Repercussão
Veja “CineArt” do último sábado, 30 de outubro, publicado na Gazeta de Limeira. O texto, de José Farid Zaine, está disponível abaixo:
TUDO PODE DAR CERTO
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter: @faridzaine
Bem, com esse título, eu poderia falar sobre as eleições de amanhã... Sim, tudo pode dar certo! O Brasil amadureceu democraticamente e vive o auge desse amadurecimento nas eleições presidenciais. Até a pancadaria de lado a lado é produto da liberdade de expressão. No caso do processo eleitoral, com as urnas eletrônicas funcionando perfeitamente, causamos inveja até aos EUA! E o eleitor, já exausto de ver e ouvir tanta coisa, a essa altura já definiu o seu voto e está prontinho para exercitar sua cidadania! Mas o título da matéria, claro, é o do filme de Woody Allen, originalmente “Whatever works”. Que tal uma sessão doméstica relaxante, com essa comédia que traz a marca inconfundível do genial Allen, neste sábado que antecede tão fortes emoções? Em “Tudo Pode dar Certo” está o melhor de Woody Allen: sua ironia, seu sarcasmo, sua ácida visão do mundo, tudo devidamente colocado em personagens perfeitas, veículos mais do que apropriados para dar vida a diálogos afiados e engraçados. Woody Allen não está no filme como ator, mas está presente nas características da personagem principal, o professor aposentado Boris Yellnikoff, vivido brilhantemente por Larry David, que é rabugento, hipocondríaco, ateu e se acha o maior conhecedor do ser humano, principalmente dos seus defeitos e sua insignificância diante do universo. Atenção para o monólogo que ele faz no começo do filme, que é ótimo! Em seu mundo aparece uma jovem linda e ingênua, com o nome de Melodie St.Ann Celestine, que ouve tudo o que o rabugento despeja em seus ouvidos. A graça vem de como ela absorve e interpreta as considerações do “gênio”. A garota é interpretada por Evan Rachel Wood. Não dá pra resistir ao clichê e não dizer que ela é “uma gracinha”... A princípio poderíamos imaginar que uma história com esse início caminhasse para algo do tipo Pigmalião, que o cinema já repetiu incontáveis vezes e imortalizou no divino “My Fair Lady”, com Audrey Hepburn e Rex Harrison: o velho transformará a moça ingênua e ignorante numa mulher inteligente e preparada, por quem se apaixonará, etc, etc...O que se vê não é exatamente isso, embora o envolvimento amoroso dos dois realmente aconteça. O roteiro não repousa sobre uma única ideia, e acompanhamos com absoluto deleite as suas reviravoltas inesperadas e engraçadas. A entrada em cena da mãe de Melodie Celestine, Marietta, é impagável, principalmente graças à sensacional interpretação de Patrícia Clarkson. Depois da mãe, a entrada do pai, John, vivido por Ed Begley Jr., é outro ótimo achado, mas não vou contar nada para não estragar as piadas...Meus filmes favoritos de Woody Allen são “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (Annie Hall), “Hannah e suas irmãs” e “A Rosa Púrpura do Cairo”. É óbvio que gosto de todos os outros. Não dá para esquecer a beleza plástica de “Manhattan”, onde o amor de Allen por Nova York se manifesta completamente, sem que ele nunca abandone sua ironia e suas neuroses, matéria básica de quase todos os seus filmes. Da mesma forma, não dá também para deixar de mencionar os magníficos e mais recentes “Match Point” e “Vicky Cristina Barcelona”, este último tendo sido o que deu o Oscar a Penélope Cruz. Mesmo que em alguns momentos certa parte da crítica tenha torcido o nariz para alguns filmes de Woody Allen, agora voltou a quase unanimidade: “Tudo pode dar Certo” foi muito bem recebido no mundo inteiro, embora sem o sucesso de público que merecia.
Vamos dar um tempo para as comédias românticas açucaradas, tipo “Cartas Para Julieta”, que nem a presença da maravilhosa Vanessa Redgrave salva, só para citar um atual sucesso das locadoras que, é óbvio, não tem nada a ver com Woody Allen. Em “Tudo Pode dar Certo” , o que poderia ser uma chatice se transforma num divertimento de primeira qualidade, com um roteiro que privilegia a originalidade e vai desenvolvendo uma história sempre agradável , onde o inesperado mantém o interesse o tempo todo.
Para quem é fã de Woody Allen, não será nenhuma novidade o prazer de ver este filme. Para quem ainda não curte, é uma ótima chance para ficar gostando do eternamente mal-humorado, neurótico, hipocondríaco e genial diretor americano.
Não se engane, caro leitor: o filme hoje indicado não é nenhuma sessão da tarde, mas pode lhe dar uma tarde de sábado- ou uma noite - extremamente prazerosa. A noite de domingo, deixemos para ver para quem deu tudo certo, Dilma ou Serra. E, a partir daí, que dê tudo certo para o nosso País!
SERVIÇO
Veja “CineArt” do último sábado, 30 de outubro, publicado na Gazeta de Limeira. O texto, de José Farid Zaine, está disponível abaixo:
TUDO PODE DAR CERTO
Por José Farid Zaine
farid@limeira.com.br
twitter: @faridzaine
Bem, com esse título, eu poderia falar sobre as eleições de amanhã... Sim, tudo pode dar certo! O Brasil amadureceu democraticamente e vive o auge desse amadurecimento nas eleições presidenciais. Até a pancadaria de lado a lado é produto da liberdade de expressão. No caso do processo eleitoral, com as urnas eletrônicas funcionando perfeitamente, causamos inveja até aos EUA! E o eleitor, já exausto de ver e ouvir tanta coisa, a essa altura já definiu o seu voto e está prontinho para exercitar sua cidadania! Mas o título da matéria, claro, é o do filme de Woody Allen, originalmente “Whatever works”. Que tal uma sessão doméstica relaxante, com essa comédia que traz a marca inconfundível do genial Allen, neste sábado que antecede tão fortes emoções? Em “Tudo Pode dar Certo” está o melhor de Woody Allen: sua ironia, seu sarcasmo, sua ácida visão do mundo, tudo devidamente colocado em personagens perfeitas, veículos mais do que apropriados para dar vida a diálogos afiados e engraçados. Woody Allen não está no filme como ator, mas está presente nas características da personagem principal, o professor aposentado Boris Yellnikoff, vivido brilhantemente por Larry David, que é rabugento, hipocondríaco, ateu e se acha o maior conhecedor do ser humano, principalmente dos seus defeitos e sua insignificância diante do universo. Atenção para o monólogo que ele faz no começo do filme, que é ótimo! Em seu mundo aparece uma jovem linda e ingênua, com o nome de Melodie St.Ann Celestine, que ouve tudo o que o rabugento despeja em seus ouvidos. A graça vem de como ela absorve e interpreta as considerações do “gênio”. A garota é interpretada por Evan Rachel Wood. Não dá pra resistir ao clichê e não dizer que ela é “uma gracinha”... A princípio poderíamos imaginar que uma história com esse início caminhasse para algo do tipo Pigmalião, que o cinema já repetiu incontáveis vezes e imortalizou no divino “My Fair Lady”, com Audrey Hepburn e Rex Harrison: o velho transformará a moça ingênua e ignorante numa mulher inteligente e preparada, por quem se apaixonará, etc, etc...O que se vê não é exatamente isso, embora o envolvimento amoroso dos dois realmente aconteça. O roteiro não repousa sobre uma única ideia, e acompanhamos com absoluto deleite as suas reviravoltas inesperadas e engraçadas. A entrada em cena da mãe de Melodie Celestine, Marietta, é impagável, principalmente graças à sensacional interpretação de Patrícia Clarkson. Depois da mãe, a entrada do pai, John, vivido por Ed Begley Jr., é outro ótimo achado, mas não vou contar nada para não estragar as piadas...Meus filmes favoritos de Woody Allen são “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (Annie Hall), “Hannah e suas irmãs” e “A Rosa Púrpura do Cairo”. É óbvio que gosto de todos os outros. Não dá para esquecer a beleza plástica de “Manhattan”, onde o amor de Allen por Nova York se manifesta completamente, sem que ele nunca abandone sua ironia e suas neuroses, matéria básica de quase todos os seus filmes. Da mesma forma, não dá também para deixar de mencionar os magníficos e mais recentes “Match Point” e “Vicky Cristina Barcelona”, este último tendo sido o que deu o Oscar a Penélope Cruz. Mesmo que em alguns momentos certa parte da crítica tenha torcido o nariz para alguns filmes de Woody Allen, agora voltou a quase unanimidade: “Tudo pode dar Certo” foi muito bem recebido no mundo inteiro, embora sem o sucesso de público que merecia.
Vamos dar um tempo para as comédias românticas açucaradas, tipo “Cartas Para Julieta”, que nem a presença da maravilhosa Vanessa Redgrave salva, só para citar um atual sucesso das locadoras que, é óbvio, não tem nada a ver com Woody Allen. Em “Tudo Pode dar Certo” , o que poderia ser uma chatice se transforma num divertimento de primeira qualidade, com um roteiro que privilegia a originalidade e vai desenvolvendo uma história sempre agradável , onde o inesperado mantém o interesse o tempo todo.
Para quem é fã de Woody Allen, não será nenhuma novidade o prazer de ver este filme. Para quem ainda não curte, é uma ótima chance para ficar gostando do eternamente mal-humorado, neurótico, hipocondríaco e genial diretor americano.
Não se engane, caro leitor: o filme hoje indicado não é nenhuma sessão da tarde, mas pode lhe dar uma tarde de sábado- ou uma noite - extremamente prazerosa. A noite de domingo, deixemos para ver para quem deu tudo certo, Dilma ou Serra. E, a partir daí, que dê tudo certo para o nosso País!
SERVIÇO
TUDO PODE DAR CERTO (Whatever works), 2009, EUA/França, comédia, direção de Woody Allen, 92 min., Califórnia Filmes, disponível em DVD e Blu-Ray.
Assessoria Parlamentar do Vereador José Farid Zaine (PDT)
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