmo de boas atrizes, tanto que escolheu Julianne Moore para fazer a esposa do oftalmologista, a única que não perde a visão, em “Ensaio sobre a Cegueira”. Meirelles sabe das coisas, Julianne é uma atriz espetacular, e quanto mais sofridas são suas personagens, melhor ela se sai, porque é capaz de dar verossimilhança aos dramas que vive nas telas, mesmo os mais intensos, sem torná-los melosos ou lacrimogêneos. A presença de Julianne é magnética, forte, ela é daquele tipo raro de atriz que coloca uma marca inconfundível nos filmes que faz. Isso pode ser comprovado no recente lançamento em DVD e Blu-Ray, “O Preço da Traição”, título em português que recebeu o mais novo trabalho de Atom Egoyan, originalmente “Chloe”, nome da personagem vivida pela onipresente Amanda Seyfried. Todos agora querem a loura que fez sucesso em “Mamma Mia”. Amanda, tão jovem, faz bonito ao contracenar com a veterana Julianne neste drama envolvente e tenso, que tem ainda no elenco Liam Neeson. “O Preço da Traição” é a história de Chloe, garota de programa contratada por Catherine, personagem de Julianne Moore, para testar a fidelidade do marido, David, vivido por Liam Neeson. Catherine é médica e David é professor, vivem em certa harmonia, por conta der um desgaste natural na relação, e tem um filho talentoso. Chloe entrará na vida de todos, e a turbulência estará plantada num mar antes calmo e sem grandes tempestades. Aton Egoyan, o diretor, nasceu em Cairo, no Egito, mas mudou-se com a família para o Canadá, tendo feito elogiada carreira no cinema e despertado interesse e conquistado prêmios em grandes festivais de cinema, incluindo Cannes. Em “O Preço da Traição” veremos o sofrimento de Julianne Moore causado pela tortura da dúvida. “Até onde você iria para saber a verdade”? , é a pergunta que vem na divulgação do filme, e é o que o espectador esperará ver respondido no comportamento de Catherine. Mas os caros leitores desejam ver Julianne Moore encarnando outras mulheres sofredoras, coisa que ela faz sempre tão magnificamente? Então é melhor vasculhar as prateleiras das locadoras ou os sites especializados em vendas de DVDs e ver pelo menos mais três filmes estrelados por essa grande atriz. Um deles é “Longe do Paraíso”, em que ela interpreta uma dona de casa que vive um casamento aparentemente feliz e que, repentinamente, descobre que seu marido, vivido por Dennis Quaid, tem atração por outros homens. Nos caretas anos 1950, em que se passa a história, outro drama se desenrola: Cathy, a personagem de Julianne, passa a sofrer forte atração por um jardineiro negro. Homossexualismo e preconceito racial dão os tons fortes desse drama dirigido por Todd Haynes. Acabou o sofrimento para Julianne? Nem pensar. Ela está em outros dramas contundentes, e um deles não pode deixar de ser visto por quem se interessa por sua carreira: É “Fim de Caso” (The End of the Affair), dirigido por Neil Jordan. Aqui o parceiro de Julianne é Ralph Fiennes, interpretando o novelista Maurice Bendrix, apaixonado por Sarah (Julianne), esposa de Henry (Stephen Rea). Neste filme, o sofrimento de Sarah vem de uma separação que ela provoca, e que leva seu desesperado amante a uma procura incansável por uma explicação. O filme é belíssimo, e mesmo se já foi visto, merece uma revisão. Neil Jordan é outro diretor de enorme prestígio, conhecido por seu instigante “Traídos pelo Desejo” (The Crying Game), obra-prima sobre ambigüidade, com inesquecíveis interpretações de Stephen Rea, que está em “Fim de Caso”, e o desaparecido Jaye Davidson. Bom, mas o assunto hoje é Julianne Moore e seus amores tempestuosos e sofridos, pelos menos os que ela vive esplendidamente no cinema. Ainda há outro momento brilhante dela que não posso esquecer de recomendar: “As Horas”, sobre a vida de Virgínia Woolf, em que ela interpreta Laura Brown, outra dona de casa numa história que se passa em 1951. Seja na figura de uma dona de casa nos sisudos e moralistas anos 1950, seja na pele de uma fogosa amante nos anos pós-segunda guerra, seja como a única pessoa a enxergar durante uma epidemia de cegueira ou na pele de uma médica atormentada pelo ciúme, viva o sofrimento de Julianne Moore, pois ele nos dá momentos de grande cinema!


SERVIÇO

O Preço da Traição (Chloe), EUA, 2010, drama, direção de Atom Egoyan, 99 min, Play-Arte. DVD e Blu-Ray.

Longe do Paraíso, EUA, 2002, drama, direção de Todd Haynes, 104 minutos, Casablanca Filmes. DVD

Fim de Caso, EUA, 1999, drama, direção de Neil Jordan, 109 min, Sony Pictures. DVD

As Horas, Reino Unido/ EUA, 2002,drama, direção de Stephen Daldry, 119 min, Imagem Filmes. DVD.


Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)

Nenhum comentário:

Postar um comentário