Repercussão
Coluna “CineArt” publicada na Gazeta de Limeira do último sábado, 27 de novembro, assinada pelo vereador professor José Farid Zaine (PDT):
ETERNAS MATINÊS
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine
Vou me lembrar para sempre de quando começou minha paixão pelo cinema. Foi muito cedo, em Corumbataí, onde nasci, e onde meu avô era dono do prédio onde funcionava um cinema. Naquele tempo, mesmo as menores cidades tinham cinema, e Corumbataí tinha dois! Tanto no cinema de meu avô, o São José, como no Cine Central, aprendi a amar a sétima arte, encantando-me com tudo o que via, das comédias de Mazzaroppi aos filmes em cinemascope da Fox, dos célebres musicais da metro aos melodramas de Douglas Sirk. Quando fui para Rio Claro, para estudar, gastava tudo o que ganhava como Office-boy nas sessões do Tabajara, do Excélsior e do Variedades, onde cheguei a passar domingos inteiros, da sessão chamada Zig-Zag, que acontecia de manhã, passando pela matinê à tarde e não dispensando a sessão noturna. Hoje nenhum deles existe mais. Os cinemas foram confinados aos Shopping Centers, e as grandes salas, com mais de 1000 lugares, que eram comuns, foram transformadas em salas menores, mas em grande número num só espaço. Uma das primeiras lembranças das matinês no Tabajara, em Rio Claro, é o rosto de Tony Curtis, no filme “Hienas do Pano Verde”(Mister Cory),de Blake Edwards, que me intrigava pelo título. Tony era então um dos maiores galãs de Hollywood, e passou a ser um dos meus astros favoritos. Adorava suas comédias, como a incrível “Anáguas a Bordo”(Operation Pettitcoat) , também de Blake Edwards, em que ele contracenava com Cary Grant. Tony era freqüentador mais do que assíduo das revistas especializadas em cinema, e sua vida era vasculhada e divulgada, como convém a grandes personalidades, como um ator de enorme popularidade. Casou-se com Janet Leigh, a loura celebrizada por Hitchcock na cena do chuveiro em “Psicose”, e o par era considerado ideal. O casamento durou 11 anos, até que Tony conheceu Christine Kaufmann, uma bela atriz alemã, com quem fez o épico “Taras Bulba”, de J. Lee Thompson, lançado em DVD, filmado nos pampas argentinos.
Tony Curtis morreu no fim de setembro, deixando uma vasta e eclética filmografia, onde predominam comédias inesquecíveis. Uma delas, considerada por muitos como a melhor de todos os tempos, é “Quanto Mais Quente Melhor”(Some Like it Hot) dirigida pelo mestre Billy Wilder, em que ele contracena com Jack Lemmon e Marilyn Monroe. Tony e Jack fazem o filme todo vestidos de mulher, magnificamente caracterizados, num roteiro brilhante cheio de diálogos afiados e situações engraçadíssimas. Algumas cenas viraram antológicas, e ver o filme ainda hoje é puro deleite. Filmado em branco e preto, tem ótima fotografia, música perfeita e interpretações maravilhosas. Marilyn está deslumbrante, sensualíssima, e é neste filme que ela demonstra seu enorme talento para a comédia.
Dentre os sucessos protagonizados por Tony, há também grandes dramas, como “Spartacus”, de Stanley Kubrick, em que ele faz Antoninus, o escravo amado pelo general romano Crassus, interpretado por Lawrence Olivier. Uma famosa cena desse magistral filme é aquela em que o escravo e o seu senhor tomam banho juntos numa banheira, com um erotismo contido, poética e delicada, que foi motivo de muitos rumores e cortes pela censura da época, mas que a versão em DVD exibe. O talento dramático de Tony Curtis seria ainda confirmado em ótimos dramas, como “Acorrentados”( The Defiant Ones), dirigido por Stanley Kramer, em que recebeu indicação ao Oscar, “O Homem que Odiava as Mulheres” (The Boston Strangler), de Richard Fleischer, além do elogiadíssimo “A Embriaguez do Sucesso” (Sweet smell of success), de Alexander Mackendrick.
Tony Curtis era pai de Jamie Lee Curtis, que fez filmes de grande sucesso como “Um Peixe Chamado Wanda” e “True Lies”. O ator estava com 85 anos, e no sexto casamento.
Para quem curtiu e quer matar saudades, e para quem não conheceu os filmes de Tony Curtis, a receita é procurar por suas comédias antológicas e pelos dramas intensos que viveu no cinema, que ele marcou para sempre com seus olhos azuis e seu jeito de eterno moleque. Duvido que mesmo os mais jovens deixarão de curtir a fantástica comédia “Quanto Mais quente Melhor”, a aventura “Taras Bulba”, com suas belas locações, ou um dos maiores e mais belos filmes de todos os tempos, o épico “Spartacus”, em que ele não era o ator principal, mas onde teve um dos seus mais memoráveis momentos.
Ainda bem que as nossas TVs, cada vez maiores, e a preservação dos filmes com modernas tecnologias, não permitirão que deixemos de ter, para sempre, o prazer de eternas matinês.
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)
Coluna “CineArt” publicada na Gazeta de Limeira do último sábado, 27 de novembro, assinada pelo vereador professor José Farid Zaine (PDT):
ETERNAS MATINÊS
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
Twitter: @faridzaine
Vou me lembrar para sempre de quando começou minha paixão pelo cinema. Foi muito cedo, em Corumbataí, onde nasci, e onde meu avô era dono do prédio onde funcionava um cinema. Naquele tempo, mesmo as menores cidades tinham cinema, e Corumbataí tinha dois! Tanto no cinema de meu avô, o São José, como no Cine Central, aprendi a amar a sétima arte, encantando-me com tudo o que via, das comédias de Mazzaroppi aos filmes em cinemascope da Fox, dos célebres musicais da metro aos melodramas de Douglas Sirk. Quando fui para Rio Claro, para estudar, gastava tudo o que ganhava como Office-boy nas sessões do Tabajara, do Excélsior e do Variedades, onde cheguei a passar domingos inteiros, da sessão chamada Zig-Zag, que acontecia de manhã, passando pela matinê à tarde e não dispensando a sessão noturna. Hoje nenhum deles existe mais. Os cinemas foram confinados aos Shopping Centers, e as grandes salas, com mais de 1000 lugares, que eram comuns, foram transformadas em salas menores, mas em grande número num só espaço. Uma das primeiras lembranças das matinês no Tabajara, em Rio Claro, é o rosto de Tony Curtis, no filme “Hienas do Pano Verde”(Mister Cory),de Blake Edwards, que me intrigava pelo título. Tony era então um dos maiores galãs de Hollywood, e passou a ser um dos meus astros favoritos. Adorava suas comédias, como a incrível “Anáguas a Bordo”(Operation Pettitcoat) , também de Blake Edwards, em que ele contracenava com Cary Grant. Tony era freqüentador mais do que assíduo das revistas especializadas em cinema, e sua vida era vasculhada e divulgada, como convém a grandes personalidades, como um ator de enorme popularidade. Casou-se com Janet Leigh, a loura celebrizada por Hitchcock na cena do chuveiro em “Psicose”, e o par era considerado ideal. O casamento durou 11 anos, até que Tony conheceu Christine Kaufmann, uma bela atriz alemã, com quem fez o épico “Taras Bulba”, de J. Lee Thompson, lançado em DVD, filmado nos pampas argentinos.
Tony Curtis morreu no fim de setembro, deixando uma vasta e eclética filmografia, onde predominam comédias inesquecíveis. Uma delas, considerada por muitos como a melhor de todos os tempos, é “Quanto Mais Quente Melhor”(Some Like it Hot) dirigida pelo mestre Billy Wilder, em que ele contracena com Jack Lemmon e Marilyn Monroe. Tony e Jack fazem o filme todo vestidos de mulher, magnificamente caracterizados, num roteiro brilhante cheio de diálogos afiados e situações engraçadíssimas. Algumas cenas viraram antológicas, e ver o filme ainda hoje é puro deleite. Filmado em branco e preto, tem ótima fotografia, música perfeita e interpretações maravilhosas. Marilyn está deslumbrante, sensualíssima, e é neste filme que ela demonstra seu enorme talento para a comédia.
Dentre os sucessos protagonizados por Tony, há também grandes dramas, como “Spartacus”, de Stanley Kubrick, em que ele faz Antoninus, o escravo amado pelo general romano Crassus, interpretado por Lawrence Olivier. Uma famosa cena desse magistral filme é aquela em que o escravo e o seu senhor tomam banho juntos numa banheira, com um erotismo contido, poética e delicada, que foi motivo de muitos rumores e cortes pela censura da época, mas que a versão em DVD exibe. O talento dramático de Tony Curtis seria ainda confirmado em ótimos dramas, como “Acorrentados”( The Defiant Ones), dirigido por Stanley Kramer, em que recebeu indicação ao Oscar, “O Homem que Odiava as Mulheres” (The Boston Strangler), de Richard Fleischer, além do elogiadíssimo “A Embriaguez do Sucesso” (Sweet smell of success), de Alexander Mackendrick.
Tony Curtis era pai de Jamie Lee Curtis, que fez filmes de grande sucesso como “Um Peixe Chamado Wanda” e “True Lies”. O ator estava com 85 anos, e no sexto casamento.
Para quem curtiu e quer matar saudades, e para quem não conheceu os filmes de Tony Curtis, a receita é procurar por suas comédias antológicas e pelos dramas intensos que viveu no cinema, que ele marcou para sempre com seus olhos azuis e seu jeito de eterno moleque. Duvido que mesmo os mais jovens deixarão de curtir a fantástica comédia “Quanto Mais quente Melhor”, a aventura “Taras Bulba”, com suas belas locações, ou um dos maiores e mais belos filmes de todos os tempos, o épico “Spartacus”, em que ele não era o ator principal, mas onde teve um dos seus mais memoráveis momentos.
Ainda bem que as nossas TVs, cada vez maiores, e a preservação dos filmes com modernas tecnologias, não permitirão que deixemos de ter, para sempre, o prazer de eternas matinês.
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)
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